OPERAÇÃO KADESH - SINAI - 1956


No dia 21 de outubro de 1956, David Ben-Gurion, primeiro-ministro de Israel, voou para Sèvres, na França, acompanhado por Shimon Peres, diretor geral do Ministério da Defesa israelense, e pelo general Moshe Dayan, chefe do Estado-Maior. Seu objetivo era conferenciar com o primeiro-ministro francês Guy Mollet, e com o ministro das Relações Exteriores britânico, Selwin Lloyd, sobre a melhor forma de os três países coordenarem o planejado ataque ao Egito. Gamal Abdel Nasser, presidente desse país árabe, nacionalizara o canal de Suez e proibira a passagem de navios israelenses.

O plano deveria desenvolver-se em duas etapas:Inicialmente, Israel invadiria a península do Sinai, avançando em direção ao canal de Suez; em seguida, a Grã-Bretanha e a França interviriam, através da
Operação Muskeeter com o objetivo alegado de pôr fim ao conflito, numa ocupação defensiva da zona do canal. O avanço de Israel seria justificado como nada mais que perseguição aos fedayin (guerrilheiros palestinos), refugiados no Egito. A operação se ampliaria depois que os egípcios reagissem à incursão em seu território. Porém, Ben-Gurion insistiu no direito de retirar suas tropas caso a Grã-Bretanha e a França não cumprissem sua parte no acordo.

Para Israel, constantemente ameaçado de destruição pelos Estados árabes vizinhos, que o consideravam um invasor, o medo era o motivo maior. O Egito já estabelecera um comando militar conjunto com a Síria e a Jordânia e recebera, através da Tchecoslováquia, maciça quantidade de equipamento militar soviético, no ano anterior. O presidente Nasser também apoiava os ataques dos fedayin a colônias israelenses: 260 colonos haviam sido mortos ou feridos em 1955 e os ata1es tomavam-se cada vez mais constantes. No pIano econômico, Nasser não só proibiu a passagem de navios israelenses pelo canal de Suez como bloqueou o estreito de Tiran, único acesso ao golfo de Acaba, e o porto israelense de Eilat. Na verdade, foi essa última medida que apressou Ben-Gurion a ordenar a seu Estado-Maior a preparação de uma ofensiva de impacto sobre o Sinai.

A península do Sinai tem forma triangular e separa-se do Egito exatamente pelo canal de Suez. Ao norte, estende-se por 210 km, e mede 385 km do Mediterrâneo a Sharm el Sheikh, ao sul. A partir da costa nordeste, o terreno eleva-se por um platô de rocha, cascalho e areia até o monte Sinai, de 2.640 m de altura, descendo depois abruptamente em direção ao mar Vermelho. A região é quente e recebe menos de 250 mm de chuva por ano.

Balanço das forças

Em outubro de 1956 o papel das tropas egípcias no Sinai era defensivo, apesar das ameaças de Nasser. A 8ª' Divisão de Infantaria, formada por palestinos, concentrava-se na área de Gaza-Rafia e a 3ª Divisão, na área de EI Arish e Abu Aweigila. Ambas contavam com apoio de batalhões de carros de combate pesados e leves. Mais a oeste estava a 1ª' Brigada Blindada, com sede em Bir Gifgafa e equipada com carros de combate pesados T34/85 e carros de combate leves SU-100. Uma brigada independente de infantaria encontrava-se a oeste do desfiladeiro de Mitla, protegendo a cidade de Suez. Unidades motorizadas leves guarneciam a fronteira com Israel.

Às vésperas do confronto, o Exército egípcio dispunha de quarenta carros de combate Centurion, 150 Sherman, quarenta AMX13, 150 T34/85, cinqüenta IS 111, duzentos Archer e cem carros de combate leves SU-100, além de duzentos veículos blindados de transporte de tropas (VBTT). No entanto, a maioria dessas armas, mais os MiG 15 e os Vampire, da Força Aérea, estava retida no Egito para fazer frente à ameaça anglo-francesa.

