AK-47 Kalashnikov


A arma universal - O AK-47 é, segundo o Guiness Livro do Recordes, a arma de fogo atualmente mais utilizada no mundo. Este rifle teve seu uso popularizado por muitas nações do bloco comunista na Guerra Fria, mas ainda é largamente utilizada em muitos países (principalmente aos que pertenceram ao pacto de Varsóvia e países do Oriente Médio), mas também pode ser encontrado em posse de grupos terroristas, milícias e facções armadas devido ao seu baixo preço e facilidade de aquisição no mercado negro. Apesar de muitos considerarem uma arma relativamente ultrapassada, ainda pode ser considerada ideal para troca de tiros intensa, e ainda é uma arma muito potente. Na imagem insurgentes iraquianos armados com o AK-47 ou suas variantes combatem americanos em ambiente urbano. 

O fuzil de assalto AK-47 (Avtomat Kalashnikova - 47, fuzil automático Kalashnikov, modelo de 1947) surgiu na União Soviética logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, sendo o fuzil mais fabricado de todos os tempos. Estima-se que o número de exemplares produzidos tanto na Rússia como sob licença em países como a Bulgária, China, Hungria, Índia, Coréia do Norte, Romênia entre outros, chegue a impressionante cifra de mais de 90 milhões. Países como a Finlândia e Israel também basearam-se no projeto deste fuzil para produzirem seus modelos M62 e Galil respectivamente. É caracterizado por sua grande rusticidade, facilidade de produção em massa, simplicidade de operação e manutenção, além de reconhecida estabilidade em baixas e altas temperaturas. Deixa a desejar nos requisitos precisão, ergonomia e peso.

Seu funcionamento se dá de modo similar aos demais fuzis de assalto, pelo aproveitamento indireto dos gases que são desviados da parte posterior do cano até um cilindro montado acima deste, onde pressionam um êmbolo de longo curso que aciona o recuo do ferrolho de trancamento rotativo. O ferrolho desliza sobre dois trilhos na caixa da culatra com uma folga significativa entre as peças móveis e fixas, o que permite que opere com o seu interior saturado de lama ou areia. Dispara munição 7,62 x 39 mm nos modos automático e semi-automático. Seu registro de tiro e segurança é considerado por muitos sua principal desvantagem, não corrigida nos modelos posteriores. É lento e desconfortável, exige esforço extra para operar, especialmente com luvas, e quando acionado produz um "clique" alto e distinto. Outra desvantagem é a posição do ferrolho, que permanece fechado após o último tiro.

É alimentado por um carregador tipo cofre metálico bifilar de trinta projéteis, com retém localizado à frente do guarda-mato. Outros tipos de carregadores como o de quarenta projéteis ou o tambor de 75 projéteis da RPK também podem ser usados. Seu aparelho de pontaria é graduado de 100 m a 1000 m (800 no AK), e um ajuste fixo que pode ser usado para todas as faixas de até 300 metros. Pode também ser equipado com lançador de granadas montado sob o cano. A versão de coronha dobrável foi desenvolvida para as tropas aerotransportadas e denominadas AKS (AKMS). Os AK foram concebidos com baionetas destacáveis do tipo faca, que associada a sua bainha transforma-se numa tesoura de cortar arames.

Desenvolvimento
O projeto dessa arma começou a ser desenvolvido em 1944. Os alemães foram os primeiros na metade final da 2ª Guerra Mundial a desenvolver o conceito de “fuzil de assalto”. A ideia de base para essa arma é que, na guerra moderna, as trocas de tiros acontecem em distâncias curtas, em geral não maiores que 300 ou 400 metros. Por outro lado, a automatização do tiro em distâncias curtas indicava que a precisão podia ser posta em segundo plano, visto que a “cadência de tiro” (a quantidade de projéteis lançados pela arma a cada liberação do mecanismo) tornava-se fator compensador. O infante moderno, segundo estudos realizados em 1948, pelo Exército dos EUA, atirava em movimento, com a arma a altura da cintura. Assim, os cartuchos de armas longas então em uso, tais como o .30-06 (7.62X63 mm) norte-americano ou o Mauser 7.92X57 mm IS alemão, com alcance útil de 800 metros, seriam excessivamente potentes, não permitindo o disparo em rajadas, a não ser em armas bastante pesadas e canhestras, como era o caso do fuzil-metralhador BAR americano. Os alemães buscaram desenvolver um fuzil que incorporasse certas características das submetralhadoras, em uso desde os anos 1920: capacidade de disparar rajadas, carregadores de 30 até 35 cargas, fogo seletivo e alcance útil de 200 a 300 metros. A solução encontrada pelos alemães foi diminuir a carga e consequentemente, o comprimento do estojo do cartucho Mauser, o que levou ao surgimento da versão Kurtz.


De fato, a ideia alemã não era totalmente original (pelo menos a parte que diz respeito à automatização da repetição do disparo…), e seus antecedentes remontavam ao período anterior à 1ª Guerra Mundial, quando na Itália, no Canadá e na Rússia surgiram fuzis capazes de disparar em rajadas ou em salvas simples, a partir de carregadores com certa quantidade de cargas. É muito citado como o avô dos fuzis de assalto a arma projetada pelo major italiano Amerigo Cei-Rigotti, no final do século XIX. Essa arma utilizava um cartucho de 6.5 mm, o Carcano, de média potência, e foi a primeira conhecida a usar o princípio de recuperação de gás. Entretanto, o Cei-Rigotti apresentou, ao longo de seu desenvolvimento, diversos problemas que não chegaram a ser resolvidos. Na mesma época, o ateliê austríaco Mannlicher chegou a projetar uma carabina automática em torno do calibre experimental 7,65X32 mm, de fato redesenho de um cartucho de pistola. Essa arma não passou do estágio de projeto. Outra arma que antecipou o conceito foi o fuzil russo Federov, surgido em 1916, que chegou a ser colocado em campo, embora em pequenas quantidades. Projetado usando o sistema de “recuo curto”, o Federov disparava o cartucho japonês Arisaka 6.5X50 mm, a partir de um carregador tipo “caixa”, de 20 cargas.

Alguns especialistas costumam a alegar que essas armas não podem ser consideradas “fuzis de assalto” por não lançarem mão do “cartucho curto”. De certo esse é um forte argumento, mas algumas características do futuro conceito já se encontravam presentes, como, por exemplo, a estabilidade do tiro através da diminuição do recuo, razão para que essas armas utilizassem cartuchos menos potentes (ainda que não “curtos”). Debates aparte, é inegável que o SturmGewehr 44 foi o primeiro fuzil de assalto real, e um dos argumentos em torno do qual os pesquisadores concordam é que os altos números de produção alcançados (calcula-se que entre 500 e 600 mil unidades tenham deixado as fábricas, entre o último trimestre de 1944 e o fim da guerra) permitiram avaliação plena de combate e disseminação de princípios de utilização pelas pequenas frações de tropa (esquadras, pelotões e companhias). Os especialistas também concordam que o surgimento do StuG 44 teve forte impacto em todos os beligerantes, mas foram os soviéticos que os primeiros a avaliar as potencialidades dessa nova arma de infantaria.

O fuzil alemão Stg-44 foi o primeiro fuzil de assalto da história.

Muitos exemplares dele e de versões dele foram capturadas dos nazistas pelos russos. Seu desenho influenciou o desenho do AK-47.


Ao ponto de se ter criado a lenda que o AK é simplesmente de um clone da arma alemã. Não é bem por aí: o desenvolvimento do AK começou antes, e de forma independente, do StuG44 – ainda que o disparo do processo tenha sido influenciado pelo surgimento do conceito alemão. Mas a ampla distribuição de armas automáticas entre as tropas soviéticas, que datava de antes da invasão nazista, levou a uma série de experiências, no início de 1943, com cartuchos com de menor potência, tanto norte-americanos quanto alemães. Segundo fontes da época, o Conselho Técnico do Comissariado do Povo para o Armamento ficou seriamente impressionado com o desempenho de alguns fuzis alemães Haenel MKb42, capturados quando se encontravam em testes de campo. Os testes feitos pelos soviéticos concluíram que o projétil ogival em cartucho “curto” tinha desempenho balístico incomparavelmente superior ao dos cartuchos de pistola utilizados por submetralhadoras, e perdia pouco, em performance, para os cartuchos convencionais de fuzil. Segundo o Conselho, era urgente desenvolver um cartucho de potência reduzida, desenvolvimento que começou naquele mesmo ano. Por volta do final do ano, surgiram protótipos de munições que lançavam mão do projétil do cartucho 7,62X54R convencional (fabricado desde 1891), mas com um estojo encurtado para 39 mm, e com um diâmetro menor do que o do padrão Kurz alemão. Nesse ponto toda a bibliografia é concordante: a originalidade do cartucho M1943 soviético.

