Perfil da Unidade

SPECIAL AIR SERVICE - SAS

CAMPANHAS

Falklands - 1982


Operador do SAS nas Falklands, armado com um Colt Commando.

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Desde 1833, as Ilhas Falklands, no sul do Atlântico, estão debaixo da soberania britânica. A Argentina também reivindicou as ilhas no passado. Em 1982, o chefe da junta militar argentina General Galtieri decidiu retomar as ilhas. Em 2 de abril de 1982 forças argentinas invadiram as Falklands. 


A notícia da invasão das ilhas Falklands causou indignação na Grã-Bretanha. Numa sessão extraordinária na Câmara dos Comuns, no dia 3 de abril de 1982, o governo da primeira-ministra Margaret Thatcher foi alvo de ataque de todos os lados, por ter subestimado a "invasão" dos operários na Geórgia do Sul (ver artigo anterior) e outros indícios das intenções da junta militar argentina. Todos exigiam a retomada das ilhas. Na esteira desses acontecimentos, o secretário das Relações Exteriores, lorde Carrington, e o ministro da Defesa, John Nott, renunciaram ao cargo, juntamente com dois colegas menos graduados. Thatcher persuadiu Nott a permanecer no ministério, mas Carrington foi substituído por Francis Pym.


Diante das críticas, o governo prometeu adotar providências imediatas - e, na verdade, antes mesmo do ataque às Malvinas, a resposta militar britânica já estava a caminho. Informações do serviço secreto e fotos de reconhecimento de satélites americanos passadas "rotineiramente" aos britânicos indicavam com clareza os preparativos militares argentinos na última semana de março; no dia 29, diversos submarinos receberam ordem para se dirigir ao Atlântico sul. Em 48 horas, o HMS Spar-tan foi carregado com torpedos e partiu de Gibraltar. O HMS Splendid seguiu no dia 1.° de abril e o HMS Conqueror no dia 4. Entretanto, viajando à velocidade média de 23 nós, o Spartan só chegou a Port Staniey no dia 12 de abril - tarde demais para deter a invasão.


Outro evento do dia 29 de março foi o início dos estudos sobre a organização de uma força-tarefa para o Atlântico sul. A decisão partiu de Sir Henry Leach, primeiro lorde do Almirantado. Sua equipe de operações concordou em que a eventual retomada das Falklands não poderia ser considerada sem o uso de todos os recursos disponíveis, incluindo porta-aviões e unidades anfíbias de ataque. Naquele momento, a maior concentração de navios de guerra convenientemente localizados para uma missão no Atlântico sul era a Primeira Flotilha, com cerca de vinte navios em manobras nas proximidades de Gibraltar; poderia ser o núcleo de uma frota mais equilibrada.Numa reunião de alto nível realizada em 31 de março, Leach assegurou aos integrantes do Gabinete que até o dia 5 o velho porta-aviões HMS Hermes, que estava em Portsmouth para reforma, e o HMS Invincible, recém-chegado das manobras, poderiam partir para as Malvinas.


Era o começo de um período frenético de preparativos envolvendo improvisações em todos os níveis.Batalha contra o tempo Como prometido, o Hermes e o Invincible foram preparados em tempo recorde e despachados de Portsmouth em 5 de abril, para seguir com os integrantes da Primeira Flotilha. Os principais navios do grupo eram três contratorpedeiros Type 42 - Coventry, Sheffielde Glasgow - e duas fragatas Type 22 - Brilliant e Broadsword.

Nesse estágio, inexistiam planos prefixados para o desempenho da força-tarefa; não havia nem mesmo a convicção de que seria necessário empregar a força. Certamente não fora considerado com seriedade o fato de os britânicos terem de desembarcar nas Falklands com efetivos suficientes para derrotar uma guarnição argentina de 12.000 homens. Por outro lado, as autoridades navais concluíram que um contingente de infantaria mostrar-se-ia bastante útil: se necessário, uma área da Malvina do Leste, com insuficiência de guarnições, poderia ser tomada e transformada em pista de pouso provisória para os aviões Phantom, garantindo absoluta superioridade no ar.  



A Marinha Real havia sido a primeira força a perceber as implicações da crise nas Malvinas; por esse motivo, todo o empreendimento foi organizado e conduzido sob o comando naval. Naturalmente, os almirantes voltaram-se primeiro para a própria tropa: em 2 de abril, a Brigada Comando 3 do Corpo de Fuzileiros da Marinha Real foi convocada para embarcar rumo ao Atlântico sul. A brigada foi logo aumentada com o 2.° e o 3.° batalhões do Regimento de Pára-quedistas, duas tropas de Blues e Royals com tanques leves, além de baterias de artilharia, sinaleiros e forças especiais. 

Para os atacantes poderem chegar à praia diante da resistência argentina, foram acrescentados à força-tarefa os navios anfíbios de assalto Fearless e Intrepid, juntamente com equipamentos complementares para desembarque. Com eles partiram os seis navios logísticos de desembarque da Marinha, cujos nomes homenageavam os cavaleiros da Távola Redonda: Sir Bedivere, Sir Galahad, Sir Tris-tram, Sir Geraint, Sir Percivale e Sir Lancelot. Os homens embarcaram no Canberra e no Norland, um barco de passageiros e umferry do mar do Norte requisitados pela Marinha Real. Não há dúvida de que as instalações desses navios civis permitiram que a infantaria estivesse, ao fim da longa viagem, em condições de combate bem superiores às que teria se viajasse em barcos menores.  

O SAS 

 

Três sorridentes operadores do SAS nas Falklands. Eles estão bem agasalhados para o duro clima das ilhas e armados com fuzil automático M-16A1 de 5.56mm de fabricação americana.