Israel mobilizara dez brigadas no deserto de Neegev: a 7ª', a 27ª' e a 37ª' Mecanizada, que dispunham de substancial quantidade de carros de combate, e a 202ª Brigada de Pára-quedistas, além das 1ª', 4ª', 9ª, 10ª, 11ª' e 12ª de Infantaria. Pressionada duramente por armas de todo tipo, a Força de Defesa de Israel (IDF) beneficiara-se de limitada provisão de armas francesas, oferecidas como retaliação ao apoio de Nasser à Frente de Libertação Nacional, da Argélia, que praticamente iniciava sua guerra de libertação do colonialismo francês.

Por outro lado, não se conhecia a composição do Corpo Blindado de Israel (CBI), do qual dependia em grande parte a defesa do Estado judeu. O CBI desempenhara papel secundário na primeira guerra de Israel contra os árabes, mas depois adquirira quantidade considerável de carros de combate Sherman, equipados, havia pouco, com canhões franceses de 75 mm.

A história desta arma é interessante. Em 1953, uma delegação israelense visitou a França para dar uma olhada no novo tanque leve francês AMX 13. O tanque estava armado com um canhão de alta-velocidade de 75 mm CN 75-50, um desenvolvimento do canhão alemão 7.5 cm KwK 42 L/70 (usado no tanque médio Panther, durante a Segunda Guerra Mundial). Por outro lado, a blindagem do tanque francês era também considerada muito leve. Eventualmente Israel comprou o AMX 13, porém em um desenvolvimento paralelo foi decidido combinar a poderosa arma francesa em um carro blindado disponível para as Forças de Defesa de Israel, o familiar e melhor M4 Sherman americano, que era o tanque padrão das FDI nos anos 1950. O desenvolvimento começou em 1954 e em 1955 uma torre protótipo foi enviada da França para o Israel. Em março de 1956 as instalação dos canhões começou a ser feita nos Shermans pelo Corpo de Artilharia do Exército israelense. O canhão era conhecido no Israel como M-50 e como resultado do upgunned Sherman foi designado Sherman M-50. Semelhante ao Sherman Firefly, tinha a torre original "velha" (como a usada pelo canhão de 75 mm M3), que era provida com um largo contrapeso. As primeiro 50 unidades eram tipicamente baseadas nos carros M4A4, tinham o motor a gasolina R-975 Continental e suspensão de VVSS (Vertical Volute Spring Suspension). Porém, o peso maior do veículo combinado com as esteiras estreitas comprometeu a mobilidade do carro fora da estrada. Também o motor estava sendo muito exigido, resultando em fracassos mecânicos freqüentes. Por conseguinte, para o resto das conversões, foi provido para os carros a suspensão HVSS e motor diesel Cummins de V-8 460 hp. Estas subvariantes às vezes era chamada de M-50 Continental e de M-50 Cummins. No total, aproximadamente 300 M-50 foram construídos antes de 1964 (embora seja possível que este número inclua 120 canhões autopropulsados de 155 mm com chassi do Sherman, também designado M-50. A mesma arma também era provida para vários M10 Wolverine, destruidores de tanques. Os primeiros 25 M-50s foram concluídos a tempo para a Operação Kadesh no Sinai contra o Exército egípcio em 1956 (que também empregou sua própria versão upgunned do M-4, provido com torre AMX-13, tendo potência de fogo igual ao M-50).

O CBI reunia agora cem Sherman modificados - suas torres receberam um contra-peso, a fim de compensar os canos mais longos dos novos canhões, cem AMX13 recém-adquiridos e diversos outros equipamentos bélicos. Algumas unidades de infantaria possuíam VBTT dotados de semi-esteiras, mas outras eram transportadas em caminhões e ônibus civis.

Sherman M51 israelense em operação no deserto do Sinai em 1956

A Força Aérea Israelense (FAI), com seus caças a jato Mystere IV, Ouragan e Vautour, era cerca de 60% menor que a egípcia, mas tinha a vantagem de poder deslocar-se sobre toda a zona de combate.

O ataque israelense, denominado Kadesh, deveria ser executado em fases. O primeiro objetivo era desorientar os egípcios e evitar que identificassem a natureza da ofensiva em seus momentos iniciais, meta atingida com o deslocamento de tropas mais próximas da fronteira jordaniana que da egípcia; com o corte da rede telefônica do comando egípcio no Sinai, quando aviões Mustang voaram entre os fios por duas horas, antes do início das hostilidades; e por meio da cronometragem das etapas seguintes à primeira incursão israelense, para dar a impressão de uma escalada decorrente da reação egípcia.