O StuG 44 e o AK são, de fato, fisicamente, muito parecidos. Não é estranho que as equipes soviéticas que trabalhavam no projeto tenham tido acesso a muitos exemplares dentre os capturados na fase final da guerra (fontes norte-americanas dão conta de aproximadamente 40.000 unidades aprisionadas sem uso, em depósitos da Wehrmacht situados na área de ocupação ocidental da Alemanha). Entretanto, o mecanismo das duas armas guarda diferenças notáveis.


O projetista do AK foi Mikhail Kalashnikov, um sargento das forças blindadas soviéticas, que, em 1943, se recuperava de um ferimento em combate. Durante seu período no hospital, Kalashnikov projetou uma submetralhadora que, embora submetida às instâncias especializadas do Exército Vermelho, foi recusada por ser considerada cara e difícil de construir. Ainda assim, as autoridades soviéticas (segundo a lenda…) se surpreenderam com a capacidade do jovem sargento, e o designaram para o Centro de Pesquisas e Testes de Armas Leves e Morteiros do Exército Vermelho, perto de Moscou.

O Exército Vermelho estava promovendo uma competição em vista a adotar uma nova arma. A batalha de Berlim, nas duas últimas semanas de 1945 tinha produzido nos comandantes soviéticos impressão, suponhamos, desagradável: defensores alemães grandemente inferiorizados, em números absolutos, (por vezes de 12 para 1), conseguiram conter as tropas de assalto durante muito mais tempo que o esperado. A vantagem foi atribuída ao uso, então já disseminado, do StuG 44 (além da qualidade inegável das armas anticarro alemãs, mas esta é outra história…). Os militares soviéticos, por outro lado, estavam às voltas com um problema: a requisição por uma nova arma tinha gerado, por volta de meados de 1944, pelo menos dez protótipos, além de outro tanto de carabinas semi-automáticas. Uma primeira seleção atribuía grandes qualidades ao fuzil automático AS-44, desenhado pelo engenheiro Sudaev, que foi distribuído e extensivamente testado em condições de combate na fase final da guerra. A principal qualidade do AS-44, segundo os relatórios de campo, era a precisão, quando em fogo semi-automático, muito maior do que a da submetralhadora PPSh. Por outro lado, os infantes soviéticos se viram às voltas com uma geringonça que, sem a munição, pesava mais de cinco quilos, além de ser muito difícil de transportar (os soldados alemães faziam a mesma reclamação, embora o StuG pesasse bem menos). Este motivo, segundo registros de arquivos examinados recentemente, foi o principal motivo para a recusa do AS-44, apesar dos relatórios favoráveis. A questão é que o AS tinha sido desenhado em torno do cartucho 7.62x41mm desenvolvido em 1943, na mesma época em que havia surgido o cartucho M1943. Esse cartucho, com um projétil ogival pesando oito gramas, exigia uma carga de pólvora química maior. Essa carga suplementar implicava em um estojo de latão mais comprido e de paredes mais espessas, o que, no fim das contas, tornava o conjunto de carregador mais 30 cargas consideravelmente mais pesado. A potência da munição acabava exigindo bloco de culatra mais resistente, o que implicava em mais peso.

A fase final da guerra deixou tudo em suspenso. Uma nova competição foi organizada em meados de 1946, e então o birô Kalashnikov apresentou um novo desenho: tratava-se de uma arma de operação a gás, cujo mecanismo de culatra era similar aquele apresentado em 1944. A arma incorporava uma característica aparentemente copiada dos fuzis de assalto alemães: o carregador curvo de 30 cargas. Os dois modelos apresentados, que receberam as notações AK-1 e AK-2).

As duas armas se saíram muito bem nos testes, junto com outros desenhos. No final do ano, um dos assistentes de Kalashnikov propôs que algumas características da arma fossem repensadas, de forma a melhorar a confiabilidade do conjunto. Kalashnikov não gostou da ideia, e achava que dificilmente seu fuzil poderia ser melhorado. Ainda assim, aceitou as propostas formuladas por sua equipe e uma nova versão da arma surgiu, com a notação AK-47. Esta se mostrou, de fato, mais simples e fácil de manter, em condições de campanha. Em 1949, após testes extensivos que tomaram todo o ano anterior, foi adotada oficialmente pelo Exército Vermelho. Isso não significa que, seis meses depois, cada infante soviético estivesse com um AK à bandoleira. Afinal, fazia menos de dois anos que a guerra tinha terminado e os estoques de armas remanescentes, notadamente as quase onipresentes PPSh, eram gigantescos.

Na verdade a arma não se chamava AK-47 e sim Avtomat Kalashnikova modelo 1947 pois de fato, as forças armadas e policiais da antiga URSS denominam a arma de AK, simplesmente, e acrescentam mais uma ou duas letras que designam os diversos modelos.

  

O projetista do AK, Mikhail Kalashnikov em 1949.

O fuzil automático de Kalashnikov, modelo 1947 foi adotado no ano de 1947. Entretanto, isso não significa que, seis meses depois de tomada a decisão, cada militar soviético estivesse com um deles à bandoleira. Nos 15 meses seguintes foram tomadas providências políticas, organizativas e industriais para que a arma começasse a ser fabricada em massa. A distribuição para as tropas só começou na primeira metade de 1949, e mesmo assim em números bastante modestos – claro, para os padrões da gigantesca máquina militar soviética de então. A produção iniciou-se na enorme Fábrica de Máquinas deIzhevsky, conhecida como Izhmash (embora enfrentando sérios problemas financeiros, ainda uma das principais instalações industriais de fabricação de armas da Rússia), mas logo se espalhou por diversas outras instalações industriais nas repúblicas soviéticas e nos países da esfera de influência de Moscou.

Tecnicamente falando, todas as armas da linhagem AK são fuzis de assalto de fogo seletivo, operados por recuperação de gás. É feito principalmente em aço estampado e usinado (o cano e certas partes do bloco de culatra) e madeira laminada (a coronha, o punho de pistola e a empunhadura do cano). Isso resulta num conjunto que, sem a munição, pesa, vazio, 4.300 gramas; introduzidas as 30 cargas de munição M1943, o peso da arma sobe para 4.875 gramas. O comprimento total do conjunto é de 87 centímetros, sendo que o cano ocupa 41,5 centímetros. O alcance efetivo (distância em que o projétil ainda conserva energia para penetrar obstáculos de alguma dureza) é de cerca de 800 metros (dada a velocidade de saída do projétil, de 715 m/s); o alcance útil é de uns 400 metros em modo semi-automático, caindo para 300 se o seletor estiver em modo automático.

O princípio de operação de toda a família AK é a recuperação de gás, por sinal, o mesmo princípio usado pelo fuzil de assalto alemão StuG-44. Uma arma de fogo funciona pela expansão violenta de gás resultante da explosão de um propelente – pólvora química, no caso. A expansão do gás impulsiona o projétil, mas boa parte dela se perde no recuo da arma e no “sangramento”, ou seja na perda resultante da saída através dos espaços abertos da arma.

As armas automáticas e semi-automáticas funcionam todas por princípios que aproveitam parte dessa energia para rearmar o sistema (coisa que, em armas de repetição, é feita pelo próprio atirador). No caso da “recuperação de gás”, parte desse, que acompanha o projétil até a boca, entra por uma válvula situada na seção superior do cano. Essa válvula dá acesso à um tubo onde se encontra instalado um pistão, ligado por uma haste ao bloco da culatra. O recuo do pistão empurra o conjunto do bloco para trás, e aciona uma peça chamada “ferrolho”. Trata-se de um bloco de aço que, parado, é mantido no lugar pela pressão de uma mola, e mantém a câmara vedada por estar firmemente justaposto às paredes da caixa de culatra (em inglês, essa parte da arma é chamada receiver). Ao ser empurrado, para trás, o ferrolho expõe a câmara da arma, e retira o cartucho vazio (por meio de uma peça chamada “extrator”), que é ejetado através de uma janela que se abre na caixa de culatra. Outra carga é “puxada” para dentro da câmara pelo movimento do bloco e com a ajuda de uma mola instalada no carregador, para então ser empurrada para a posição pelo movimento contrário do bloco, que outra vez veda a câmara (quando da explosão da carga, a vedação é implementada pela deformação das paredes do cartucho). No caso do AK, o pistão tem um curso longo (também é o caso do StuG-44), pois ao longo do percurso a pressão do gás diminuí e, por consequência, o impacto do recuo também, além de mitigar o desgaste das peças.