Assim que a notícia da invasão chegou ao Diretor do Grupo do SAS, General Peter la de Billière, e do comandante do 22 SAS, tenente coronel Michael Rose, eles começaram a lutar para incluir o regimento na força tarefa que iria para o Atlântico Sul. Eles foram bem sucedidos em seus esforços pois quando o porta-aviões HMS Hermes zarpou do porto de Portsmouth, os membros do Esquadrão D (Major Cedric Delves) estavam a bordo. Outros membros do Esquadrão D voaram diretamente para a ilha de Ascensão, no meio do Atlântico, naquele mesmo dia. Por volta do dia 4 de abril, o Esquadrão G estava a caminho juntou com o QG do 22 SAS Regimento. Michael Rose colocou o Esquadrão D e o seu QG sob as ordens do Brigadeiro Thompson, comandante da 3 Brigada dos Royal Marines. (Naquele momento, o 3 Comando era a principal força de desembarque.) 
 
Como parte do grupo de planejamento Michael Rose pode ajudar a desenvolver uma estratégia para as forças especiais britânicas que incluiu um papel ofensivo para o Esquadrão D. Além do SAS os britânicos contavam com os Royal Marines Commandos e o SBS. Ficou decidido que seriam realizados muitas missões de reconhecimento com as patrulhas sendo desembarcadas em terra pela Royal Navy, mas ai surgiu um problema: A Royal Navy não tinha experiência em operações especiais, principalmente com o SAS. Por isso o planejamento teve que ser intensificado.

As Geórgia do Sul 

A tomada das Falklands pela Argentina pegou os britânicos de supressa. Eles não tinham uma estratégia definida de ação, existiam pessoas no governo que achavam até que a guerra podia ser evitada. Mas qualquer que fosse a estratégia adotada, era evidente que não se podia esperar uma vitória rápida nas Falklands.  

Todavia, o governo britânico precisava de um sucesso militar extraordinário para satisfazer a opinião pública - e também para reforçar as pressões diplomáticas sobre a Argentina. A Geórgia do Sul constituía um objetivo evidente, pois estava fora do alcance da aviação argentina e sua guarnição não era substancial. Além disso, poderia proporcionar um local para o reparo de aviões avariados ou a concentração de transportes de tropas, a salvo das tempestades do Atlântico sul. 

Em 6 de abril, começou a organização de uma força combinada para retomar a Geórgia do Sul, constituída pelo destróier Antrim, a fragata Plymouth e o navio-tanque Tidespring. As unidades necessárias à ofensiva foram enviadas de avião da Inglaterra para a ilha da Ascensão; eram formadas pela Companhia M, Comando 42, sob as ordens do major Guy Sheridan; as Tropas de Montanha e Barco do Esquadrão D do 22.° Regimento do Serviço Aéreo Especial (Special Air Service, SAS), sob o comando do major Delves, e a Seção 2 do Esquadrão Especial de Embarcações (Special Boat Squadron, SBS). A operação para retomada da Geórgia do Sul recebeu o nome de Operação Paraquat.

A guarnição argentina na Geórgia do Sul consistia em dois destacamentos de fuzileiros navais com base em Grytviken e Leith. Contudo, o terreno agreste e o tempo inclemente desencorajavam qualquer avanço para além dessa região. Como resultado, vários integrantes da Base Britânica de Geologia na Antártida (British Antarctíc Survey, BAS) permaneceram em liberdade, assim como duas jornalistas da televisão, Cindy Buxton e Annie Price. A assistência militar britânica também não estava de todo ausente, pois o HMS Endurance permaneceu ao largo, pronto para juntar-se às unidades da força-tarefa quando chegassem. 

No dia 10 de abril, o grupo de assalto partiu da ilha da Ascensão. No dia 12, encontrou o Endurance, a 1.600 km ao norte da Geórgia do Sul. Para verificar se as rotas marítimas de aproximação estavam desimpedidas, livres de minas, foi feito um reconhecimento pelo submarino Conqueror e depois por um aparelho Victor da Força Aérea. Em 21 de abril, um helicóptero conduziu ao Antrim um dos cientistas da BAS, que forneceu informações sobre as posições argentinas. 

Os lances iniciais da operação chegaram à beira da catástrofe. A primeira fase envolvia o transporte da Tropa de Montanha do SAS até as partes mais elevadas da geleira Fortuna, de onde as patrulhas poderiam observar o inimigo e examinar possíveis locais de desembarque. Os cientistas da BAS duvidavam que fosse possível a sobrevivência no alto da geleira; no entanto, o comandante da Tropa de Montanha do SAS, capitão John Hamilton - que mais tarde sacrificaria a vida para salvar seu sinaleiro durante um combate nas Falklands do Oeste -, estava determinado a tentar. 

Assim que os homens do SAS desceram no local designado para desembarque, foram envolvidos por violenta tempestade de neve, com ventos cortantes de 160 km/h, que reduziam a visibilidade a zero e impossibilitavam qualquer movimento. De noite, todas as barracas, com exceção de uma, foram estraçalhadas; às 11:00h do dia 22, Hamilton confirmou pelo rádio que a posição era insustentável. Um helicóptero Wessex 5, despachado para buscar o grupo, caiu devido a um whiteout: condição climática peculiar, na qual não se vê uma sombra sequer, nem o horizonte. O fenômeno é causado por uma espessa camada de nuvens atravessada por luminosidade essencialmente igual à refletida pela neve. 

Outro aparelho foi enviado e conseguiu colocar todos a bordo, mas sofreu acidente semelhante logo após a decolagem. Uma hora depois, um Wessex 3 conseguiu resgatar o grupo SAS e as tripulações dos dois helicópteros; seu piloto, tenente-comandante lan Staniey, recebeu uma condecoração por seu desempenho com o aparelho lotado. 

 

Hoemns do Esquadrão D do SAS verificam um Wessex 5 acidentado na Geórgia do Sul.

