OPERAÇÃO MARKET-GARDEN
Pára-quedistas americanos saltam sobre a Holanda no 17 de setembro de 1944 Uma grande e arriscada operação Em 1944 a grande pressão então exercida pelos aliados em ambos os frontes Leste e Oeste e a aparente exaustão das forças oponentes, recomendavam um golpe final; Os americanos e ingleses pensaram em desenvolver um plano que levasse ao rápido aniquilamento dos exércitos Alemães e que acelerasse o fim das hostilidades. Em julho de 1944, o General Dwight Eisenhower , Supremo Comandante das forças aliadas na Europa, solicitou aos seus estrategistas a elaboração de um plano que viabilizasse a execução de um ataque aerotransportado que levasse ao encurtamento da Guerra. 18 planos foram apresentados. Em 10 de setembro, o Marechal Bernard L. Montgomery apresentou um novo plano que, após analisado, foi imediatamente aceito pelo Supremo Comandante. O objetivo estratégico da operação Market-Garden, era a ocupação da região industrial do Ruhr. MARKET Essencialmente
o plano para a parte aeroterrestre (Market) ,
era composto pela intervenção de três divisões aerotransportadas.
Elas seriam lançadas nos arredores de Grave, na Holanda, sobre a margem
do rio Maas, a 5o km da fronteira da Bélgica e somente a 25
da Alemanha; Nijmegen, também em território holandês, 10 km mais ao
norte de Grave, a menos de 5 km da fronteira alemã e sobre o rio Waal
(nome holandês do Reno) e Arnhem, também na Holanda, a 10 km mais ao
norte de Nijmegen e a uns 10 km da fronteira alemã. Arnhem situava-se
sobre as margens do rio Neder, afluente do Waal e, conseqüentemente, do
Reno. O objetivo, em todos os casos, era constituído pelas pontes
existentes nos citados rios, que formavam um grande obstáculo para que
as tropas aliadas atingissem o território propriamente dito da
Alemanha. A
Operação Market objetivava lançar as tropas aliadas através do Reno,
sobre o Ruhr, contornando a muralha defensiva alemã (Westwall). Os
informes dos serviços de inteligência dos Aliados, referentes às forças
alemães no oeste, calculavam os efetivos numas quarenta e oito divisões,
com uma potência real equivalente a vinte divisões sendo quatro
blindadas. Quatro dias antes do ataque, o 1o Corpo Britânico
Aerotransportado calculou os efetivos alemães em território holandês
em algumas unidades de infantaria e um total de tanques que oscilava
entre cinqüenta e cem. A
10 de setembro, dia em que o General Eisenhower aprovou o plano e deu o
ordem para pôr em execução a Operação Market, informes chegados aos
serviços de inteligência davam conta que duas divisões blindadas alemães
dirigiam-se para a Holanda, mencionando-se Eindhoven e Nijmegen como
seus destinos finais. Pouco depois se soube que as mencionadas divisões
eram a 9a Panzer SS e a 10a Panzer SS,
provavelmente reequipados com novos carros. Planos
e preparativos No setor aliado, o planejamento das ações e o comando posterior dos efetivos em luta tinha ficado subordinado ao Primeiro Exército Aliado Aerotransportado. À frente do comando estava o Tenente-General Lewis Brereton, que tinha granjeado prestígio como comandante no Pacífico. Posteriormente, enviado a Inglaterra como comandante da
9ª Força Aérea, foi designado comandante do Primeiro Exército Aliado Aerotransportado, na data de 8 de agosto de
1944. Sob as ordens de Brereton estavam os seguintes efetivos: as veteranas divisões aerotransportadas americanas
82ª e 101ª e também a 17ª. Os efetivos ingleses sob o seu comando eram os seguintes: as
1ª e 6ª Divisões Aerotransportadas. Além disso, também comandava as unidades polonesas, que integravam a