Existem diversos métodos de funcionamento do ferrolho. No caso do AK, trata-se do “ferrolho rotativo”: como diz o nome, uma peça de metal com função de abrir e fechar a câmara. Quando essa peça recua, faz um giro parcial sobre seu eixo; no retorno, o giro se dá no sentido inverso. Os “ciclos de tiro”, ou seja, a quantidade de vezes que o sistema repete esses movimentos, permitem uma cadência máxima (em condições de laboratório) de 600 salvas por minuto, em modo automático; em modo semi-automático, um bom atirador consegue disparar até 90 salvas por minuto. Para selecionar os modos de fogo, basta que o atirador modifique a posição de uma alça situada do lado direito da arma, exatamente acima do gatilho. Essa alça é uma das características mais interessantes do AK – foi redesenhada a partir de uma arma de origem norte-americana. o Remington modelo 8. Quando deslocada para cima, interrompe a trajetória da alavanca de armar (que prepara a arma para o tiro); quando abaixada, a alça libera a alavanca e torna-se o seletor de modo. A pontaria, por sua vez, é feita através de uma alça de mira regulável, graduada de 100 até 800 metros, instalada na parte anterior da caixa da culatra.

Um AK-47 do modelo original e definitivo. O acabamento com madeira e o extensivo uso de aço o fizerem uma arma pesada.

Diversas peças do mecanismo do AK, assim como o cano, são cromadas. Essa providência destina-se a diminuir o desgaste provocado pelo gás da explosão da carga, altamente corrosivo. A cromagem também aumenta a durabilidade do conjunto por diminuir a necessidade de manutenção do equipamento. Outro ponto que ajuda é a distância entre as peças, calculada para diminuir o atrito e permitir melhor lubrificação. Todas essas características dão ao AK uma espantosa capacidade de funcionar em condições adversas: fala-se em armas que, no Vietnam, passavam seis meses sem ser limpas.

A primeira produção do AK encontrou diversos problemas, principalmente relativos aos processos industriais. A fabricação das peças da caixa de culatra revelou-se muito problemática. A peça principal, que constituía o corpo da caixa era estampada, feita em prensas hidráulicas de alta pressão. Algumas peças internas (guias e trilhos que colocavam e mantinham o conjunto ferrolho-extrator no lugar) tinham de ser soldadas, e o processo resultava mal-acabado. Muitas armas do primeiro lote simplesmente não funcionam e eram rejeitadas. A decisão de interromper a produção seria antes de tudo política, de responsabilidade do Comissariado para a Defesa do Povo, e poderia ter sérias consequências. A opção foi continuar a produção, usando peças de metal usinadas, processo que se mostrou complicado e caro. Entretanto, os engenheiros do arsenal Izhmash, tiveram uma ideia brilhante: aproveitar os métodos e máquinas-ferramentas usados na fabricação da caixa de culatra dos fuzis de repetição Mosin-Nagant, que tinha semelhanças técnicas com as peças do AK. A ideia funcionou, a produção do fuzil foi acelerada, mas a distribuição estava comprometida: só iria alcançar números razoáveis a partir de 1956. O peso do conjunto também aumentou consideravelmente, dadas as diferenças estruturais entre peças estampadas e usinadas.

A versão standart do AK foi logo seguida por outra, de notação AKS, o “S” significando Skladnoy, ou “dobrável”). Era o mesmo AK, mas dotado de uma coronha rebatível, feita em arame de aço, que se recolhia ao longo da caixa de culatra e empunhadura do cano. Essa versão, que pesava quase um quilo a menos do que a de coronha fixa, destinava-se à distribuição para tropas paraquedistas e motorizadas, e teve os mesmos problemas que a outra versão.

O fuzil AKS mostrado aqui está com sua coronha rebatida. Notem a soleira de metal abaixo da telha de madeira.


O AKM

Ao longo dos anos seguintes, o projeto do AK incorporou muitas pequenas alterações e atualizações, mas foi o fuzil de assalto experimental Korobov TKB-517 (testado pelo Exército Soviético em meados dos anos 1950), que estimularam um maior desenvolvimento do AK. O Korobov TKB-517 era muito mais leve que o AK e com custo de produção de 2/3 deste, e significativamente mais precisO em fogo automático. Esse avanço levou o Exército Soviético a emitir novas exigências para um modelo mais leve e mais eficaz, que foram formuladas em 1955. Estes requisitos foram complementados pela exigência de um modelo complementar de apoio de fogo (fuzil-metralhadora). Ensaios das novas armas foram realizadas em 1957-58. Kalashnikov e sua equipe de Ijevsk apresentaram uma melhora com um novo tipo de caixa da culatra e outras pequenas melhorias, que concorreu com outras equipes de design a partir do Kovrov e Tula. Em termos técnicos, a proposta de Kalashnikov teve desempenho mediano nestes ensaios, com seus rivais provando ser mais eficazes e menos dispendiosos de fabricar. A comissão de estudos, no entanto, decidiu novamente pelos mesmo critérios, e recomendou o AK para adoção devido ao seu desempenho comprovado e familiaridade com a indústria e as tropas. Foi adotado oficialmente em 1959 como rifle - o AKM (Avtomat Kalashnikova Modernizirovannyj - Automática Kalashnikov Modernizada), juntamente com arma de apoio RPK, versão de cano mais pesado.

Uma marcante modificação foi a adoção do processo de estamparia para a fabricação da caixa da culatra. Essa providência destinou-se a diminuir o peso do AK, e foi muito bem sucedida: o peso do conjunto diminuiu em quase 1 quilo. Entretanto, os desenhistas temiam que a resistência da caixa diminuísse, de modo que colocaram uma seção tubular cruzada, destinada a reforçar a resistência estrutural. O principal ganho da adoção da caixa de culatra estampada foi a possibilidade de instalar as peças de fixação da mola e do cano através de rebites, enquanto no AK essas peças eram aparafusadas. O aperfeiçoamento de processos de solda elétrica sob pressão permitiram a instalação precisa das guias do ferrolho/ejetor.  Outra mudança do AKM foi uma melhora da alça de mira, com escalonamentos de 100-1000 (em vez dos 800 da AK) metros. Ambos os 800 metros e 1000, no entanto, são demasiado otimistas para qualquer uso prático, uma vez que o fogo efetivo é limitado a cerca de 300-400 metros, se não menos.

O AKM é a versão modernizada do AK-47 que entrou em serviço em 1959. As diferenças principais estão na coronha levantada em relação ao modelo anterior e o pistol grip é de plástico.

Diversas outras medidas para economia de peso foram tomadas, utilizando-se, onde fosse possível, materiais mais leves e peças de menor espessura. A coronha também recebeu um compartimento oco, destinado a diminuir o peso do conjunto. Outra inovação foi um freio de boca, destinado a aumentar a estabilidade da arma no momento do tiro. O compensador de boca pode ser substituído por um silenciador. Isto requer um silenciador especial e munição sub-sônica.

Fora essas diferenças, o AKM e o AK eram iguais, tanto é que diversas peças eram intercambiáveis. A nova versão do fuzil tinha todas as qualidades da anterior, e tinha tido a maioria dos defeitos resolvidos. O AKM tornou-se arma padrão das forças armadas e policiais da URSS e rapidamente começou a ser distribuído para os países aliados. A titulo de curiosidade, o AKM deu origem a uma arma de apoio de fogo (metralhadora leve) chamada RPK, cujo cano foi reforçado e alongado, além de incorporar um bipé para disparo apoiado e um carregador com maior capacidade (carregador "banana" com 45 tiros ou tambor com 100 tiros de capacidade).

