Perfil da Unidade

Decima Flottiglia MAS


História

A Itália é um dos países pioneiros nas operações especiais com mergulhadores de combate. A Itália operou com unidades de incursores navais nas duas guerras mundiais. Durante estes conflitos, a Itália criou diversas unidades de assalto anfíbio e sabotagem, chamadas Flottiglia Mezzi d’Assalto [Flotilhas de Meios de Assalto (Flottiglia MAS). Essas unidades faziam parte da Regia Marina (Marinha Real italiana).

Fundo histórico
Durante a Primeira Guerra Mundial, em 1 de novembro de 1918, Raffaele Paolucci e Raffaele Rossetti do Regia Marina montaram um torpedo tripulado (apelidado de  Mignatta ou "sanguessuga") no porto  de Pula onde eles afundaram o couraçado de batalha Austro-húngaro SMS Viribus Unitis e a Fragata Wien, usando minas limpet. Eles não tinham equipamentos para respirar debaixo d´água e por isso tinham que manter as cabeças na superfície para respirar. Eles foram descobertos e levados prisioneiros quando tentavam deixar o porto. Na década de 1920, a caça submarina ficou famosa como prática esportiva na costa mediterrânea da França e Itália. Isto criou uma geração de excelentes mergulhadores que usavam apenas máscara e snokel. Na década de 1930 os desportistas de da Itália começaram a usar equipamentos de mergulhos com oxigênio.

Avanços técnicos

Este novo tipo de mergulho chamou à atenção da Regia Marina que criou as primeiras unidades especiais de mergulhadores de combate, ação essa depois copiada pela Marinha Real britânica e pela Marinha dos Estados Unidos. O conceito do torpedo de Paolucci e Rossetti  foi ressuscitado. Após o fim da Primeira Guerra Mundial, os trabalhos na área de torpedos foram paralisados e somente muito tempo depois, outros dois oficias (os majores Teseo Tesei e Elios Toschi dos engenheiros navais de combate) retomaram os estudos de torpedos guiados. Os dois tinham que trabalhar somente após o expediente regular, tornando vagaroso o desenvolvimento. A necessidade de tal arma simplesmente não existia, até a eclosão da Guerra da Etiópia em 1935.

Os modelos construídos após o protótipo original de 1936 eram equipados com um motor elétrico cuja potência aumentou para 16hp. A carga das baterias foi aumentada para um total de 150 amperes. Esforços significativos foram levados a cabo com o fim de melhorar o equipamento de bordo: uma bússola magnética foi escolhida em detrimento de uma giroscópica, devido às dificuldades em miniaturizar um complexo aparelho. A bússola magnética foi melhorada, se tornando menos vulnerável à interferência magnética.

Torpedo SLC (Siluir a Lenta Corsa ou torpedo de baixa velocidade)

O SLC nada mais era que um torpedo de 533 mm equipado com um motor elétrico de 1,1 hp que lhe dava uma velocidade máxima de 4,5 nós, sendo de uns 30 km sua autonomia (a 2 nós, submerso). Era tripulado por dois mergulhadores e levava uma carga explosiva de 220 kg (300 kg, nos modelos finais) na parte anterior, que era destacável para ser presa ao casco do navio-alvo. Tinha um comprimento total de 6,7 metros.  

DADOS TÉCNICOS

Tripulação: 2
Comprimento: 6,7m (7,3m com ogiva)
Largura: 53,3cm
Motor: elétrico de 16hp
Velocidade: 4,5 nós (máxima), 2,3 nós (operacional)
Alcance: 6,4km (em velocidade máxima), 24km (em velocidade operacional)
Armamento: 300kg de alto explosivo

Os italianos melhoraram também os aparatos de respiração usados pelos mergulhadores. Após verificar a ineficácia do sistema utilizado em submarinos, estudos foram iniciados para o desenvolvimento de aparatos específicos capazes de prover longa autonomia e segurança completa.