Na mesma noite, a Tropa de Barco também escapou por milagre. Os motores de popa de dois de seus cinco barcos de assalto Gemini, infláveis, enguiçaram e as embarcações desapareceram na tempestade. Uma das tripulações foi resgatada na manhã seguinte e a outra três dias mais tarde, graças aos sinais de emergência do rádio. Os três barcos restantes alcançaram seu objetivo na ilha Grass - sendo logo retirados, pois o gelo começou a retalhar os cascos de borracha. Todavia, uma patrulha do SBS foi levada de helicóptero ao vale Sõrling e no dia seguinte chegou ao fiorde Moraine. 

Em 24 de abril, o comandante do grupo, capitão Brian Young, do Antrim, foi avisado via satélite da presença de um submarino e de aviões de patrulha Hércules C-130 argentinos. Esperando o reparo de seus helicópteros, Young decidiu retirar-se para o norte da ilha, onde encontrou a fragata Brilliant. A seguir, deixando a maior parte da Companhia M no Tidespring, voltou para o sul e organizou uma patrulha anti-submarina. 

Na madrugada de 25 de abril, o radar do Wessex do tenente-comandante Staniey captou um contato a 8 km da costa. Era o submarino Santa Fé, que conduzira mais quarenta fuzileiros para reforçar a guarnição argentina em Grytviken. O comandante Staniey atacou de imediato, lançando duas cargas de profundidade de 172 kg cada. As avarias obrigaram o Santa Fé a inverter o curso e voltar a Grytviken, deixando um rastro de fumaça e óleo. Um helicóptero Lynx do Brilliant e os Wasp do Plymouth e do Endurance continuaram a castigar o submarino com fogo de metralhadora e mísseis. Chegando ao porto, o submarino foi levado para junto do cais e rapidamente abandonado. 

Era o momento de esquecer os ataques cuidadosamente planejados e explorar o choque, a confusão e o desânimo que a bem-sucedida incursão britânica havia causado nas linhas inimigas. Embora a maior parte da Companhia M estivesse a bordo do Tidespring, o major Sheridan conseguiu reunir 75 combatentes, lançando mão de seus comandados, de fuzileiros do próprio navio e do pessoal do SBS e do SAS. Os helicópteros Lynx e Wessex começaram a transportá-los para terra firme, em Hestesletten, onde fora instalado um quartel-general tático e uma posição de morteiro. 

Sheridan avançou, contornando o monte que separava Hestesletten de Grytviken, enquanto um Wasp transportava o capitão C. Brown, oficial de apoio da Artilharia Naval, a um ponto de onde poderia dirigir o fogo dos navios contra as posições argentinas. O Antrim e o Plymouth realizaram 235 disparos. Todos caíram em torno do alvo, numa demonstração de perícia de tiro muito grande. Os argentinos verificaram então que a Marinha Real poderia colocar seus projéteis onde quisesse."Deus salve a rainha" No dia seguinte, 26 de abril de 1982, o destacamento argentino em Leith, que transmitira comunicados de desafio durante a noite, rendeu-se prontamente diante da chegada do SAS, apoiado pelo Plymouth e pelo Endurance. As formalidades da rendição foram concluídas no salão de oficiais do Plymouth, na presença dos dois capitães britânicos. O signatário argentino foi o capitão-comandante Alfredo Astiz, cujas tropas haviam sido arrasadas pelo pequeno comando do tenente Milis apenas três semanas antes. O militar argentino assinou o documento, acrescentando que se havia rendido diante de uma força "esmagadora". 

Na qualidade de comandante do grupo, o capitão Young enviou a seguinte mensagem ao Ministério da Defesa: "Favor informar Sua Majestade que a Insígnia Branca (o pavilhão da Marinha Real) flutua ao lado da Union Jack (bandeira do Reino Unido) na Geórgia do Sul. Deus salve a rainha". 

A retomada da Geórgia do Sul custou aos britânicos algum equipamento, mas não houve baixas. Um tripulante argentino foi ferido no ataque ao Santa Fé e outro foi morto por engano, quando o submarino se movimentava e um guarda o alvejou, pensando que estava prestes a abrir uma escotilha. Os argentinos restantes - 156 soldados e os 38 comerciantes de sucata da "invasão" de março - deixaram a ilha em 30 de abril, a bordo do Tidespring, e foram repatriados via Uruguai. 

A única exceção foi Astiz, que tinha adquirido reputação sinistra e o apelido de "Capitão Morte", devido a suas atividades nos "interrogatórios" realizados na Escola Mecânica Naval de Buenos Aires, utilizada como centro de detenção política durante a "guerra suja" da junta militar contra os setores civis e esquerdistas argentinos. Os governos francês e sueco desejavam interrogá-lo a respeito do desaparecimento de alguns de seus cidadãos na Argentina e ele foi levado para a Grã-Bretanha. No entanto, não havia base legal para mantê-lo prisioneiro e o repatriaram. A seguir, desapareceu sem deixar vestígios - para ser preso, afinal, pelo governo democrático argentino em 1984. 

A perda da Geórgia do Sul pegou a junta militar argentina totalmente de surpresa, a ponto de, por algum tempo, o triunvirato negar-se a reconhecer a derrota. Para Margaret Thatcher, o sucesso da investida foi a primeira confirmação de sua política no Atlântico sul, e o alívio que ela demonstrou diante do resultado ficou evidente. A bordo do HMS Hermes, o almirante Woodward declarou: "A Geórgia do Sul foi o aperitivo... Este é o começo de uma grande partida que, em minha opinião, deveremos vencer facilmente". O próprio almirante Woodward veio a admitir mais tarde que essas palavras haviam sido, no mínimo, um tanto precipitadas.