No caso da China, então em ótimas relações com os soviéticos, os planos do AK foram repassados ainda em 1956, razão da arma ser lá conhecida como “Fuzil automático Tipo 56″. Não se sabe exatamente quantos “Tipo 56″ foram fabricados na China, mas parte considerável deles foi exportada para países do Terceiro Mundo. A maioria dos AK que surpreenderam os combatentes norte-americanos no Vietnam eram de origem chinesa. Uma diferença marcante entre o AK e o “Tipo 56″ era a baioneta, que diferia, entre o original russo e a cópia chinesa: nesta, o equipamento era fixo, sendo girado para trás quando não em uso. Os chineses também logo passaram a produzir o AKS, que recebeu a notação “Tipo 56-I” Em meados dos anos 1960, os chineses começaram a fabricar (sem auxílio nem permissão dos russos) uma versão semelhante ao AKM, de notação “Tipo 56-1″.

Um exemplar do AKMS. Notem o ângulo de inclinação do pistol grip, muito menor que a dos Aks.


O AK-74

Em meados dos anos 1960, por diferentes motivos, tanto os EUA quanto diversos de seus aliados da OTAN questionavam o uso do cartucho 7.62X51 mm NATO. O Exército dos EUA adotara, desde 1957, um fuzil automático para essa munição, o Springfield M14, de fato uma versão aperfeiçoada do M1 Garand da 2ª Guerra Mundial. Em termos de desempenho, o M14 era excelente. Em termos de desenho, era pesado e longo, ainda muito assemelhado aos desenhos da 2ª Guerra Mundial (conhecidos, nos EUA, pela designação “fuzil de combate”. Mas não era o único problema. Outro motivo residia no fato de que a munição 7.62X51 NATO é bastante pesada. Um cartucho dessa munição pesa cerca de 20 gramas (9,50 para o projétil), o que significa que 20 cartuchos pesarão por volta de 400 gramas, além do peso do carregador. Nessas condições, um carregador tipo “caixa” dificilmente comportaria mais do que 20 cargas sem tornar a arma excessivamente pesada. O número de carregadores que um soldado poderia transportar, em situação de combate seria, pois limitado. Além do mais, a munição 7.62 NATO era, por projeto, bastante potente, o que provocava um alcance útil de uns 600 metros, bem maior do que os estudos mostravam necessário. Desde meados dos anos 1950 norte-americanos e europeus estudavam um cartucho de menores dimensões e menor potência. No caso norte-americano, a experiência inicial no Vietnam acabou por selar a sorte do M14. Os AK-47, AKM, e as diversas variantes do “Tipo 56” chinês surpreenderam de tal maneira os norte-americanos que, em 1969, já não haviam quase fuzis M14 entre a infantaria dos EUA na Indochina.

Pode-se ver o quebra chamas do AK-74M. Esta peça é a principal diferença estética entre este modelo de fuzil com seu primogênito. Este modelo usa a munição 5,45X39 mm, menos potente que a munição 7,62X39 mm, do AK-47.

Os soviéticos, por sua vez, sentiam o mesmo problema. Embora o cartucho M1943 fosse um pouco mais leve (o projétil pesava por volta de 8 gramas) e menos potente que seu equivalente ocidental, ainda assim, era pesado e potente. Não que não tivesse qualidades, mas também tinha defeitos de projeto. O principal era o desenho, chamado de “popa de barco” (uma tradução livre de boat-tail), que melhorava desempenho aerodinâmico e tornava a trajetória muito tensa. Essa característica, combinada à dureza do material de que era fabricado o projétil, uma liga de chumbo e aço a recoberta por uma jaqueta de cobre de razoável espessura, criava um inconveniente: em distância de tiroteio (50 até 300 metros), a trajetória dificilmente se alterava quando encontrava obstáculos de baixa dureza (como madeira ou o corpo humano). Isso significava que, frequentemente, os ferimentos provocados não eram incapacitantes. Ao contrário, em proporção muito alta o tratamento era fácil e permitia que a baixa rapidamente voltasse à linha de frente. No final dos anos 1950, os chineses fizeram algumas modificações no cartucho que o tornaram um pouco mais eficiente. O material do corpo do projétil passou a ser o aço-carbono (muito mais dúctil do que a liga original) recoberto por uma jaqueta de cobre de menor espessura. O sucesso da combinação da linhagem AK (a maior parte de origem chinesa) com a munição produzida na China e Vietnam do Norte (com padrões chineses) provocaram avaliações equivocadas por parte da inteligência norte-americana. Já os soviéticos fizeram, desde o final dos anos 1950, avaliações exaustivas baseadas na observação das manobras anuais do Pacto de Varsóvia e das atividades militares de países fora de sua esfera direta de influência, como a Crise de Suez e das guerras dos Seis Dias e do Yom Kippur).

Os exercícios anuais do Pacto de Varsóvia eram particularmente importantes para essas avaliações. Embora o Pacto de Varsóvia nunca tivesse tido grande importância na estratégia militar geral soviética e servisse mais como instrumento de controle dos aliados e de política externa, as manobras permitiam que o desempenho das forças armadas tanto soviéticas quanto dos outros países membros fosse examinado. A partir do final dos anos 1950, os soviéticos passaram a treinar com um único objetivo geral: a invasão dos países ocidentais. A importância atribuída ao movimento e à mecanização, que sempre fora grande, aumentou. Na primeira metade dos anos 1960 se desenvolveu de um novo tipo de guerra móvel, com ênfase no assalto blindado, em ambiente nuclear. A distribuição de novos tipos de APC (do inglês Armoured Personnel Carrier), destinados a entregar as esquadras de infantaria diretamente no ponto de combate demonstrou a necessidade de maior cadência de fogo e, portanto, maior capacidade de transporte individual de munição preparada. Uma observação interessante retirada do Vietnam é que um combatente a pé conseguia transportar de 6 a 8 dos carregadores curvos do AK47/AKM (eram basicamente iguais, pesando por volta de 450 gramas, com 30 cargas) sem ter sua mobilidade comprometida. A nova doutrina previa combatentes atirando diretamente dos veículos, através de escotilhas, antes mesmo de desembarcar – quando iria precisar de mais munição.

Um novo cartucho vinha sendo estudado desde o início dos anos 1960. O desenvolvimento foi acelerado conforme se observava a tendência, entre as principais potências do Ocidente, da adoção do calibre .223 (Remington)/5.56 (NATO) – que vinha sendo introduzido paulatinamente desde o Vietnam. O novo projétil, cujo modelo definitivo entrou em produção apenas em 1974, já estava disponível, para testes de campo, por volta de 1967. Recebeu a notação M74, e aos poucos deveria substituir o M1943. Isso levaria, claro, alguns anos – até porque não havia arma para ele.

O novo cartucho tinha características bastante diversas do M1943. O projétil, totalmente jaquetado, é bastante leve, pesando cerca de 3,2 gramas. Manteve a filosofia boat-tail, feito de aço, com uma curta seção frontal de chumbo, recoberto por uma jaqueta de cobre. Entretanto, o conjunto não alcança a ponta da jaqueta, de modo que uma pequena quantidade de ar fica presa naquele ponto.

Tratava-se de um desenho muito pouco usual. A deformação da ponta oca da jaqueta, provocada pelo impacto do projétil contra o alvo, em teoria, desbalanceia o conjunto e o faz mudar de direção enquanto percorre a seção de trajetória dentro do alvo. No caso do corpo humano, isso potencializaria a capacidade de provocar ferimentos graves. Essa teoria nunca foi exatamente provada, e, segundo estudos realizados nos EUA e Inglaterra, o projétil 5.45 não produz ferimentos maiores do que seu equivalente ocidental, o 5.56 mm. A carga de pólvora química alojada no estojo de 39 mm, redesenho do M1943, de menor diâmetro, teve de ser diminuída, e provocava, ao ser detonada, uma quantidade de energia mais baixa, mas suficiente para imprimir ao projétil uma velocidade inicial de 900 m/s ao deixar o cano de 41,5 cms, mantendo um alcance eficaz de 300 a 350 metros.

  

Soldado soviético em operação no Afeganistão em 1986. Ele tem em suas mãos um AK-74.

O fuzil desenhado para usar o novo cartucho começou a ser distribuído em 1974, embora os estudos de projeto tivessem começado, segundo a maior parte das fontes, em meados dos anos 1960. Os testes começaram no fim da década, e, curiosamente, o mais convencional dentre os avaliados era exatamente o apresentado pelo bureau de Kalashnikov. O protótipo, denominado A-3 é, basicamente, um AKM redesenhado para utilizar o cartucho de potência intermediária. A explicação parece simples: embora outros bureaus de projetos tivessem apresentado protótipos bem inovadores, e um desses tivesse sido considerado muito bom – o AS-006 Konstantinov – o A-3, sendo cópia redesenhada do AKM, não criaria problemas de produção industrial e poderia utilizar o ferramental já existente. Também foi levado em conta que o funcionamento do fuzil já era bem conhecido entre os mais de 3 milhões de militares soviéticos.