Para evitar que bolhas subissem à superfície, o que revelaria a presença de um mergulhador, o Capitano Tesei empregou aparatos especiais, construídos sob especificação pela Pirelli, que utilizava um sistema selado. Esses aparelhos de respiração não eram movidos a ar comprimido, mas sim oxigênio puro. O uso de oxigênio eliminava a presença de bolhas já que não produzia gases de exaustão. Durante a respiração, o oxigênio liberado se transformava em monóxido de carbono que era então purificado por um filtro de carbonato de sódio e lima. Um sistema lacrado permite que o aparato funcione até que a lima se sature e não possa mais absorver monóxido de carbono. Esse sistema, que ficou conhecido como ARO (AutoRespiratore ad Ossigeno), eliminava os riscos operacionais do aparato de respiração com ar comprimido, conhecido como ARA (AutoRespiratore ad Aria), e os demorados estágios de descompressão requeridos durante a ascensão.

É fato conhecido que a inalação de oxigênio puro causa stress do sistema nervoso central e pode causar epilepsia, mas não houve ocorrências desse tipo durante o treinamento dos mergulhadores italianos. Pelo contrário, está registrado que diversos mergulhadores experimentaram a “falta de ar” típica de intoxicação por monóxido de carbono. Portanto, acredita-se que o oxigênio utilizado não era 100% puro. A máxima profundidade de operação de um ARO não deveria ultrapassar os quinze metros, mas sabe-se que profundidades de mais de trinta metros foram atingidas.

Origens de Unidade

O Capitan di Fregatta (Comandante) Paolo Aloisi foi o primeiro chefe da 1ª Flottiglia d'Assalto de Mezzi, formada em 1939 como resultado das pesquisas e esforços de desenvolvimento dos majores Teseo Tesei e Elios Toschi dos engenheiros navais de combate.

Em 1941, o Comandante Vittorio Moccagatta reorganizou a 1ª Flottiglia d'Assalto de Mezzi como Decima Flottiglia MAS, e dividiu a unidade em duas partes - um grupo operando lanchas rápidas e outro de mergulhadores de combate operando torpedos tripulados chamados de SLC (Siluir a Lenta Corsa ou torpedo de baixa velocidade), mas apelidados de Maiale ou "porco" pelas tripulações. A força de mergulhadores de combate era completada pelos mergulhadores de combate "Gamma" que usavam minas limpet. O Comandante Moccagatta criou também uma escola para mergulhadores na base de San Leopoldo, onde funcionava a Academia Naval italiana em Livorno.

Registro de Combate
A Decima MAS viu sua primeira ação em no dia 10 de junho de 1940, quando a Itália fascista entrou na Segunda Guerra Mundial. Em mais de três anos de guerra, a unidade destruiu 72.190 toneladas de navios de guerra Aliados e 130.572 toneladas de navios da Marinha Mercante Aliada. Eles atacaram navios de guerra da Royal Navy como os couraçados HMS Valiant e HMS Queen Elizabeth (ambos voltaram a ação), o cruzador pesado HMS York, os destróieres HMS Jervis e HMS Eridge, e 20 navios mercantes inclusive navios de provisão e navios-tanque. Durante o curso da guerra, a Decima MAS foi condecorada com a Medalha de Ouro de Valor Militar e os membros individuais foram condecorados com um total de 29 Medalhas de Ouro de Valor Militar, 104 Medalhas de Prata de Valor Militar e 33 Medalhas de Bronze de Valor Militar.

Crônica das operações

1940

10 de junho de 1940: Mussolini declara guerra à Inglaterra.

22 de agosto de 1940: Enquanto se preparava para um ataque a base naval britânica em Alexandria, Egito, o submarino italiano Iride  (levando quatro Maiale e cinco tripulações de dois homens) e o transporte de apoio Monte Gargano são atacados e afundados no Golfo de Bomba fora de Tobruk, Líbia, por aviões torpedeiros Fairey Swordfish do navio-aeródromo britânico Eagle. Teseo Tesei sobrevivem ao ataque, mas as vítimas entre a tripulação submarina são pesadas.