1ª Brigada Polonesa Pára-quedista Independente. Dispostos os efetivos que interviriam na operação, apresentou-se ao comando de Brereton o primeiro grave problema. Com efeito, se devia decidir se o lançamento se efetuaria de dia ou de noite. O vôo e lançamento diurno exporia as unidades atacantes a um intenso fogo antiaéreo do inimigo, o que poderia causar graves perdas se fosse considerada a lentidão dos aviões que seriam empregados. Os C-47 destinados à operação eram bastante lentos, o que faria com que os mesmos e os
Os
objetivos
Os planos traçados determinaram os diferentes objetivos que as forças a serem lançadas deveriam ocupar. Conseqüentemente, os diferentes comandos de divisão foram informados que seus objetivos eram precisamente os seguintes: a 101ª Divisão Aerotransportada, americana, teria por meta a cidade de Eindhoven e as pontes que cruzavam os povoados de Zon, 6 km mais ao norte, St. Oendenrode, 5 km ao norte de Zon, e Veghel, 6 km a nordeste de St. Oendenrode; os efetivos da 82a Divisão Aerotransportada, também americana, seriam lançados mais próximos de Arnhem, em Grave, a 10 km ao sul de Nijmegen, com o objetivo de capturar as pontes no Maas em Grave, as do Waal em Nijmegen e as do canal Maas-Waal, entre as duas localidades; a 1ª Divisão Aerotransportada britânica seria lançada mais ao norte ainda, nas proximidades de Arnhem, com a missão de tomar as pontes sobre o rio Neder; a 1ª Brigada Polonesa Pára-quedista Independente seria lançada à luta no dia D + 2, nas proximidades de Arnhem, do lado sul do Neder. A Operação Market, em resumo, serio a operação aerotransportada de maior envergadura que se realizaria até o fim da guerra. Realmente, superaria inclusive o Varsity (efetuada pelo Primeiro Exército Aliado Aerotransportado, ao norte e nordeste de Wesel, a 23 de março de 1945); na Market operariam 16.500 pára-quedistas (dia D), contra 14.300 da Varsity e 20.000 soldados
aerotransportados, contra 17.000.
Os
meios
Os planos traçados previam lançamentos nos dias D, D + 1 e D + 2. As viagens previstas para o dia D eram consideradas suficientes para transportar o
Q-G avançado dos efetivos britânicos, três regimentos de pára-quedistas das
82ª e 101ª Divisões americanas e efetivos da 1ª Divisão: duas brigadas e um regimento de artilharia. No decorrer do segundo dia, D +
1, os efetivos restantes da divisão britânica seriam lançados, bem como elementos da
82ª e 101ª. Durante o dia D + 2 os poloneses e os remanescentes das 82ª e 101ª tocariam terra. No decorrer do dia seguinte previra-se lançar os efetivos que, por diversos motivos, não tivessem sido lançados nos dias anteriores, se os houvesse. Seria um eventual dia D + 3. Para o
Dia D, a
101ª Divisão contava com 424 aviões de transporte de tropa e 70 planadores. A
82ª, por sua vez, empregaria 480 aviões e 50 planadores. A
1ª Divisão contava com 145 aviões americanos, 354 ingleses, 4 planadores americanos e 358 britânicos. GARDEN A missão fundamental dessas tropas aerotransportadas seria a tomada de determinadas pontes sobre o cursos de água acima citados, cuja posse deveria ser sustentada até a chegada das forças blindadas de terra (Fase Garden) constituídas pelo XXX Corpo do exército britânico sob o comando do Tenente-General Horrocks pertencente ao Segundo Exército Britânico sob o comando do Tenente General Sir Miles Dempsey. O XXX Corpo, composto pela Real Brigada Holandesa "Princesa Irene", a Divisão Blindada de Guardas, a 43ª Divisão Wessex e pela 50ª Divisão Northumbriana faria a junção com os pára-quedistas, consolidando a profunda brecha aberta nas linhas inimigas. Posteriormente, o avanço seria prolongado até o Zuider Zee.