Inicialmente, o AK-74 foi distribuído para utilização pela infantaria motorizada da União Soviética. O sistema de operação por recuperação de gás é idêntico ao da geração anterior, inclusive nos detalhes do pistão recuperador, ferrolho rotativo e ausência de válvulas de sangramento de gás. Embora guarde um alto nível de comunalidade com os AK da geração anterior, no que tange às peças, o AK-74 apresenta modificações significativas com relação a seus antecessores. A primeira e mais notável é o peso: vazio, o modelo padrão tem exatos 3 Kg, que aumentam para 3,4 Kg depois de receber o carregador (feito em fibra de vidro de alto impacto, com uma estranha coloração marrom-avermelhada) com 30 cargas de munição.

O cano, cujo interior é cromado, foi redesenhado, e o raiamento, devido ao calibre e potência da munição, modificado, embora o giro continue sendo para a direita. Em função da potência da munição, o freio de boca aumentou de tamanho. Apresenta duas frestas à frente de três orifícios laterais, posicionados de modo que o sangramento de gás atue para evitar que a arma corcoveie em demasia. Essa peça, rosqueada na parte anterior do cano, também cumpre o papel de supressor de chama. O sistema de pontaria foi modificado, com o redesenho da alça de mira. Sob o cano, um sistema de suportes combinando alças duplas e um trilho simples permite a instalação de uma baioneta- padrão tipo 6H4 (semelhante à usada no AKM) e lança-granadas de 40 mm BG-15 (o mesmo usado no AKM) ou GP-25.


Nas primeiras versões, a coronha e empunhadura posterior (“de pistola”) eram feitas em fibra de vidro de alta resistência. Uma versão destinada à distribuição entre tropas aerotransportadas surgiu quase imediatamente. Ele é um AK-74 com uma coronha dobrável para a esquerda feita em aço estampada e é bem melhor do que a coronha dobrável para baixo do AKMS; essa nova versão foi denominada AKS-74. Sendo mantida as técnicas de construção dos demais fuzis Kalashnikov em todas as versões, o fuzil manteve suas características, como: baixo custo, rusticidade, confiabilidade, simplicidade de operação e manutenção, porem baixa ergonomia.

O objetivo seria facilitar o transporte em aeronaves e em condição de salto. Essa versão tornou-se muito popular entre a infantaria blindada: dentro dos então quase onipresentes BTR-60 e BTR-70, onde se acotovelam até 14 combatentes, além dos três tripulantes, há muito pouco espaço disponível.

Com o passar dos anos de produção algumas melhorias foram introduzidas como a utilização de polímeros de cor preta ao invés de marrom avermelhado dos primeiros AK-74 ou de madeira dos AKM; um trilho foi instalado a esquerda para incorporação de dispositivos de visão noturna; essa versão denominada AK-74N.

A ultima e mais moderna versão é o AK-74M, que incorporou melhor acabamento como uma coronha dobrável construída em polímero, dentre os acessórios que ela pode incorporar estão um dispositivo de visão noturna, instalado em um trilho já mencionado, um silenciador (isso requer munição subsônica) e um lançador de granadas GP-25 ou GP-30 de 40 mm alocado na parte inferior do cano.

A AKS-74U (conhecida também como AKSU-74" ou "AK-74SU) foi introduzida na década de 1970. É essencialmente uma versão mais curta da rifle de assalto AK-47 e combina o tamanho pequeno de uma pistola-metralhadora e uma munição relativamente poderosa. Criada para ser usada por tripulações de veículos, equipes de artilharia e de Operações Especiais, que precisavam de uma arma leve e pequena. A Spetsnaz possui uma versão com silenciador e até com lançador de granadas. Foi muito popular em muitos países do Pacto de Varsóvia e foi até produzida em alguns desses países. A Yugoslávia fabricou esta arma sob o nome de M85.

Versões semi-automáticas da AKS-74U são conhecidas como "Krinkov" no mercado americano. Esta arma pode ser vista no filme GoldenEye e nos jogos de video game "Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty", "America's Army", "Battlefield 2", "Call of Duty 4", "Call of Duty: Black Ops", "Combat Arms", "Battlefield 3", "ArmA:Armed Assault" e "Medal of Honor 2010". Uma AKS-74U pode ser vista perto de Osama bin Laden nos seus vídeos de discursos.


O AK-74 foi extensivamente testado na desastrosa guerra do Afeganistão, diversas versões foram surgindo, acrescentando detalhes que tornavam a arma mais versátil, como diversos tipos de adaptadores para visores noturnos, novos materiais (polímeros) para a coronha e as empunhaduras, e pequenos redesenhos no freio de boca. Em 1979 uma versão encurtada, o AK-74U começou a ser distribuída, visando cumprir o papel de submetralhadora (experiências similares foram feitas pelos norte-americanos no Vietnam). O encurtamento radical do cano, reduzido à metade (210 mm) criou diversos problemas de tiro e acabou obrigando um redesenho com alteração do regime de torção do raiamento (o número de voltas que o projétil faz dentro do cano). O desenho e posição da alça de mira também foram modificados, em função do encurtamento da arma e de seu alcance.

Três versões do AK-74 de 5.45mm são vistas aqui com as tropas aerotransportadas soviéticas no Afeganistão na década de 1980. O primeiro soldado da esquerda dispara com uma metralhadora leve RPKS-74 com um carregador de 45 cartuchos. O comandante de pelotão (no centro) usa uma submetralhadora AKS-74U e o soldado da direita está armado com um fuzil de assalto AKS-74.

Especificações AK-74
- Peso:
3,3 kg (7 lb) AK-74
3,2 kg (7 lb) AKS-74
2,7 kg (6 lb) AKS-74U
3,4 kg (7 lb) AK-74M

- Comprimento:
943 mm (37 in) AK-74
943 mm (37 in) AKS-74
735 mm (29 in) AKS-74U
943 mm (37 in) AK-74M

- Comprimento do cano:
415 mm (16 in) (AK-74, AKS-74, AK-74M)
210 mm (8 in) AKS-74U

- Cartucho:
5.45x39mm (nominal)
5.62x39mm (real)

- Ação: Gas-operated, rotating bolt

- Cadência de tiro:
600-650 tiros/min (AK-74, AKS-74, AK-74M)
650-700 tiros/min (AKS-74U)

- Velocidade de saída: 900 m/s

- Alcance efetivo:
600 m (656 yd)
350 m (383 yd) (AKS-74U)

- Alcance máximo:
1 000 m (1 094 yd)
500 m (547 yd) (AKS-74U)

- Sistema de suprimento: cartucho com 30 ou 45 tiros RPK-74

- Mira: Alça de mira regulável

O AKM, no entanto, nunca foi oficialmente declarado obsoleto e retirado de serviço, e ainda está em unidades do exército russo. Algumas unidades de apoio ainda estão armadas com modelos AKM. Há também um crescente interesse nas armas 7,62 mm, pois as tropas ficaram desapontados com a baixa eficácia da munição 5,45 mm durante os conflitos locais na década de 1990. Algumas forças especiais (principalmente da polícia e do Ministério de Assuntos Internos), atualmente operam na Chechênia, com fuzis AKM.

Os modelos AK e AKM foram amplamente exportados para os países pró-soviético em todo o mundo. Licenças de fabricação e pacotes de dados técnicos foram transferidos (gratuitamente ou com taxa nominal) para muitos países do Pacto de Varsóvia (Albânia, Bulgária, China, Alemanha Oriental, Hungria, Coréia do Norte, Polônia, Romênia, Iugoslávia). Países amigos, como o Egito, Finlândia e Iraque, também receberam licenças de fabricação.

Atualmente, apesar da proliferação do calibre 5,56 / 5,45 mm, muitas empresas continuam a fabricar fuzis 7,62 mm para uso militar ou policial. Além disso, a produção das AKs semi-automáticas continua em muitos países, incluindo a Rússia, Bulgária, Romênia, China, entre outros.