Numa primeira etapa, o Exército judeu tentaria tomar o desfiladeiro de Mitla; logo após, controlaria a posição egípcia em Abu Aweigila e avançaria pelo centro do Sinai; depois, procuraria derrotar as forças egípcias em Rafia e na faixa de Gaza, seguindo-se um avanço para oeste ao longo da estrada costeira; por fim, avançaria sobre Sharm el Sheikh, com o objetivo de reabrir o estreito de Tiran.

Começam os combates

A primeira etapa teve início às 17h do dia 29 de outubro de 1956, quando
395 pára-quedistas do 1º Batalhão da 202ª Brigada, sob o comando do tenente-coronel Rafael Eitan, saltaram na extremidade leste do desfiladeiro de Mitla. Eles foram transportados em 17 aviões transporte C-17, com a cobertura de caças Dassault Mystere. Após uma escaramuça, o batalhão entrincheirou-se à espera do restante da brigada. A força de Sharon era formada por 3.000 homens, transportados em meias-lagartas M3 e caminhões, apoiados por um pelotão de carros de combate AMX 13.


O primeiro obstáculo encontrado pela coluna foi a guarnição de EI Kuntilla. Sharon cercou o posto e atacou pelo oeste, usando o sol poente para ofuscar a visão da defesa, que se desorganizou. Avançando noite adentro, a coluna atacou EI Thamad pelo leste, na madrugada do dia 30, valendo-se do sol nascente para o mesmo efeito. O avanço persistiu em direção a Nakhl, vila fortificada e base de fedayin que controlava um entroncamento de estradas. A brigada atacou às 17h, mas a guarnição fugiu antes, deixando para trás alguns VBTT em perfeito estado. Para Sharon, a aquisição desses blindados foi oportuna, pois os veículos civis da coluna não conseguiam acompanhar o avanço. As 22h30 a vanguarda da brigada, vinda da fronteira com a Jordânia, entrava em contato com o batalhão do tenente coronel Eitan.

 

Pára-quedistas no Passo de Mitra em 29 de Outubro de 1956. Ele usa um uniforme verde-oliva padrão das FDI, capacete de salto britânico, está armado com uma IMI Uzi de 9 mm e tem ainda uma revolver Smith & Wesson N°2 .380

A 202ª Brigada de Pára-quedistas bloqueava o desfiladeiro de Mitla. Mas o que se seguiu revelou defeitos da personalidade de seu comandante Ariel Sharon, considerado um soldado de primeira classe, mas também conhecido por sua ambição desmedida e sua insubordinação, solicitou permissão ao general Moshe Dayan para enviar uma patrulha ao desfiladeiro. Dayan, acreditando que Sharon procurava fortalecer uma posição defensiva ainda não satisfatória, autorizou a patrulha, ressalvando contudo que ela não deveria envolver-se em combate. Na verdade, Sharon tencionava tomar o desfiladeiro; e para isso enviou um batalhão completo.

Reforços egípcios, por sua vez, deslocaram-se durante a noite e assumiram posição nas cavernas de Mitla. Os israelenses foram rapidamente imobilizados após tiroteio cerrado e inconclusivo. Ao cair da tarde de 31 de outubro, um voluntário judeu sacrificou a vida, passando de jipe pelo desfiladeiro e disparando a esmo contra as posições ocultas do inimigo. Descobriu-se assim a localização dos egípcios (que responderam ao fogo) e um segundo ataque matou duzentos deles.

O problema é que a posse de Mitla nunca fizera parte dos planos do Estado-Maior nem trouxe vantagens táticas ou estratégicas. O Exército judeu, que se esforçava para manter suas baixas em nível mínimo, teve de absorver 38 mortos e 120 feridos numa batalha desnecessária.

Nesse ínterim, desenrolava-se a segunda etapa do ataque. O avanço contra o complexo de Abu Aweigila começara na noite de 29 para 30 de outubro com a Força Tarefa 38, comandada pelo coronel Yehuda Wallach, reunindo a 7ª Brigada Blindada, a 4ª e a 10ª brigadas de Infantaria e, mais tarde, a 37ª Brigada Mecanizada. O posto avançado egípcio em El Quseima foi capturado ao amanhecer do dia 30 pela 4.' Brigada de Infantaria, que sem demora enviou unidades para o sul, a fim de estabelecer contato em Nakhl com as tropas de pára-quedistas de Sharon.