Tanques Cromwell Mk IV durante um ataque
A
grande decisão Contando com os elementos materiais e com os homens prontos para a operação, o General Brereton enfrentou o problema de decidir a data do dia D. Finalmente, às 19 horas do dia 16 de setembro, Brereton decidiu: o dia D seria o 17; a hora H seria as 13. A campanha começaria na noite anterior, isto é, na noite de 16 de setembro, quando o Comando de Bombardeiros da RAF lançou seus aviões com o fim de eliminar o mais possível a oposição antiaérea alemã. A 16, durante a noite, em cumprimento às ordens determinadas, uma força de 200 Lancaster e 23 Mosquitos jogaram aproximadamente 890 toneladas de bombas sobre os aeroportos alemães. Outra força, composta por 59 aviões, atacou paralelamente as fortificações da artilharia antiaérea. Em ambos os casos, os pilotos deram informações positivas. Foram particularmente alentadores os informes dados pelos pilotos que atacaram aeroportos onde estavam estacionados os novos caças Messerschmitt 262. Os ataques foram renovados no dia 17, às primeiras horas da manhã. Nessa oportunidade, 100 bombardeiros britânicos, escoltados por caças Spitfire, lançaram-se ao assalto das defesas costeiras e das fortificações situadas ao longo da rota do norte. Pouco antes da operação propriamente dita começar, 816 Fortalezas Voadoras da 7a Força Aérea, escoltada por P-51, lançaram 3.139 toneladas de bombas sobre 117 fortificações de artilharia antiaérea, ao longo das rotas do norte e do sul, que seriam percorridas pelos transportes aéreos de tropas. Incluindo os aparelhos de escolta, 435 aviões britânicos e 983 americanos participaram das operações preliminares de bombardeio. No curso das ações perderam-se, no total, dois B-17, dois Lancaster e outros três aviões britânicos de escolta. Para desempenhar o papel de proteção das forças atacantes, os Aliados destacaram 1.131 caças britânicos e americanos. Ao longo da rota norte, o comando inglês colocou 371 Tempest, Spitfire e Mosquito. Paralelamente, a rota do sul foi coberta por 548 P-47, P-38 e P-51 da 7a Força Aérea. Ao se aproximar a hora determinada para a partida, uma força composta por 1.545 aviões de transporte e 478 planadores decolou de vinte e quatro aeroportos situados nas vizinhanças de Swinden, Newbury e Grantham. A massa aérea compreendia 1.175 aviões americanos e 370 ingleses; os planadores eram 124 americanos e 354 britânicos. Os aparelhos convergiram sobre determinados pontos da costa britânica e, dali, dirigiram-se para os seus respectivos corredores de entrada no continente europeu. Ao longo da rota do norte voaram os aviões e planadores das 1ª e 82ª Divisões; a rota do sul, paralelamente, era utilizada pelos aparelhos semelhantes da 101ª. Alguns aviões foram obrigados a regressar às suas bases por defeitos mecânicos. Outros, em reduzido número, caíram no mar. Os serviços de salvamento intervieram imediatamente, salvando as tripulações. O vôo total, entre as bases britânicas e o objetivo, estava calculado em, aproximadamente, duas horas e meia. O vôo sobre o território inimigo seria entre trinta e quarenta minutos do tempo total. Quando os primeiros aparelhos atingiram a costa inimiga, os canhões antiaéreos abriram fogo. Os danos, entretanto, ficaram reduzidos a pequenas avarias em alguns aparelhos. Muitas das defesas antiaéreas inimigas ficaram silenciosas. De fato, suas posições foram danificadas ou destruídas totalmente pelos bombardeios prévios. A reação da Luftwaffe foi particularmente débil, em certos lugares nem foi percebida. Nessa primeira fase das ações, os pilotos unanimemente informaram que da ordem de trinta aparelhos alemães estavam em atividade, sendo que quinze deles eram Focke-Wulf 190. Os pilotos aliados executaram outras missões no decorrer do dia D. Mais precisamente, 84 aviões britânicos da 2ª Força Aérea. Pouco antes da hora H, 84 aviões britânicos atacaram as instalações militares alemães em Nijmegen, Arhem e em mais dois povoados menores nas proximidades. Com referência às perdas ocasionadas pelo fogo inimigo e as esporádicas intervenções da Luftwaffe, os comandos aliados haviam calculado em 30% dos aviões e planadores diretamente empenhados nas ações. A realidade, entretanto, mostrou que os cálculos foram exagerados e pessimistas. De fato, as perdas da frota aérea ficaram reduzidas a 2,8%, e, por isso mesmo, imprevisível. Nenhum dos aviões das formações britânicas de transporte foi atingido e somente 35 transportes americanos, juntamente com 13 planadores, ficaram danificados. No que diz respeito aos aviões de escolta, os britânicos perderam dois. E os americanos, dezoito. No total, os perdas de transportes, planadores e aviões de combate somaram 68 unidades. Os lançamentos foram qualificados como perfeitos. A 82a Divisão considerou as operações do dia como os melhores da sua história. O informe da 101ª considerou a operação como "um desfile aéreo", sobre qualquer ponto de vista, o melhor de todos até então efetivados. No total, a operação de lançamento, consumiu uma hora e meia, aproximadamente. Em conseqüência, uns 20.000 americanos e ingleses tinham sido lançados com seus armamentos e apetrechos por trás das linhas inimigas. Participação detalhada na Market-Garden
(clique nas unidades para mais informações) Devido à prioridade dada à "Operação Market Garden", o problema da abertura do porto de Antuérpia foi inteiramente esquecido. Depois da guerra, Montgomery escreveu que o 1° Exército canadense recebera ordens para dedicar-se com "toda a energia" à limpeza de ambas as margens do Escalda, coisa que a unidade contava poder realizar se a "Market Garden" atraísse parte das forças alemãs que a confrontavam. Quando se iniciou Tropas aeroterrestres lutando na última trincheira em Arnhem o esforço no sentido de abrir o estuário aos navios aliados, os alemães já se haviam estabelecido de tal maneira na área, que só com muita luta, e luta violenta, poderiam ser dali desalojados. Em suas memórias, Montgomery declara-se defensor "impenitente" do seu plano e enumera as seguintes causas para o fracasso da operação.