21 de setembro de 1940: O submarino italiano Gondar submarino partiu de  La Spezia, perto de Genova, contra Alexandria, transportando três Maiale e quatro tripulações de dois homens. Na noite de 30 de setembro, o Gondar alcança Alexandria, mas um destróier britânico capta o submarino e o ataca, causando severos danos ao Gondar, forçando-o a ir para a superfície. A tripulação e os homens da Decima MAS conseguem escapar do submarino, mas todos  (inclusive Elios Toschi) são capturados pelos britânicos.

24 de setembro de 1940: O submarino italiano Sciré, do Comandante Junio Valerio Borghese, parte de La Spezia transportando três Maiale e quatro tripulações de dois homens. O objetivo era um ataque contra a base naval britânica em Gibraltar. Porém, esta operação é cancelada porque a a frota britânica deixa o porto antes do submarino chegar.

21 de outubro de 1940: O Sciré parte de La Spezia e novamente navega para Gibraltar transportando três Maiale e quatro tripulações de dois homens. Melhores da Decima MAS entram no porto, mas não podem atacar qualquer navio devido a problemas técnicos com os torpedos e o equipamento de oxigênio. Dois deles são capturados pelos britânico, mas os outros quatro (inclusive Teseo Tesei) conseguem escapar para a Espanha e voltar à Itália. Se ganha valiosa experiência nesta operação.


1941

25 de março de 1941: Os destróieres italianos Crispi e Sella partem da ilha de Leros no Mar o egeu à noite, cada um levando 3 pequeno botes de assalto motorizados de 2 toneladas, chamados MTM-Motoscafo Turismo Modificato da Decima MAS. Cada MTM (apelidados de barchini ou "barquinho") leva uma carga de 300 kg de pólvora explosiva na proa. Os barcos com um único piloto são lançados a 10 milhas fora de Suda Bay, Creta onde vários navios de guerra da Marinha Real britânica e navios auxiliares estão âncorados. O MTMs são equipados para ultrapassarem  obstáculos como redes de torpedo; o piloto guia a embarcação em um curso de colisão contra o navio designado, e salta do barco antes do impacto e da detonação de ogiva de combate. Uma vez dentro da baía, os seis barcos localizaram os seus objetivos: o cruzador pesado HMS York, um grande navio-tanque (o Pericles norueguês de 8.300 toneladas), outro navio-tanque, e um navio de carga. Dois MTMs bateram no York a meia-nau, inundando das caldeiras à popa. O Pericles é severamente avariado, enquanto o outro navio-tanque e o navio de carga são afundados. Os outros barchini perdem os seus alvos, e um deles fica encalhado na praia. São capturados todos os seis marinheiros italianos. O York duramente avariado é afundado por sua tripulação com carga explosivas antes da captura alemã de Creta, enquanto o Pericles chega a Alexandria em maio de 1941.

Os MTM,  pesavam 2 toneladas, cada um deles levava uma carga de 300kg de explosivo na proa. 

25 de maio de 1941: O Sciré parte de La Spezia levando três tripulações de torpedos. Em Cadiz, Espanha embarca secretamente oito membros da Decima MAS. Em Gibraltar, eles não acham nenhum navio de guerra porque o HMS Renown, Ark Royal e Sheffield receberam ordens de zarparem para o Atlântico para caçar o couraçado de batalha alemão Bismarck. As tripulações dos torpedos mais uma vez experimentam problemas técnicos quando tentavam atacar um cargueiro. O retorno da tripulação para a Itália foi através da Espanha.