O assalto à Ilha de Pebble  

A Ilha de Pebble localizada nas Falklands do Oeste tem uma extensão de uns 35 km e é um lugar desolado e varrido pelo vento. Sós cinco famílias viviam ali próximas ao campo de pouso na época da guerra, envolvidas principalmente com a criação de ovelhas. Segundos informações havia ali uma pista de pouso rudimentar, onde a Força Aérea Argentina havia colocado um grupo de Púcaras de ataque, outra ameaça ao desembarque. Pebble também era um ponto de chegada dos C-130 da FAA, onde sua carga era desembarcada e desdobrada em aviões menores. As aeronaves argentinas ali baseadas seriam uma ameaça para qualquer força britânica que desembarcasse nas praias das Falklands do Leste. Mas o alvo principal era o radar instalado ali. O ataque aos Púcaras disfarçaria a razão principal, que era a destruição do radar. Se atacassem apenas este, dariam indicações de que planejavam um desembarque na região.

 

 

M-16A1 de 5.56mm - Uma das armas mais usadas pelos homens do SAS

O famoso Colt  Commando XM177E1 - Uma versão curta do M16 também usada pelo SAS

No dia 10 de maio, oito homens da Tropa de Barcos do SAS foram lançados a vários quilômetros da costa da Ilha de Pebble em kleppers (canoas de dois homens, normalmente usadas pelo SBS), com a missão de confirmar a presença e o número de aeronaves argentinas em Pebble, avaliar a força do inimigo em e ao redor do campo de pouso, e trabalhar rotas de aproximação e fuga da área para a equipe de assalto. O mar estava muito bravio e ventava muito e os homens tiveram muito trabalho para chegar em terra. Assim que chegaram montaram um posto de observação – PO.
 
Enquanto isso um plano para lançar um ataque ao campo de pouso estava em andamento no porta-aviões HMS Hermes. O pessoal mais pragmático sugeriu que a pista fosse bombardeada, mais isto foi desconsiderado por duas razões: primeiro, havia muitos civis vivendo perto da pista e segundo, os Harriers não teriam tempo bastante sobre o alvo por causa do pouco combustível em seus tanques, pois o Hermes e o Invencible estavam bem afastados do alvo por causa da aviação argentina.

 

Cenas de um filme sobre o ataque aos Pucarás argentinos na Ilha de Pebble.


Os dados levantados pela equipe de reconhecimento não eram de todos bons. Eles confirmaram que havia vários Pucarás operando no campo de pouso, mas o número de pessoal argentino no solo era difícil de ser avaliado devido ao pouco tempo disponível para levantar estes dados. Além disso as rotas para objetivo como no resto das Falklands era descoberto e de fácil monitoração pelos argentinos. 
 
Na noite de 14-15 maio, o SAS levou a cabo um assalto ousado contra o campo de pouso da Ilha de Pebble. Para o planejamento do ataque os homens do SAS conversaram com engenheiros militares que tinha estado no campo de pouso a algum tempo atrás e com um piloto de um Harrier que sobrevoou o local. Eles também conversaram com alguns Reais Fuzileiros navais que serviram a alguns anos atrás nas Falklands. Estes revelaram que a pista estava a uns 100 metros afastada de qualquer construção e que o terreno em volta era desprovido de árvores ou qualquer outra coisa que servisse de proteção contra o fogo inimigo.
 
A operação se chamaria "Prelim" e 45 homens do Esquadrão D, mas um controlador avançado do apoio de fogo naval seriam usados nesta missão. O plano era usar dois grupos para prover fogo de apoio a equipe de assalto, enquanto outro grupo guardaria as rotas de aproximação do aeródromo. Um grupo de fogo adicional escoltaria a equipe de assalto até o aeródromo e ficaria na reserva para qualquer emergência. Todos seriam transportados pelo pessoal do Esquadrão 846 em helicópteros Sea King HC MK 4 do HMS Hermes até Pebble. Os Sea King podiam levar 19 soldados completamente equipados, e a aeronave podia ser provida com metralhadoras e foguete se fosse preciso. Os pilotos dos Sea King possuíam óculos para visão noturna passiva (Passive Night Goggles, PNG) de fabricação americana.
 
A equipe de assalto (20 membros da Tropa de Montanha do Esquadrão D, comandados pelo Capitão John Hamilton), colocaria cargas explosivas nas aeronaves ou usaria suas armas antitanque LAW M72 de 66mm se a presença inimiga impedisse a ação das cargas explosivas. O apoio de fogo pesado viria de um morteiro de 81 mm e do HMS Glamorgan, um navio de defesa antiaérea do HMS Hermes. O morteiro foi levado para a praia pela Tropa de Barco, entretanto as bombas foram levadas pelos homens da equipe de assalto que as deixou em uma posição prévia antes de avançar para a pista.
 
Também desembarcou na praia uma unidade de observação da 148 Bateria cuja missão era a de dar as coordenadas corretas para os tiros do Glamorgan que ficaria a 10km da praia para melhor apoiar a operação. Todos os homens do SAS estavam armados com fuzis de assalto M16, alguns deles providos de lançadores de granada M203. Os soldados também levaram granadas de fósforo branco e pistolas 9 mm. Nas mochilas os soldados levaram binóculos de visão noturna, munição, roupas secas e rações para três dias.
 
No começo do planejamento da missão o SAS tinha o objetivo de destruir as aeronaves, suas tripulações e a guarnição argentina. Porém devido à demora nos preparativos para decolagem o tempo em terra para o pessoal do SAS era bastante escasso pois eles deviam voltar para o HMS Hermes antes do amanhecer para evitar a avião inimiga. Sendo assim o seu alvo foi reduzido somente as aeronaves.
 