A 7ª Brigada Blindada, comandada pelo coronel Uri Ben-Ari, sitiou Abu Aweigila, um complexo de várias zonas fortificadas cercadas de arame farpado, campos minados e posições de artilharia, defendido . pelos egípcios com duas brigadas, um regimento de artilharia e 23 carros de combate leves Archer. Ataques de reconhecimento às faces nordeste e sudeste do complexo foram rechaçados com facilidade. Assim, as unidades de reconhecimento da brigada israelense começaram a procurar um caminho para romper o bloqueio por outro lado. Encontraram Wadi Daika, um desfiladeiro ao sul de Abu Aweigila. As tropas que guarneciam essa passagem haviam sido carregadas para longe pela leva de fugitivos de EI Quseima. Antes de abandonar a posição, destruíram uma ponte, mas os engenheiros israelenses rapidamente prepararam outra passagem para seus veículos.

Um grupo de combate composto por um batalhão de carros de combate Sherman e infantaria mecanizada, comandado pelo tenente-coronel Avraham Adan, atravessou o desfiladeiro e por volta das 5h de 31 de outubro isolou o complexo inimigo atacando pelo oeste; às 6h30, a vila de Abu Aweigila foi tomada, rompendo-se a frente externa da defesa egípcia. Ben-Ari deixara um batalhão de carros de combate AMX 13 na estrada de Bir Hasana para bloquear um esperado contra-ataque egípcio, que não aconteceu.

Adan, porém, enquanto se preparava para lutar 1 . contra a próxima zona fortificada, em tomo da barragem de El Ruafa, foi forçado a enfrentar simultaneamente uma formação de carros de combate T34/85, vinda de El Arish. Para sorte dos israelenses, os egípcios não deram sinal de querer aproximar-se e a ameaça foi contida por combinação de fogo de artilharia e investidas aéreas. Durante a noite, Adan conseguiu dominar a barragem de El Ruafa, capturar vários carros de combate e danificar os demais.

Em 1º de novembro, já quase exauridas, as forças de Adan mantinham sua posição de bloqueio a oeste, enquanto a 10ª Brigada de Infantaria e a 37ª Brigada Mecanizada tentavam, sem êxito, atacar Um-Shihan e Um-Katef, sofrendo sérias perdas.

À noite, atendendo a ordens do alto-comando egípcio, as guarnições dividiram-se em pequenos grupos e tentaram alcançar EI Arish. Muitos desses soldados, resistindo havia três dias, pereceram no deserto - de calor, cansaço e sede.

Agora, a ponta-de-lança israelense já se encontrava muitas milhas a oeste. Ben-Ari foi avisado de que a 1.' Brigada Blindada egípcia já saíra de Bir Gifgafa e estava prestes a combater. Deixando Adan na barragem de El Ruafa, Ben-Ari reuniu o restante da 7.' Brigada Blindada israelense e partiu para interceptar o inimigo. Não houve confronto, pois a coluna egípcia, tendo sofrido ataques aéreos, recebera ordens para retirar-se o mais depressa possível.

Por sua própria iniciativa, Ben-Ari decidiu segui-los e combatê-Ios no centro do Sinai. Quase não encontrou resistência, terminando a perseguição a 16 km de Ismaília e do canal.

A rápida retirada da 1ª' Brigada Blindada e o súbito desaparecimento da Força Aérea egípcia decorreram da pressão indireta aplicada pela força-tarefa anglo- francesa que, a partir da noite de 31 de outubro, começara a bombardear as bases aéreas egípcias. Prevendo o desembarque das forças anglo-francesas, Nasser decidiu abandonar o Sinai, concentrar-se na Força Aérea e preservar ao máximo a 1ª Brigada Blindada para uso futuro. Tal medida deixou suas tropas no Sinai sem defesa.