26 de julho de 1941: Dois Maiale e dez barcos MAS (incluindo seis barchini) vão atacar o porto de La Valeta, Malta. A força é descoberta no início por uma instalação de radar britânica, mas o britânicos só abrem fogo quando os italianos estão bem perto. Vários membros da Decima são mortos (inclusive o Comandante Moccagatta) e 18 são capturados. Teseo Tesei e Alcide Pedretti são mortos em um torpedo pelo fogo da artilharia do Fort St. Elmo, quando eles tentavam destruir as defesas exteriores do porto. O Tenente Franco Costa e o Sgt. Luigi Barla no outro torpedo não conseguem lançar seu torpedo que é perdido e nadam até a praia na Baía de St.George duas milhas NW de Valletta; o seu Maiale é recuperado pelos britânicos. Todos os 6 MTMs, os SLCs e dois barcos da MAS são perdidos. Esta catástrofe obriga a unidade a fazer uma grande reavaliação de suas operações, o Comadante Borghese (agora o líder dos grupos de armas de sub-superfície) é nomeado como o chefe interino da Decima MAS.

10 de setembro de 1941: O Sciré parte de La Spezia levando três tripulações de torpedo. Em Cadiz, Espanha, embarca secretamente oito homens da Decima. Em Gibraltar, os italianos atacam com seus torpedos tripulados três navios: os navios-tanque Denbydale e Fiona Shell e o cargueiro Durham. Todos o seis italianos que participaram do ataque nadam seguramente à Espanha e retornam para a Itália onde eles são condecorados, como também é a tripulação do Sciré. Borghese é promovido ao posto de Capitão e é confirmado como o comandante da unidade.

Homens da Decima MAS com seu torpedo ultrapassam uma rede anti-torpedo em um porto Aliado

3 de dezembro de 1941: O Sciré parte de La Spezia levando três tripulações de torpedo. Na ilha de Leros no Mar Egeu, seis homens da Decima MAS vêm a bordo, inclusive o Tenente Luigi Durand de la Penne. Em 19 de dezembro o Sciré lança os torpedos tripulados a 10 milhas do porto Alexandria, eles conseguem passar pelas defesas do porto porque essas foram abertas para deixar passar três seus destróieres. Depois de muitas dificuldades, o Tenente Luigi Durand de la Penne e Emilio Bianchi prendem uma mina limpet debaixo do HMS Valiant mas ao irem para a superfície são capturados. Interrogados, eles se recusam falar, mesmo estando a bordo do Valiant. Quinze minutos antes da explosão, de la Penne pede para falar com o capitão do Valiant, e informa da explosão iminente, mas recusa a dar outra informação. Ele é devolvido ao compartimento, mas ele e Bianchi não são feridos pela detonação da mina. Os outros quatro italianos também são capturados, mas as minas deles afundam o Valiant, o couraçado de batalha HMS Queen Elizabeth, o navio-tanque Sagona, e o destróier HMS Jarvis. Embora os dois couraçados de batalha afundasse só alguns pés de água e são subseqüentemente "elevados", eles ficam fora de ação por mais de um ano. O comentário do Almirante  Andrew Cunningham, comandante da Royal Navy no Mediterrâneo, reflete bem o estado de espírito dos marinheiros britânicos com esses ataques: “Os homens têm calafrios, vêem objetos nadando à noite e escutam movimentos nos cascos dos navios. Isso deve parar!”

Com esse ataque os italianos afundaram os dois últimos encouraçados britânicos no Mediterrâneo e fizeram a balança pesar para o lado do Eixo uma vez mais. Isso forçou a Royal Navy a ficar parada nos portos, deixando Malta sozinha por um longo tempo. Foi nesse tempo que Rommel recebeu reforços e pode romper a linha de Gazala no verão de 1942. Tudo isso desencadeado pela ação dos torpedos tripulados: não era possível vê-los chegar e geralmente só detectavam sua presença quando já era tarde demais.

1942

29 de abril de 1942: O submarino italiano Ambra parte de La Spezia  levando três tripulações de torpedo. Em Leros embarca secretamente seis homens da Decima MAS. No dia 14 de maio o Ambra alcança Alexandria para afundar uma doca flutuante britânica, mas o Ambra foi detectado e não pôde afundar nada. Todos os seis homens do Decima MAS foram capturados.

O velho cargueiro Olterra foi usado como uma base secreta dos mergulhadores italianos.