Quando chegaram em terra uma das primeiras coisas que chamou a atenção dos operadores do SAS foi à quantidade de ovelhas. Na Irlanda do Norte ovelhas e vacas são um problema quando se está operando na zona rural à noite. Se forem perturbadas podem sair correndo e alertar o inimigo. Os homens do SAS em Pebble estavam se movendo numa região povoada de milhares de ovelhas.

Felizmente o pessoal da Tropa de Barcos traçaram uma rota onde o SAS podia se mover em segurança sem o risco de alerta ninguém, apesar de que a guarnição argentina estava mantendo uma vigilância muito fraca para um objetivo tão estratégico como o campo de pouso.

O morteiro levado pelos homens que vieram nos Sea Kings foi deixado em sua posição e depois de uma hora em terra um grupo de apoio assegurou todas as rotas em direção a pista do aeródromo.

Um dos IA 58A Pucará argentinos baseados nas Falklands

Os homens do SAS constataram que havia seis Pucarás na pista de vôo, junto com quatro T-34 Turbo-Mentor e um transporte Skyvan. Havia um total de 12 Pucarás argentinos nas Falklands, e se o SAS pudesse destruir a metade deles seria uma grande gratificação para a Força Tarefa. Ambos os lados esperavam que os Pucarás fossem um grande problema para os britânicos. Porém, os soldados do SAS tinham outros planos para eles.
 
Os homens do SAS rastejaram até as aeronaves e colocaram cargas explosivas em sete delas. Momentos decidiram abrir fogo com suas armas e LAWS contra as outras aeronaves, enquanto o HMS Glamorgan começava a disparar contra os depósitos inimigos de munição e combustível.
 
Pouco tempo depois o HMS Glamorgan começou a disparar em apoio a retirada do SAS, que fez uma checagem rápida nas aeronaves atingidas para ter certeza de que elas estavam destruídas.

Seqüência do ataque as aeronaves argentinas

O grupo de assalto e as equipes de apoio se reagruparam e se preparam para sair o mais rápido possível da área do aeródromo. Mas os argentinos começaram a reagir. O SAS respondeu ao fogo das armas leves do inimigo e um de seus operadores foi ferido e imediatamente carregado por seus companheiros.


 

O resultado do ataque do SAS contra a aeronaves argentinas em Pebble.

Todos foram para a área determinada para extração e voltaram a salvo para o HMS Hermes. O ataque foi um sucesso e ao todo o SAS destruiu 6 Pucarás do Grupo de Aviação 3, 4 T-34 Turbo-Mentors do Esquadrão CANA4 e um transporte Skyvan da Guarda Costeira, além de uma grande quantidade de munição e combustível antes de se retirar. O comandante da guarnição argentina foi morto e um operador do SAS foi ferido. A missão foi um sucesso, pois não havia nenhuma aeronave na Ilha de Pebble para interferir nos desembarques britânicos na Baia de San Carlos e o moral do inimigo estava baixo.  

Assalto diversionário a Goose Green (20 de maio)

O SAS montou um assalto diversionario a Goose Green uma noite antes dos desembarque em San Carlos. Cerca de 60 homens do Esquadrão D atacaram a guarnição argentina em Goose Green simulando que o ataque era feito por um batalhão. Os homens marcharam por 20 horas para alcançar o norte de colinas de Darwin antes de atacar os argentinos com mísseis LAW e MILAN, metralhadoras GPMG, mísseis Stinger e armas automáticas. 

O inimigo foi tomado de surpresa e não conseguiu definir a posição do SAS e só respondeu com fogo esporádico. Na manhã seguinte o grupo do SAS se retirou e os desembarques britânicos em San Carlos tiveram inicio. 

Infelizmente durante os preparativos para a invasão o SAS sofreu uma grande perda. Entre o dia 18 e 19, homens e equipamentos estavam sendo remanejados para o grupo anfíbio que participaria dos desembarque. Nesse período 22 homens que estavam sendo transferidos do HMS Hermes para o HMS Intrepid morreram afogados quando uma ave se chocou contra o rotor de um Sea King, derrubando-o. Vinte das vítimas era do SAS (dos Esquadrões D e G), muitos dos quais veteranos da reconquista da Geórgia do Sul. Nove homens conseguiram sobreviver a tragédia.   

Uma equipe de 4 operadores do SAS se prepara para mais uma missão.

Forças de elite britânicas entram em um helicóptero Wessex 5 para o cumprimento de mais uma missão

 Apoio direto aos desembarquem em San Carlos

Na noite anterior aos desembarques  um helicóptero do HMS Antrim identificara um posto avançado argentino em Fanning Head; suas peças sem recuo de 106 mm e seus morteiros de 81 mm dominavam a entrada para San Carlos Water. Uma equipe do SAS e 32 homens do SBS foram levados em helicópteros até as encostas acima do posto avançado, atingido a seguir por fogo de metralhadora e pela artilharia pesada do Antrim. De manhã, nove argentinos renderam-se. Três deles estavam feridos e doze outros haviam sido mortos. Os restantes, cerca de quarenta, fugiram para o leste; seriam atacados algum tempo depois pelo 3.° Batalhão de Pára-quedistas. 

Capitão Gavin John Hamilton

No dia 5 de junho 5 patrulhas de quatro homens cada do SAS foram inseridas nas Falklands do Oeste. Elas tinham a missão de informar os movimentos de duas guarnições argentinas ali baseadas. 

No dia 10 de junho o Capitão Gavin John Hamilton (comandante da Tropas de Montanha), 29 anos, que tinha participado do assalto a Ilha Pebble, e sua patrulha de quatro homens, foram cercados em seu PO localizado bem perto de Port Howard. A tropa que o cercou fazia parte da 1ª Seção do Batalhão 601 de Aviação de Combate. Dois homens do SAS conseguiram escapar ao cerco, mas Hamilton e o seu sinaleiro, Sargento ficaram sob fogo inimigo. Diante do ataque inimigo Hamilton tentou cobrir a fuga de Fosenka mas acabou sendo morto, pouco tempo depois Fosenka foi feito prisioneiro. Hamilton por sua bravura em combate recebeu a Cruz Militar postumamente, pois como não tinha nenhum outro oficial britânico presente ele não pode ser indicado para  Victoria Cross. Os argentinos trataram bem a Fosenka e deram a Hamilton um enterro com honras militares. 