No início dos anos 1990, a versão final, denominada AK-74M (de Modernizirovanniy ou “modernizado”) se tornou padrão no exército russo e das nações da Comunidade de Estados Independentes. Essa versão incorporou grande número de peças em polímero, inclusive uma coronha dobrável que se tornou padrão. Um pouco depois, uma série conhecida pelos especialistas como “centurial”, por incluir o números da série 100 na notação, foi lançada, destinada principalmente à exportação: os AK-101, AK-102, AK-103, AK-104 e AK-105. Adotam diversos calibres e têm conseguido boa penetração no mercado internacional.

O AK-101 dispara munição 5,56X45 mm e usa o mesmo sistema de funcionamento e configuração do AK-74M. O AK-103 é uma versão do AK-74M calibrada para o calibre 7,62X39 mm, muito apreciado por forças policiais russas que precisam de um fuzil com maior poder de parada e com os aperfeiçoamentos do AK-74M.  Os fuzis AK-102 em calibre 5,56X45 mm, AK-104 em calibre 7,62X39 mm e AK-105 em calibre 5,45X39 são versões curtas dos fuzis AK-74M, AK-103 e AK-101 em 9X39 mm. Esta versão possui trilho picatinny na parte de cima do fuzil e pode ser considerada a primeira versão do AK com este recurso de fabrica.

O AK-101 dispara o calibre 5,56X45 mm. Esta versão visa o mercado de exportação,

principalmente em nações ocidentais onde este calibre é bastante popular.

Um fuzil que deriva do AK-47, porém com melhorias mais significativas em seu sistema de funcionamento é o novo AK-107 e seu irmão AK-108. Nestes fuzis, os engenheiros instalaram um tubo de gases mais longo onde um pistão se move para trás no memento do disparo, para ejetar a munição usada e carregar uma nova munição na câmara, porém, um segundo pistão se move na direção contraria diminuindo o recuo da arma de forma eficaz. Este sistema é chamado de ação equilibrada (balanced action). Outra melhoria foi a instalação da capacidade de seleção de rajadas curtas de 3 tiros, recurso que não há em nenhuma outra versão do Kalashnikov. O AK-107 é produzido no calibre 5,45X39 mm e a versão para exportação, o AK-108, dispara o calibre 5,56X45 mm. Estes modelos diferem, esteticamente, dos fuzis AK-74, apenas pelo seu tubo de gases mais longo, que nestas armas vão até o freio de boca do cano. Embora possam ser consideradas as melhores armas da família Kalashnikov, estes modelos não tiveram sucesso comercial.

O fuzil AK-107, uma moderna versão do fuzil AK-74, apresenta um tubo de gases avantajado sobre o cano para acomodar o pistão de funcionamento do ferrolho e o pistão que se move no sentido contrario para balancear o recuo.

Atualmente, o mais avançado derivado do AK-47 é o novo fuzil AK-200, fabricado pelo fabricante original, a Izhmash. Nele foram introduzidos recursos encontrados em armamentos muito mais modernos como o SCAR. Por exemplo, o AK-200 pode trocar, facilmente de calibre com a simples troca, em campo, de seu cano e carregador. Não está claro, ainda, se as forças armadas russas adotarão esta versão moderna do seu fuzil Kalashnikov.

O mais moderno representante da dinastia Kalashnikov é o novíssimo AK-200, que trouxe o modelo para a modernidade. recursos como a troca de calibre é um dos novos talentos deste moderno fuzil, antes só encontrados em projetos recentes.

Reputação e fabricantes

O Kalashnikov tem alta reputação entre especialistas por sua resistência à água, areia e lama, bem como por sua manutenção simples. Tem a fabricação de baixo custo e curto período de tempo, com cadência de 600 tiros/minuto. A velocidade do projétil na boca do cano é de 721 m/s, com munição calibre 7,62 x 39 mm (cartucho curto, padrão russo).

Em comparação a seu maior rival, o fuzil de fabricação norte-americana M-16, o AK-47 tende a ser mais confiável e mais resistente aos elementos supracitados, também exigindo menos cuidados de limpeza e manutenção.

Quando comparada a espingardas modernas, a sua fama é folclórica, visto que contem muitas partes móveis, prejudicando a precisão de disparo, é muito ruidosa, é muito pesada, tendo em média, 4,3 kg (sem o carregador de munição, que pode conter 20, 30 ou 90 cartuchos) e tem um raio de ação eficaz de apenas 300 m, bem abaixo dos fuzis modernos.

A confiabilidade mecânica dos fuzis da família AK acabaram tornando este fuzil extremamente popular. Por isso algumas indústrias desenvolveram fuzis baseados no sistema de funcionamento do AK-47. A Finlândia, por exemplo, através da extinta empresa Valmet, produziu um fuzil chamado M-62 que era, essencialmente, um AK-47 muito melhorado (eles fabricaram o M-60, um AK-47 fabricado sob licença, também). Um dos principais pontos de melhoria foi a precisão da arma, onde um novo modelo de mira associado a um sistema de funcionamento modificado em relação ao AK-47 original, garantiram este aperfeiçoamento no desempenho da arma. O calibre foi o 7,62X39 mm e o carregador do M-62 era, exatamente o mesmo que o do AK-47. Este fuzil é, hoje, o atual fuzil regulamentar das tropas finlandesas. Uma versão modificada da M-62 para o mercado de exportação foi produzida em calibre 5,56X45 mm ,7,62X51, assim como o calibre original 7,62X39 mm com o nome de M-76, tendo uma boa fama nos mercados civis onde esse tipo de armamento é liberado.

Um fuzil Valmet M-62 (Rk-62) usado até os dias de hoje no exército finlandês.

O fuzil Valmet M-76F, fabricado em calibre 5,56X45 mm para o mercado de exportação. este modelo foi bastante elogiado pelos consumidores norte americanos, cujo regime político é democrático o suficiente para permitir ao cidadão de bem, adquirir um exemplar deste excelente armamento.

A extinta Iugoslávia (atualmente Servia) fabricou um derivado do AK-47, fabricado pela Zastava Arms chamado M-70 que possui uma telha mais comprida e um acabamento melhor que os AK originais. Mecanicamente o funcionamento é o mesmo do Kalashnikov. O modelo foi exportado para os Estados Unidos pela empresa Mitchell Arms, porém, o acabamento destes fuzis eram diferentes das armas usadas pelo exercito iugoslavo.

Um exemplar do belo fuzil M-70, fabricado pela empresa Zastava

Como vimos a China produziu uma cópia do AK-47 chamada Type 56. A qualidade deste modelo, porém, era inferior ao dos AK-47 russos. Uma versão aperfeiçoada, conhecida como Type 81, dimensionada para o calibre 7,62X39 mm, foi usada pelo exército chinês até 1995. Este modelo era bastante parecido com o AK-47, porém, com diferenças na coronha, posicionamento das miras e do carregador, que é montado um pouco mais a frente que nos Aks originais.

Um fuzil chinês Type-56S. Esteticamente, o modelo é idêntico ao AKS russo.

A Romênia tem um modelo do AKM muito interessante conhecido como AMD-63 e AMD-65. Estas armas tem um grip tipo pistola na telha, facilitando seu uso no momento do disparo. O AMD-65, especificamente é interessante por ser mais curto (12,6 polegadas) que o AKM padrão, o que lhe dá vantagens em ambientes apertados como numa casa, por exemplo. Mecanicamente são idênticos ao AK original.

Um exemplar do fuzil romeno AMD-65. A manopla de manejo montada abaixo do cano facilita os tiros em regime automático.

Israel, com sua interminável guerra com seus vizinhos árabes, pode perceber, em suas inúmeras batalhas, problemas sérios de funcionamento de seus fuzis FAL (sim, Israel já os utilizou!!!), relacionados ao acumulo de areia fina, comum naquela região onde Israel se localiza, e ao mesmo tempo, a boa confiabilidade dos fuzis AK-47 nas mãos de seus inimigos. Esse fato foi tão marcante que algumas tropas de Israel acabavam substituindo seus FALs por Aks capturados de soldados inimigos mortos. Um militar israelense, chamado Yisrael Galili, junto com Yaacov Lior, projetaram um fuzil que foi batizado de Galil, produzido pela poderosa industria israelense IMI. O Galil é baseado no funcionamento dos fuzis AK-47, porém com foco nos melhoramentos que a Valmet finlandesa conseguiu incrementar em seus M-62/M76, descritos acima. O Galil, diferentemente da família AK e dos fuzis Valmet, não possui uma versão no calibre 7,62X39 mm original. Os dois calibres para qual foi projetado este fuzil são os ocidentais 5,56X45 mm e o potente 7,62X51 mm (o mesmo do nosso velho FAL). Seu funcionamento, como se pode presumir, é ótimo, sendo considerado extremamente confiável, porem com a precisão muito melhor quer dos Aks e equivalente a dos Valmets. O carregador do Galil em calibre 5,56, permite 35 tiros (5 tiros a mais que os carregadores STANAG usados nos M-16/AR-15) e possuem, alternativamente, carregadores de 50 e 65 tiros.