1942 de julho: O Tenente Licio Visintini adaptou o velho cargueiro Olterra para esconder uma base secreta dos mergulhadores italianos. O Olterra estava encalhado em Algeciras perto de Gibraltar. Todos os equipamentos tinham que ser trazidos secretamente da Espanha, o que limitava em muito as operações.

13 de julho de 1942: Doze mergulhadores italianos nadaram do Olterra até o porto de Gibraltar e fixaram explosivos em vários navios, saindo logo após em segurança. Eles afundaram quatro navios.

29 de agosto de 1942: Ao largo de El Daba, Egito. O destróier da classe Hunt HMS Eridge foi torpedeado a curta distância por um MTSM, um torpedo de transporte, versão do MTM. A tripulação de seis homens foi perdida. O Eridge foi rebocado para Alexandria, mas em seguida foi declarado uma "perda" total, e desmanchado em 1946.

4 de dezembro de 1942: O Ambra deixou La Spezia para atacar Argel, levando mergulhadores e dois torpedos tripulados. Dez mergulhadores levaram minas limpet e nadaram com os torpedos tripulados, mas por causa da distância eles não chegaram ao porto, mas atacaram navios fora dele, afundando dois e danificando outros dois.

17 de dezembro de 1942: Seis italianos em três torpedos tripulados deixaram o Olterra para atacar as três navios de guerra britânicos o HMS Nelson, HMS Formidable, e HMS Furious em Gibraltar. Um barco patrulha britânico matou a tripulação de um torpedo tripulado (Ten. Visintini e o Suboficial Magro) com uma carga de profundidade. Os seus corpos foram recuperados e os seus trajes usados por dois guardas mergulhadores britânicos em Gibaltrar (Sydney Knowles e o Comandante Lionel Crabb). Outro barco britânico patrulha avistou outro torpedo, o perseguiu e atirou contra ele, capturando-o logo após, bem como seus tripulantes. O torpedo restante voltou para o Olterra sem seu mergulhador traseiro.

1943

8 de maio de 1943: Três torpedos tripulados deixam o Olterra para atacar Gibraltar em tempo ruim e afundam três navios britânicos. Tudo voltaram em segurança ao Olterra.

25 de julho de 1943: O Ditador italiano Benito Mussolini foi substituído pelo Marechal de Campo Pietro Badoglio como líder do governo italiano.

Julho de 1943: A Decima MAS com um único mergulhador danificou/afundou o navio Kaituna (10.000 toneladas) em Mersin na Turquia.

3 de agosto de 1943: Durante a noite, três torpedos tripulados deixam o Olterra para atacar Gibraltar e afundam três navios, voltando logo após o ataque ao Olterra, mas um dos homens foi capturado.

Mergulhadores italianos operando os seus torpedos tripulados dentro do velho cargueiro Olterra.

Agosto de 1943: A Decima MAS com um único mergulhador danificou/afundou o navio norueguês Fernplant (7.000 toneladas) em Iskenderun na Turquia.

8 de setembro de 1943: O novo governo italiano sob a direção de Badoglio assina um armistício com os Aliados e muda de lado. O Olterra foi rebocado para Gibraltar, e os britânico descobrem para que ele era usada.

Setembro de 1943: Durante o cerco de Leningrado, mergulhadores de combate russos entram em uma base naval alemã em Strelna perto de Leningrado e destroem barcos de combate da Decima MAS.

2 de outubro de 1943: Um ataque contra Gibraltar utilizando novos e maiores SLC é cancelado devido à rendição italiana.

Outubro ou novembro, 1943: Mergulhadores de combate britânicos vão para Brindisi, Itália, para se unirem com mergulhadores italianos que estavam na área controlada pelos Aliados e a mergulhadores italianos que eram prisioneiros na Inglaterra, para formarem uma única unidade de organização de combate. As unidades anfíbias italianas ao sul do país foram consolidadas sob a denominação de MARIASSALTO e combateram junto com os Aliados.