Após a retirada de Arnhem, já era possível fazer um balanço da "Market-Garden". No sentido de que ela esteve aquém dos seus objetivos, particularmente do principal, foi um fracasso, mas um fracasso que teve importantes compensações: a linha defensiva dos alemães na Holanda, que vinha sendo aumentada ao longo dos canais existentes no sul, fora completamente destruída; suas forças tinham sido divididas em duas pelo corredor que os Aliados abriram do canal Alberto ao Waal, e, embora contra-atacas-sem-no furiosamente e chegassem mesmo a cortá-lo, por breves momentos, em três ocasiões, quando os sobreviventes da 1ª Divisão Aeroterrestre foram retirados de Arnhem. o resto das duas divisões aeroterrestres americanas foi levado para lá de avião e o corredor foi tornado inexpugnável _ pelo menos para quaisquer forças que os alemães pudessem encontrar para essa extremidade da sua longa linha. Tomando as pontes de Nijmegen, estendendo vigorosamente a cabeça-de-ponte e avançando, para leste, até quase a fronteira alemã, estabelecera-se a base para um ataque ao Reno, contornando a "Linha Siegfried"; a cabeça-de-ponte além do Maas permitiria finalmente montar um ataque para desimpedir a margem oeste do Reno, defronte ao Ruhr; alguns aeródromos, muito valiosos, existentes na Holanda haviam sido tomados. Finalmente, o fato de os Aliados terem alcançado as suas fronteiras, desde a floresta do Reichswaid até Metz, impossibilitava aos alemães, com desesperada escassez de homens e material bélico, devido às demandas da Frente Oriental, de saber onde se daria o ataque principal dos Aliados ocidentais. Todo um novo setor agora representava uma ameaça. No lado do débito, as grandes esperanças que giravam em torno desse empreendimento arrojado não se haviam concretizado. No âmbito da grande estratégia, o exército alemão não entrara em colapso e a "Linha Siegfried" continuava sendo uma grande barreira. Tampouco foram alcançados os objetivos estratégicos principais, pois a cabeça-de-ponte em Arnhem, que teria permitido um avanço até o Zuider Zee e o isolamento do 15° Exército alemão na Holanda Ocidental, não fora estabelecida; a "Linha Siegfried" não fora flanqueada; o 21° Grupo de Exércitos não conseguira tomar posição para contornar o flanco norte do Ruhr. E o custo fora alto _ mais de 17.000 baixas incluindo 596 pilotos de aviões e 860 pilotos de planadores, 144 aviões de transporte e 88 tanques. Finalmente, a prioridade concedida à "Market-Garden" fez que Antuérpia permanecesse fechada e se permitira aos mães a chance de se entrincheirarem de ambos os lados do Escalda, de onde só com grandes forças e muita luta seriam desalojados. Os alemães haviam sido alertados para a fraqueza da extremidade norte da "Muralha Ocidental" e puseram-se imediatamente a melhorar as fortificações ali e mediante inundações controladas, criaram uma barreira mais ao norte. Talvez por se conhecer o que já se passou pode-se dizer que teria sido melhor fazer outra coisa em setembro de 1944, mas a "Market-Garden" poderia muito bem ter dado certo e, se isso acontecesse, teria passado à História como um golpe de mestre. Sempre vale a pena correr tais riscos. O desfecho da batalha foi frustrante para os Aliados e deu novo alento aos Alemães para continuar uma luta desigual. O exército Alemão estava exaurido, mas ainda era uma importante força combativa. Alguns meses depois lançaria uma última ofensiva, conhecida como a Batalha das Ardenas, tentando retomar a iniciativa que, de há muito, passara às forças aliadas. Espasmos desesperados e inúteis. Todas as forças alemães no noroeste da Alemanha, Holanda e Dinamarca, renderam-se ao mesmo Marechal Montgomery, em 4 de maio de 1945, 8 meses depois da Operação Market-Garden. Baixas durante a Operação Market-Garden:
1º Exército Aerotransportado Aliado
OPERAÇÃO MARKET-GARDEN Ordem de batalha: Aliados
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