 A África do Sul produz sua versão do Galil através da empresa DENEL sob o nome R-4 e R-5, com modificações “cosméticas” sobre o Galil, porém com o mesmo sistema de funcionamento e capacidade de munição.

O Galil foi seguido pelo fuzil croata APS-95, que, mecanicamente, é um Galil, porém, esteticamente, bastante mudado. Com a ergonomia melhorada. O APS-95 tem uma mira óptica de série com aumento de 1,5Xm sendo o único fuzil derivado do AK que tem este acessório de fábrica.

A Servia produz uma variante própria, modificada, do AK-47, chamada M-21. O modelo lembra o Galil, também, e usa o calibre 5,56X45 mm. Uma interessante características é o uso de trilhos picatinny para facilitar a instalação de acessórios e que dá um toque de modernidade ao maduro projeto da família AK.

O fuzil israelense Galil pode ser considerado um reconhecimento da confiabilidade mecânica do sistema de Mikhail Kalashnikov por parte do exército israelense. Embora não tenha sido usado por muito tempo nas mãos do exercito judeu, o Galil é um armamento que agrega a confiabilidade do AK-47 com a precisão da munição 5,56X45 mm.

A Índia, um grande parceiro comercial da Rússia, tem um modelo de fuzil baseado no sistema AK-47, chamado INSAS. Este fuzil tem o mesmo sistema de operação do AK-47, porém com o recurso de regulagem de captação de gases no tubo, semelhante ao que ocorre no fuzil FAL. A Índia escolheu, também, usar o calibre ocidental 5,56X45 mm e um outro exótico calibre, o 5,56X30 mm Minsas. O INSAS possui o recurso de rajadas curtas de 3 tiros.

Quadro resumo sobre a produção apenas de modelos militares derivados do Kalashnikov fora da União Soviética/Rússia

País Modelos (s)
Albânia
Automatiku Shqiptar modelo 56 (ASH-78 Dica-1) albanesa modelo rifle automático Assalto 56 Tipo-1 [Made in Poliçan Arsenal]
Automatiku Shqiptar Tipi 1982 (ASH-82) albanesa Tipo rifle automático Assalto 1982  
Automatiku Shqiptar modelo 56 (ASH-78 Dica-2) albanesa Light Machine Gun [Made in Poliçan Arsenal]
Automatiku Shqiptar modelo 56 (ASH-78 Dica-3) modelo albanês rifle automático híbrido 56 Tipo-3 [Made in Poliçan Arsenal] (rifle híbrido para multi-usos, principalmente papéis rifle atirador com fuzil de assalto secundário e capacidade lançador de granadas)
Outras variantes desconhecidas.
Várias outras versões não identificadas e não identificadas do AKMS foram produzem principalmente com barris curtos semelhantes ao Soviética AKS-74U , principalmente, para a tripulação forças Tank, e blindada especial também para os pilotos de helicóptero e policiais.
Também houve modificações e produção fresca de fortemente modificadas ASh-82 ( AKMS ) com SOPMOD acessórios, principalmente para especial da Albânia forças RENEA e exportações.
Bangladesh Chinês Tipo 56
Bulgária AKK (Tipo 3 AK-47), AKKS (Tipo 3, com coronha dobrável lado)
AKKMS (AKMS) AKKN-47 (acessórios para vistas da noite NPSU)
AK-47M1 (Tipo 3 com preto móveis polímero)
AK-47MA1/AR-M1 (o mesmo que-M1, mas em 5,56 milímetros NATO)
AKS-47M1 (AKMS em 5.56x45mm NATO ), AKS-47MA1 (o mesmo que AKS-47M1, mas semi-automático)
AKS-47S (AK-47M1, versão curta, com o Leste alemão estoque dobrável, aparelho de laser com o objetivo)
AKS-47UF (versão curta-M1, dobrável russo), AR-SF (mesmo que-47UF, mas 5,56 milímetros NATO)
AKS-93SM6 (semelhante a-47M1, não pode usar o lançador de granadas)
RKKS , AKT-47 (0,22 rifle treinamento rimfire)
BARR-101 (semi-automático, apenas a versão com uma revista de cinco-round)
Camboja Chinês Tipo 56 , o soviético AK-47, e AKM
Rep. Pop. da China Tipo 56
República Democrática Alemã MPI-K (AK-47), MPI-KS (AKS), MPI-KM (AKM), MPI-KMS-72 (AKMS), KK-MPI Mod.69 (0,22-Lr treinador selecione-fogo);
Egito AK-47, fuzil de assalto Misr (AKM), Maadi.
Etiópia AK-47, AK-103 (fabricado localmente no Estado de gerência Complexo Engenharia Gafat Armamento como a Et-97/1
Hungria AK-55 (fabricação nacional do Modelo 2 AK-47) AK-63 D / E (AMM / AMMSz), AKM-63 , AMD-65 , AMP-69, NGM-81 (AK-63 em 5,56 milímetros NATO)
Iraque Tabuk Sniper Rifle , Tabuk Assault Rifle (com estoque fixo ou underfolding, clones definitivas de iugoslavo série rifles M70), Tabuk Assault Rifle curto
Índia Assalto Trichy Rifle 7,62 mm, fabricado pela Fábrica Ordnance Tiruchirappalli de Ordnance Factories Conselho
Irã KLS (AK47), KLF (AKS), KLT (AKMS)
Israel IMI Galil
Finlândia RK 62 , RK 95 TP
Macedónia M60
Nigéria Produzido pelo Indústrias de Defesa Corporation of Nigéria como OBJ-006
Coréia do Norte Tipo 58A (Tipo 3 AK-47), Tipo 58B (estoque de aço estampado dobrável), Tipo 68A (AKM-47) Tipo 68B (AKMS), Tipo 88 (AKS-74)
Paquistão Engenharia reversa à mão e máquina no Paquistão highland áreas próximas à fronteira com o Afeganistão, mais recentemente, as fábricas Ordnance Paquistão iniciou a fabricação de um AK47 / AKM clone chamado PK-10
Filipinas Armscor MAK22 e MAK22FS
Polônia PMK / kbk AK (nome mudou de PMK - "pistolet maszynowy Kałasznikowa", Kalashnikov AK SMG ao kbk - "karabinek AK", Kalashnikov Carbine em meados dos anos 1960) (AK-47), kbkg wz. 1960 , kbk AKM (AKM), kbk AKMS (AKMS), kbk wz. 1988 Tantal baseado no 7,62 milímetros kbk AKMS wz. 81 , kbs wz. 1996 Beryl
Romênia PM md. 63 (AKM), PM md. 65 (AKMS), PM md. 90 (AKMS), coletivamente exportados sob o guarda-chuva ou nome AIM AIMS, Draco 7.62x39mm Pistol
PA md. 86 (AK-74), exportado como o AIMS-74
PM md. 90 cano curto (AK-104), PA md. 86 cano curto (AK-105) exportado como o AIMR
Sérvia M92 , M21 , M70
África do Sul R4 rifle de assalto
Sudão MAZ, [70] com base no Tipo 56
Vietnã Chinês Tipo 56 , o soviético AK-47, AK-74 , AK-108 e AKM
Venezuela Licença concedida, a fábrica em construção
Iugoslávia M60 , M64 (AK-47 com cano longo), M64A (lançador de granadas), M64B (M64 w / coronha dobrável), M66, M70 , M70A, M70B1, M70AB2 , M76 , M77 , M-21

Certamente mais Kalashnikov foram produzidos em outros lugares, mas a lista acima representa produtores conhecidos e é limitado a apenas variantes militares. Uma atualização de design do AK-47 ainda é produzido na Rússia.

Usuários mundiais

Em 1958, Kalashnikov participou de seu primeiro conflito fora de casa: com apoio da URSS que proveu os armamentos, o Vietnam do Norte invadiu o Laos e, pouco mais de seis anos depois, quando do envolvimento dos EUA na Guerra do Vietnam os AK-47 provaram seu desempenho nas florestas tropicais lamacentas contra o  M-16.