1944

1944 de novembro: Em Livorno (que os Aliados há pouco tinham tomado), um mergulhador italiano (Vago) que tinha voltado para casa quando a Itália se rendeu, foi para o lado dos Aliados e os ajudou no trabalho de remoção de minas. Quatro mergulhadores (Malacarne, Sorgetti, Bertoncin, Pavone), que haviam permanecido sob comando alemão, foram entregues por embarcações rápidas e nadaram para o porto de Livorno, para montarem uma base secreta de operações, mas foram capturados.

Ideologia

A Decima MAS tinha forte influência nazista e muitos de seus membros eram abertamente anti-semitas. O corpo tinha sua própria revista semanal, L'orizzonte, em que autores como Giovanni Preziosi escreviam artigos veementemente anti-semitas sobre conspirações judaicas. As razões de não aceitaram o Armistício com os Aliados era que o consideravam uma traição a sua pátria, pois defendiam a integridade territorial da Itália contra os Aliados. O patriotismo era forte em seus fileiras. Mas ironicamente o terceiro Reich foi praticamente anexou o nordeste italiano e o integrou diretamente ao Reich.

A serviço da República Social italiana recentemente formada por Mussolini (Repubblica Sociale Italiana ou RSI)
Alguns homens da Decima MAS que estavam na parte da Itália ocupada pela Alemanha permaneceram com as força do Eixo sob as ordens do Capitão Borghese. A reputação da Decima MAS e do Capitão Borghese permitiu a negociação de um acordo com as forças alemãs que deram a X MAS autonomia significativa, lhes permitindo lutar debaixo de uma bandeira italiana (sob as ordens dos alemães), e não serem empregados contra antigos colegas de farda italianos. Borghese foi reconhecido como o líder de corpo. Os italianos sob o comando de Borghese continuaram a utilizar o nome de 10ª Flotilha MAS. Mas esta unidade operou principalmente em terra como uma força anti-partisans.

Junio Valerio Borghese usando uniforme da RSI

Os alemães utilizaram a Decima principalmente em ações contra guerrilheiros em terra, em vez de contra os Aliados no mar. A X ª MAS se tornou famosa na guerra numerosos crimes, tanto contra partisans, como contra civis. Eles são geralmente considerados como tendo sido semelhante em ferocidade com as SS, e é com essa parte de sua história que a maioria dos italianos associar a X ª MAS hoje. Seus crimes de guerra geralmente foram executados em pequenas aldeias, onde os partisans eram mais fortes.

Alguns exemplos:

Forno: 68 pessoas, na sua maioria civis e alguns partisans, foram mortos por uma força combinada de  alemães e homens da X ª MAS.

Guadine: Violência aleatória para aterrorizar a população que acreditava-se apoiar os rebeldes, quase completa destruição da aldeia por fogo.

Borgo Ticino: Juntamente com as SS, assassinaram 12 civis, pilhagem e destruição da aldeia pelo fogo, com o motivos de que três soldados alemães haviam sido feridos por partisans.

Castelletto Ticino: A fim de dar "uma demonstração de firmeza" contra o "crime", um membro da X ª MAS matou a tiros cinco pequenos criminosos publicamente, tendo tido o cuidado de reunir uma grande multidão, a fim de aterrorizar-los.

Crocetta del Montello: Episódios de torturas com chicotes e gasolina e execuções sumárias de partisans.

As unidades da X ª MAS também ganharam uma boa reputação em combater na linha da frente contra os Aliados em Anzio e sobre a Linha Gótica. Nos últimos meses da guerra as unidades da  X ª MAS  foram expedidas para a fronteira oriental italiana contra os partisans de Tito. Em 26 de abril de 1945 no que é hoje a Piazza della Repubblica, em Milão, Borghese finalmente ordenou a Xª MAS desmobilizar. Ele logo foi detido por partisans, mas resgatado pelo agente da OSS, James Angleton, que vestido-o em um uniforme americano, o levou para Roma para interrogatório pelos Aliados. Porém muitos dos soldados de Borghese caíram nas mmãos dos partisans. Borghese foi julgado e condenado por crimes de guerra, condenado a 12 anos de prisão, mas libertado da prisão italiana pelo Supremo Tribunal em 1949. Os americanos estavam interessados em se infiltrar sutilmente nos grupo comunistas italianos, algo que Borghese tinha feito, e foi solicitada a sua ajuda para criar unidades de contra-inteligência os americanos.