Monte Kent 
   
O SAS usou o monte Kent, localizado a 64 km atrás das linhas, como uma base avançada para suas missões de reconhecimento até o dia 26 de maio. Eles operavam bem debaixo do nariz do 12° Regimento de Infantaria argentino. As patrulhas do SAS informaram ao comando britânico que os argentinos haviam abandonado o topo da elevação. As tropas locais tinham sido enviadas de helicóptero para reforçar Goose Green e não foram substituídas. Uma negligência do comando argentino: a Linha Teal Inlet-monte Kent-monte Challenger-Bluff Cove era uma barreira exterior ideal para o esquema concêntrico de defesa criado pelo general Menéndez; além disso, o monte Kent fornecia ao eventual atacante uma visão de todas as defesas de Port Staniey. O brigadeiro Thompson comandante da Brigada de Comando 3 respondeu a essa preciosa informação com o envio imediato, por helicóptero, da Companhia K do Comando 42 para ocupar o terreno vazio.  
Quando os fuzileiros desembarcaram no topo, na tarde de 31 de maio, desenvolvia-se um combate entre o SAS e uma patrulha argentina, logo-obrigada a retirar-se. Duas horas depois, um Chinook transportou até o monte três peças leves de 105 mm. Na manhã seguinte, os artilheiros desfecharam várias descargas contra o distante quartel de Moody Brook. Era um modo de avisar a seus ocupantes argentinos que a batalha por Port Stanley estava para começar.

Wireless Ridge

O último assalto principal realizado pelo SAS nas Falklands do Leste aconteceu na noite de 14 de junho. Cerca de 60 homens do Esquadrão D (duas tropas) e 6 do Esquadrão G em conjunto com o Esquadrão Rigid Raider dos fuzileiros e uma equipe SBS (6 operadores) realizaram um valioso ataque diversionário no extremo leste da serra Wireless em apoio ao 2 Pára em seu assalto a Wireless Ridge, um dia antes da rendição argentina. A ousada operação atraiu para si boa parte do fogo inimigo, inclusive de suas armas antiaéreas.
 


 

Operações secretas britânicas no continente sul-americano

 

O SAS durante o conflito nas Falklands planejou um ataque ao território argentino com o objetivo de destruir  os mísseis Exocet, os aviões Super Etendard e seus pilotos. 

De todas as armas argentinas a Força Aérea foi a que demonstrou ser a mais letal e determinada. A Marinha era basicamente uma força de defesa costeira com uma limitada capacidade anfíbia que diante da ameaça dos submarinos britânicos se resguardou em suas bases, se enviando para combater nas Falklands apenas seus pilotos navais e destacamentos de mergulhadores de combate e Fuzileiros Navais e o Exército, a exceção de suas forças especiais era constituído basicamente de jovens conscritos tomados pelo pavor, fome e frio.  Diante dos soldados profissionais britânicos pouco podiam fazer. 

Douglas A-4Q Skyhawk

 

Aeronaves argentinas (de cima para baixo): A-4 Skyhawk e o Super Étendard que podia transportar o temível míssil Exocet.

A Força Aérea Argentina – FAA era extremamente profissional e capacitada. Os pilotos argentinos deram provas de coragem e de grande perícia: os argentinos, em particular, mostraram que é possível penetrar, tanto em terra, quanto no mar, através das malhas dos atuais sistemas defensivos, adotando técnicas de ataque baseadas, sobretudo, na utilização de baixíssimas altitudes. O recurso a essas técnicas comportou, porém, consumo maior de combustíveis, alguns acidentes e insucessos parciais, devido ao tempo insuficiente para a ativação das munições empregadas. Os pilotos argentinos usavam aviões Mirage, Skyhawk e Super Etendard.  

Os Mirage e os Skyhawk usavam bombas “burras”, mas os Super Etendard da Força Aeronaval Argentina estavam armados com os temíveis e inteligentes mísseis antinavio Exocet de fabricação francesa. E este era o grande problema da Força Tarefa britânica. 

Quando os argentinos desembarcaram nas Malvinas/Falklands, a Força Aeronaval Argentina estava ativando seu 2º Esquadrão, equipado com 14 Super Étendard, que era um caça leve de ataque, de fabricação francesa, desenvolvido nos anos 60 e que em breve deixaria de ser produzido. O Étendard tornou-se importante por possuir uma configuração que lhe permitia transportar e empregar o míssil Exocet, que era, na ocasião, o estado da arte dos mísseis antinavio. O Exocet era de grande porte, guiado por radar, podendo ser lançado de uma longa distância, aproximadamente 30 milhas, transportando uma carga explosiva de 950 libras. Ele cruzava a uma velocidade que se aproximava de mach 1, a um nível muito baixo (quase no topo das ondas). Uma vez feita a aquisição do seu alvo, tornava-se muito difícil de ser abatido. Os resultados de seu impacto eram por demais devastadores. Sua capacidade de alcance tornava-o uma arma standoff ideal, permitindo que a aeronave de ataque não necessitasse aproximar-se da PAC inimiga. A melhor defesa contra o Exocet consistia no lançamento de uma grande quantidade de chaff (pequenas tiras de metal que criam uma falsa imagem no radar) sobre o mar e distante dos demais navios, gerando um alvo fictício.    