Operador Recce da África do Sul descansa durante uma missão em 1982. Os operadores Recces usavam de uma série de artifícios para não chamarem a atenção durante suas missões nas savanas africanas. A começar pelo disfarce da sua pele branca com um creme de camuflagem. Ele também usa um mistura de trajes militares, sua camiseta é de padrão de camuflagem alemão oriental e sua calça imita a camuflagem cubana. Ele está armado com um fuzil AK-47 de fabricação soviética, que era a arma mais comum usada pelos guerrilheiros.


“Nos anos seguintes à Guerra do Vietnam, o AK-47 iria se espalhar pelo planeta dando poder e prestígio a traficantes, assassinos e terroristas que mudariam a face do mundo”. A citação é de Lary Kahner em seu livro AK-The Weapon that changed the face of war e serve para nos ajudar na visão do processo que levaria o rifle de assalto a todos os cantos do planeta: com a vitória em campos asiáticos, a República Soviética decidiu avançar sobre o Afeganistão buscando expandir o comunismo ao Oriente Médio. Forneceram assim armas ao país, que se declarou favorável à URSS em 1978 após o assassinato do governante Sardar Daoud Khan (e de toda sua família) e subiu ao poder o Partido Democrático Popular, comunista. Dez anos depois o regime chegava ao fim com a expulsão dos soviéticos pelos mujahedin (que foram treinados e armados pelos Estados Unidos), mas o AK-47 já estava enraizada na memória afegã.

Com o fim da União Soviética, grandes estoques de tanques, helicópteros e outros armamentos ficaram inutilizados. Mas por pouco tempo: os próprios militares da ex-república socialista encarregaram-se de negociar clandestinamente todo o arsenal comunista através de figuras como Victor Bout, que inspirou o Yuri Orlov do filme “O Senhor das Armas”. Iria assim alimentar a demanda dos rebeldes e guerrilheiros africanos; também dos governos que seriam por eles implantados como o da Libéria de Charles Taylor. Este viria a se tornar conhecido como um dos maiores psicopatas da história e a AK-47 viria, mais uma vez, a se tornar ícone de um povo.

  

Guerrilheiros afegãos armados com seus kalashnikov durante a década de 1980, quando lutavam contra os invasores soviéticos.

O neocolonialismo que se estabeleceu na Ásia e África desde o início do século XX, após a Segunda Guerra Mundial pôs-se a desmoronar através de revoltas que demandavam pela independência territorial dos domínios sob administração de países europeus como Holanda, França e Portugal. Mas o que tornava o caso Africano extremamente truncado era que as fronteiras estabelecidas por esses países da Europa simplesmente não condiziam com as fronteiras seculares estabelecidas entre as comunidades e tribos locais que, por tantas vezes inimigas, tinham de partilhar o mesmo espaço. Sendo assim pode-se entender as consequências das lutas por independência dos países da África somadas ao ódio imemorial entre grupos que agora exigiam cada um ser a hegemonia local. Não só isso, some as imensas jazidas de diamantes, psicóticos, o extenso arsenal sem uso de uma ex-República Soviética e vendedores de armas interessados em fazer negócios com ela. Está aí a receita para que as fábricas de AK-47 tenham clientes para mais de meio século.

Libéria, Angola, Sudão e Moçambique foram os países da África que mais receberam carregamentos do AK-47. As fontes eram fábricas na Albânia, Egito, Hungria, Alemanha, Bulgária, entre outras, que as forneceram aos estados africanos em formação. Ou seja, forneceram a todas as milícias que disputavam, cada uma em seu local, serem o governo de seus estados em formação. Líderes rebeldes armaram populações inteiras, inclusive crianças que, como já vimos, podiam manejar este rifle bastante simples e mortífero.

Logo, o produto tornou-se tão abundante que chegou a ser vendido a US$ 10 ou trocado por um cacho de bananas. Com diamantes do Togo e da Guiné, o ditador Charles Taylor fez chover abundantemente os AK-47 na Libéria. Em 1975, a guerra de dez anos pela libertação de Moçambique chegava ao fim e, na sequencia, um conflito civil onde o país seguiu por um calvário de tendências políticas. Quando da assinatura do Acordo Geral de Paz, em 1994, a bandeira nacional já estava estabelecida: nela figura potente um AK-47 como símbolo de um povo e sua luta.

Mas ainda restava a América do Sul a ser conquistada. Como já vimos, este rifle de assalto adapta-se muito bem às mais diversas condições como umidade e terrenos lamacentos. Qual arma poderia ser preferida pelas forças guerrilheiras latinas? O AK-47 chegou à Nicarágua nos anos de 1970, comprado com a mercadoria abundante local, a cocaína, para colaborar nas lutas da Frente Nacional de Libertação Sandinista (nome inspirado no general Augusto Sandino) que depôs, após 40 anos de ditadura da família Somoza, o presidente Anastásio Somoza. Os rebeldes da esquerda comunista tomaram o poder e construíram em Manágua – capital do país – a estátua de um guerrilheiro erguendo um kalashnikov. Lê-se impresso em sua base: “No final só restarão trabalhadores e camponeses”. Na verdade restaram também muitos rifles AK-47 que passaram então a ser revendidos nos vizinhos como Honduras e El Salvador, daí para narcotraficantes e facções rebeldes do Peru, Colômbia e Brasil, onde é vendida a preços baixos e figura como uma arma básica nas mãos de membros do Comando Vermelho – no Rio de Janeiro - ou do Primeiro Comando da Capital - em São Paulo. São cantadas alegremente nas festas de funk ou rap locais.

Essas armas também chegam ainda hoje na América Latina de forma legal. Em 2005, Hugo Chávez adquiriu da Rússia 100.000 AKs e já anunciou a intenção de construir no país uma fábrica de AK-103 nos arredores de Caracas. Ou seja, a AK-47 adentra o século XXI gozando de uma saúde invejável, a despeito de todo sangue derramado – estima-se que tenha matado, pelo menos, 7 milhões de pessoas com suas quase 100 milhões de unidades fabricadas. A AK-47 é, segundo o Guiness Livro do Recordes, a arma de fogo atualmente mais utilizada no mundo.

Modelos

AK-46: protótipo que deu origem ao AK-47;
AK-47: modelo de produção inicial, com uma caixa de culatra de metal estampado do Tipo 1;
AK-47/1952: modelo com uma caixa de culatra maquinada, coronha e guarda-mão de madeira e câmara e cano cromados para resistirem à corrosão;
AKS-47 ou AK-47S: variante da AK-47 com coronha metálica dobrável, para uso no interior de veículos fechados;
RPK: variante de apoio de fogo, com cano mais longo e bipé;
AKM: variante aperfeiçoada e mais leve da AK-47. Dispõe de uma caixa de culatra do Tipo 4, feito de metal estampado e rebitado, um dispositivo na boca do cano para contrariar o seu levantamento em fogo automático e uma redução de peso para os 3,61 kg;
AKMS: versão de coronha rebatível para baixo da AKM, para uso de tropas aerotransportadas;
AK-74: versão de calibre 5,45 x 39 mm;
AK-74N: versão da AK-74 com dispositivos de visão noturna
AKS-74: Variante da AK-74 com coronha feita em aço dobrável para esquerda;
AK-101: versão de calibre 5,56 mm NATO, destinada ao mercado de exportação;
AK-103: versão combinando os aperfeiçoamentos introduzidos na AK-74 com o calibre 7,62 x 39 mm;
AK-107: versão aperfeiçoada da AK-74.
AK-9: adição mais recente à família, em 2006.

Especificações
Peso:

3,8 kg (descarregada)
4,3 kg (carregada)
 

Comprimento:

870 mm


Comprimento do cano:

415 mm
 

Calibre:

7,62 x 39 mm
 

Ação:

Gás
 

Cadência de tiro:

600 tpm


Velocidade de saída:

721m/s
Alcance efetivo:

300 m


Sistema de suprimento:

Carregadores de 20, 30 ou 90 munições
 

Mira:

Alça regulável e ponto de mira

 

Fonte:

Wikipedia

http://jbitten.wordpress.com

http://landcombatcb.blogspot.com.br/2011/05/izhmash-kalashnikov-ak-47-maior-lenda.html

http://landcombatcb.blogspot.com.br/

 

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