Sumário de navios Aliados danificados ou afundados pela Decima MAS:

Data Local Navio(s)
Março 1941 Suda Bay
  • Cruzador York
  • Navio-tanque Pericles
  • Cargueiro  (nome perdido)
  • Cargueiro (nome perdido)
Setembro 1941 Gilbraltar
  • Navio-tanque Denby Dale
  • Navio-tanque Fiona Shell
  • Cargueiro Durham
Dezembro 1941 Alexandria
  • Encouraçado Queen Elizabeth
  • Encouraçado Valiant
  • Navio-tanque Sagona
  • Destróier Jervis
Junho 1942 Sebastopol
  • Transporte Militar (Russia)
  • Pequena embarcação (Russia)
  • Dois submarinos russos
Julho 1942 Gilbraltar
  • Cargueiro Meta
  • Cargueiro Empire Snipe
  • Cargueiro Shuma
  • Cargueiro Baron Dougla
Agosto 1942 El Daba
  • Destróier Eridge
Setembro 1942 Gilbraltar
  • Cargueiro Raven's Point
Dezembro 1942 Argel
  • Cargueiro Ocean Vanquisher
  • Cargueiro Berta
  • Steamship Armattan
  • Navio-tanque Empire Centaur
  • Transporte Militar N.59 (EUA)
maio 1943 Gilbraltar
  • Cargueiro Pat Harrison (EUA)
  • Cargueiro Mahsud
  • Cargueiro Camerata
Julho 1943 Alexandretta
  • Cargueiro Orion (Greek)
Julho 1943 Mersina
  • Cargueiro Kaituna
Agosto 1943 Alexandretta
  • Cargueiro Fernplant (Noruega)
Agosto 1943 Gilbraltar
  • Cargueiro Harrison Gray Otis (EUA)
  • Cargueiro Stanridge
  • Navio-tanque Thorshovdi (Noruega)


Alemães e ingleses tentaram produzir artefatos similares ao SLC italiano, o “Neger” e “Chariot” respectivamente. Mas nunca igualaram seu sucesso. A Decima MAS é hoje considerada a “mãe” de todas as unidades especiais de ataque das Marinhas pelo mundo. Em matéria de números, os afundamentos causados pelos SLCs podem não parecer grande coisa, se comparados aos de outras armas do período. Mas com certeza sua eficiência foi atestada pelo impacto moral imposto ao inimigo, e pelo menos uma vez sua ação mudou o curso da guerra como em dezembro de 1941 no Mediterrâneo.

Pós-guerra

Após o término da guerra, as unidades anfíbias italianas foram reunificadas e denominadas MARICENTROSUB. De acordo com as restrições impostas com o tratado de rendição, a unidade foi proibida de realizar treinamento ofensivo e de operar equipamentos de ataque, como os botes explosivos e os torpedos humanos. Contudo, os italianos mantiveram sua capacidade de realizar operações especiais anfíbias, realizando treinamentos clandestinos em Veneza e utilizando secretamente equipamento antigo após ser reparado. Com o ingresso da Itália na OTAN, a restrição de emprego de unidade especial foi abolida. Desta forma, a marinha italiana organizou uma nova unidade denominada Grupo de Incursores Arditi (Gruppo Arditi Incursori - GRUPPARDIN), com sede na base naval de La Spezia. A denominação da unidade foi alterada diversas vezes, até 1961, quando foi finalmente renomeada como COMSUBIN. Além disso, recebeu a denominação histórica de Teseo Tesei, em homenagem a um herói de guerra da 2ª Guerra Mundial.

Fonte: http://saladeguerra.blogspot.com/2007/05/slc-maiale_11.html


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Assunto: Decima MAS