Os pilotos da 2ª Esquadrilha de Caça e Ataque do Comando de Aviação Naval Argentina (CANA)  foram treinados na França em 1980–81, e se encontravam plenamente qualificados na aeronave.  Entretanto, quando o conflito das Malvinas/ Falklands começou, apenas 5 Super Étendard e 5 Exocet haviam chegado da França. As nações do Mercado Comum Europeu e da OTAN determinaram um imediato embargo ao fornecimento de armas para a Argentina. Em conseqüência, o envio das aeronaves e dos mísseis foram suspensos pela França. O governo argentino tentou desesperadamente, durante todo o conflito, conseguir mais mísseis Exocet no mercado mundial, sem que obtivesse sucesso. A Argentina teria que fazer a guerra com apenas 5 Étendard e 5 Exocet. Uma vez que o suprimento para os Étendard havia sido cortado pela OTAN, a Força Aeronaval Argentina decidiu manter uma das 5 aeronaves como reserva, e usá-la como fonte de suprimento para as demais. com a notícia do envio da Força Tarefa britânica os pilotos da 2ª Esquadrilha de Caça e Ataque começaram a treinar ataques simulados contra dois destróieres tipo 42, de fabricação britânica, da Armada argentina. Nesses ataques foi estudado a melhor forma de evitar a detecção.    

O Exocet era um armamento complicado que exigia muita atenção, a par de que os argentinos não possuíam prévia experiência com mísseis antinavios. Em novembro de 1981, a Dassault Aviation, construtora do Super Étendard, e uma corporação do Governo Francês enviaram uma equipe de 9 técnicos à Marinha Argentina que, com alguns especialistas da Aerospatiale, tinham por missão supervisionar a implantação dos Étendard e dos Exocet nas Forças Argentinas. Os argentinos tiveram muitos problemas na adaptação do sistema de lançamento do Exocet aos trilhos instalados sob os pilones do Super Étendard. Embora a França tivesse aderido ao embargo de armamentos imposto à Argentina pela OTAN e Mercado Comum, a equipe técnica francesa, que se encontrava na Argentina, não foi retirada. De fato, os técnicos franceses, aparentemente, continuaram a trabalhar nos Exocet, conseguindo reparar os problemas que existiam nos sistemas de lançamento. Sem a ajuda dos técnicos e a conivência do governo francês (“aliado” da OTAN/Inglaterra) teria sido improvável que a Argentina fosse capaz de empregar, contra as forças britânicas, o seu armamento de maior capacidade de destruição. 

No dia 2 de maio, a ação naval decisiva da guerra ocorreu quando o submarino nuclear HMS Conqueror afundou o cruzador argentino General Belgrano, fora das 200 milhas da zona de exclusão, declarada pela Grã-Bretanha, em torno das Malvinas/Falklands. O General Belgrano estava equipado com mísseis Exocet, e a possibilidade de realizar um ataque contra a Força-Tarefa britânica foi levada suficientemente a sério, a ponto de que decidissem torpedear o cruzador, causando uma significativa perda de vidas.   

A Zona de Exclusão Total 

A partir deste evento, os argentinos deixaram de considerar qualquer tentativa de ataque, empregando meios navais, e mantiveram o seu navio-aeródromo em segurança no porto. Todas as esperanças de ressuprir as guarnições nas ilhas, por navios, foram descartadas, deixando-as totalmente dependentes do transporte aéreo. 

  

A Royal Navy é duramente golpeada pela aeronaves argentinas.

No dia 2 de maio, as más condições atmosféricas não permitiram qualquer tipo de atividade. No dia 4, entretanto, um Neptune SP-2H de reconhecimento identificou o que eles acreditaram ser o navio-aeródromo HMS Hermes, a leste de Port Stanley. Dois aviões Super Étendard, do 2º Esquadrão (os Super Etendard 3-A-202 e 3-A-203 pilotados pelo Capitão de Corveta Augusto Bedacarratz e o Tenente de Fragata Armando Mayora),  cada qual armado com um AM-39 Exocet, decolaram para um longo vôo. A uma razoável distância, os Étendard receberam um plot (um sinal na tela do radar), não do Hermes, mas do destróier HMS Sheffield (do tipo 42, equipado com o novo míssil antiaéreo Sea Dart ), posicionado bem à frente da Esquadra, para defesa avançada e ou alarme aéreo antecipado.18 Os aviões lançaram os dois Exocet de uma boa distância (algumas fontes afirmam que foram disparados de 30 milhas, outras de 7 milhas). Logo após o lançamento, as duas aeronaves, prudentemente, se afastaram da cena a baixa altura. Um Exocet desviou-se, mas o outro (disparado do pelo piloto argentino Augusto Becarratz ) atingiu o alvo e avariou o Sheffield, causando severas baixas. O Sheffield foi posteriormente abandonado e, seis dias depois, afundou quando era rebocado. Ironicamente, os argentinos não puderam avaliar, de imediato, o resultado deste ataque por falta de meios de reconhecimento. Entretanto, a política dos britânicos, de  manter a sua imprensa e o público inglês informados sobre a perda de vidas que viessem a ocorrer durante a campanha, levou estas informações, indiretamente, ao conhecimento do inimigo.  

Assim, o Alto-Comando Argentino soube, dentro de poucas horas, através da mídia inglesa, que o Sheffield havia sido atingido por um Exocet. Se esta perda não houvesse sido publicamente anunciada, provavelmente os argentinos teriam concluído que seus Exocet continuavam, ainda, com os mesmos problemas técnicos apresentados, e poderiam ter decidido suspender o emprego daquele míssil em futuros ataques. 