A terceira fase da ofensiva israelense, a luta contra as forças egípcias que ocupavam a faixa de Gaza, desdobrou-se em duas etapas. A meia-noite de 31 de outubro, a 1ª Brigada de Infantaria e a 27ª Brigada Mecanizada deveriam atacar a base da faixa para apossar-se de Rafia; em seguida, a 27ª Brigada avançaria rumo a El Arish. A segunda etapa, iniciada às 6h de 2 de novembro, envolveria a 11ª Brigada de Infantaria e parte da 37ª Brigada Mecanizada com um ataque a Gaza.

Extensos campos minados e cobertos pelo fogo inimigo dificultaram o avanço sobre Rafia. As posições egípcias só foram vencidas depois de um selvagem corpo-a-corpo. Afinal, a 27ª Brigada Mecanizada, comandada pelo general Chaim Bar-Lev, irrompeu na estrada de EI Arish. Algumas milhas a oeste dessa cidade, no entanto, fica o desfiladeiro de Jiradi, onde a estrada costeira cruza uma região de grandes dunas de areia. A resistência egípcia, por um momento, barrou o avanço de Bar-Lev. Mas, protegido por ataque aéreo israelense, Bar-Lev empurrou para as dunas um batalhão de carros de combate AMX13 e uma força de infantaria mecanizada, e em seguida atacou e desbaratou os egípcios.

As forças israelenses entraram em El Arish em 2 de novembro. Uma brigada da 3.' Divisão de Infanntaria formava sua guarnição, mas a 1ª Divisão Mecanizada, enviada para a frente de batalha no início das hostilidades, acabava de retomar, após difícil jornada em que fora submetida a ataque aéreo. O alto-comando egípcio ordenara a completa evacuação e retirada pelo canal. Assim, pouco havia para Bar-Lev fazer. Ao entardecer, sua brigada passou por Rumani e deteve-se próximo à zona anglo-francesa de 16 km, fazendo contato com a 7ª Brigada Blindada à sua esquerda.

Derrota egípcia

A essa altura, na faixa de Gaza, a cordilheira Ali el Muntar havia sido capturada e as autoridades locais renderam-se formalmente. Os bolsões de resistência remanescentes, centrados em Khan Yunis, capitularam no mesmo dia.

O último objetivo da ofensiva israelense era Sharm el Sheikh, na ponta sul da península do Sinai, e prosseguiam as operações visando a sua captura. A 9.' Brigada de Infantaria, do coronel Avraham Yofffe, movia-se pela costa leste do Sinai. O deslocamento foi extremamente difícil e enfrentou numerosas posições defensivas naturais, das quais os egípcios não conseguiram tirar plena vantagem. Em 4 de novembro, a brigada atingiu Ras Nusrani, verdadeira fortaleza agora completamente abandonada. Em conseqüência, o comando egípcio decidiu concentrar tropas em Sharm el Sheikh. A decisão de pouco lhe valeu, pois seus homens não tinham mais disposição para a luta e a brigada de Yoffe encontrou dificuldades apenas para penetrar no perímetro urbano. As 9h30 de 5 de novembro, Sharm el Sheikh estava sob controle do Exército judeu e o estreito de Tiran foi reaberto. O final da campanha do Sinai, em 1956, coincidiu com os saltos de pára-quedistas britânicos e franceses sobre Port Said e Port Fuad, respectivamente.

A invasão custou a Israel 181 homens, 25 carros de combate, dois jatos Mystere IV e nove aviões com motor a pistão. Cerca de 2.000 egípcios foram mortos e 6.000 aprisionados. O equipamento capturado incluía cem carros de combate (entre pesados e leves) e grande quantidade de peças de artilharia e de veículos de transporte. No curto período anterior à retirada da Força Aérea egípcia, a FAI declarou que destruíra cinco MiG e quatro Vampire. No mar, o destróier egípcio lbrahim Awal bombardeou Haifa em 31 de outubro, mas rendeu-se após confronto com navios israelenses, no qual esteve submetido também a ataque aéreo.

Apesar da resistência da guarnição de Abu Aweigila, a disposição das tropas egípcias no Sinai era falha e elas não contavam com reservas adequadas. As forças israelenses, por outro lado, atacaram de surpresa e mantiveram todo o tempo a iniciativa bélica. Contudo, os conflitos entre árabes e israelenses estavam fadados a repetir-se nas décadas seguintes.

Blindados AMX13 israelenses em movimento pelo deserto do Sinai


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Assunto: Operação KADESH