No dia 25 de maio, data da Independência Argentina (o mais importante feriado nacional), um grande esforço de combate foi planejado pela FAS. Um segundo ataque foi preparado pelo 2º Esquadrão e realizado às 16:30, tendo como alvo o navio-aeródromo HMS Invincible, localizado ao norte do local de desembarque nas ilhas. Como acontecido anteriormente, um Exocet lançado foi perdido, possivelmente abatido por fogo antiaéreo. O radar do segundo Exocet estava inicialmente direcionado para o Invincible mas foi desviado por uma grande quantidade de chaff lançada, e o seu radar passou a locar-se em um plot refletido pelo navio de transporte de carga Atlantic Conveyor (que não estava protegido por chaff). O Atlantic Conveyor foi atingido, imobilizado e, em conseqüência, vindo mais tarde a afundar. O ataque a este navio causou 12 mortes e a perda de 10 helicópteros, que se encontravam a bordo. A destruição dos helicópteros, dentre os quais se encontrava um Chinook para transporte pesado, veio a dificultar bastante o apoio logístico necessário ao Exército em suas operações nas ilhas por possuírem poucas estradas e um terreno pantanoso. Torna-se oportuno ressaltar que o ressuprimento de suas tropas dependia essencialmente do transporte realizado por helicópteros.   

 
A Operação Mikado

Desprovidos de um sistema de alarme aéreo antecipado de longo alcance para proteger a Armada os britânicos no Exocet o único sistema de armas que eles realmente temiam e a possibilidade de seu emprego orientou a integral conduta das operações navais britânicas. Os britânicos tinham homens do SAS em solo argentino operando perto das bases dos aviões argentinos. Eles tinham a missão de informar quando os caças-bombardeiros saiam em missão de ataque, especialmente os Super Etendard. Mas descobriu-se que os caças Sea Harrier não alcançariam os Super Etendard antes que eles lançassem os seus mísseis.  

Diante da ameaça de outros ataques contra seus navios os britânicos decidiram que era chegada a hora de destruir essa grande ameaça. Um ataque bem de sucedido ao Hermes ou Invencible podia levar ao fracasso completo da retomada das Falklands. 

Operador do SAS nas Falklands, armado com um Colt Commando.  

Operador do 22 SAS nas Falklands em 1982. Sua arma é uma Colt "Commando" XM177E1 de 5.56mm, que é uma versão curta do M16. Ele um cinto padrão britânico modelo 1958, com alça, carregando dois cantis, kit de primeiros-socorros. Seu uniforme tem a camuflagem padrão britânica a famosa Disruptive Pattern Material (DPM) e ele usa uma máscara típica do SAS.

A primeira opção para neutralizar esta ameaça era usar caças Sea Harrier da Royal Navy ou um bombardeiro Vulcan da RAF contra Grande Rio. Mas os Sea Harriers eram poucos e muito preciosos para serem arriscados, enquanto o Vulcan era muito impreciso como se mostrou num ataque a Port Stanley. Assim nasceu a Operação Mikado do SAS.

Uma equipe de planejamento do SAS foi montada e dados de inteligência começaram a ser coletados. A operação recebeu o nome de Mikado e a missão consistia em atacar com um destacamento do 22 SAS a base argentina de Rio Grande, localizada na parte argentina da Ilha Grande na Terra do Fogo, e destruir todos os mísseis Exocet, os 5 aviões Super Etendard e os 10 pilotos da 2ª Esquadrilha de Caça e Ataque. O homem responsável pelo  planejamento seria o era Brig. Peter de la Billiere, diretor do Grupo SAS/SBS. 

A primeira opção do SAS era a de se usar dois aviões de transporte C-130 Hercules, camuflados como argentinos, vindos do campo de pouso de Wideawake na Ilha de Ascensão, que aterrissariam na base argentina levando um destacamento de 55 do Esquadrão B do SAS. O assalto seria no melhor estilo Entebbe.  

Tecnicamente seria um pouso de assalto que tem é chamado de Tactical Air land Operation ou TALO. No TALO são usados até quatro aeronaves para tomar o alvo. É feito geralmente a noite e precisa pista de pelo menos 1500m. O pouso pode ser simultâneo se a pista de pouso tem uma pista taxiamento paralela. A surpresa é conseguida com vôo muito baixo, parada rápida e desembarque rápido. A surpresa permite derrotar o inimigo rapidamente. A força é usada para segurar a zona de pouso para a força de apoio chegar se necessário. Uma grande vantagem do TALO é que a força chega agrupada e pronta para ação. O TALO foi usado na invasão de Praga em 1968, no resgate de Entebe em 1978 e na invasão de Kabul em 1979. O TALO é uma opção quando o alvo é bem distante para ser alcançado por helicópteros. Os planadores das forças pára-quedistas da Segunda Guerra Mundial realizavam pouso de assalto, mas não foram mais usados depois desta guerra. 

Segundo algumas fontes os pilotos ingleses falariam em espanhol com maneirismos argentinos nas fases finais de aproximação da pista. Os aviões britânicos seguiriam as mesmas rotas de aproximação e aterrizagem dos aviões argentinos. Como apoio na fase final de aproximação seria usado um pequeno radiofarol guiado por satélite com VHF, que estaria localizado em um local deserto no Estreito de Magalhães . Para lá iria um Sea King que poderia auxiliar na evacuação de elementos que não puderam escapar com os C-130 no final da missão. Para se preparar para a missão o Esquadrão B começou a treinar nas montanhas da Escócia, antes de ser transferido para a Ilha de Ascensão. 

Até a Patagônia os C-130 realizariam um vôo de cerca de 10 horas num raio de 14.000 km. Por isso eles estavam equipados com sondas de reabastecimento e realizariam operações REVO com dez aviões Vickers VC-10 que reabasteceriam a si mesmos e aos dois Hércules, umas quinze vezes.

Os 55 homens divididos em grupos de 15, com o auxílio de Land Rovers que desceriam pelas rampas dos Hércules, destruiriam os seus alvos principais e também destruiriam uma parte da pista e todos os caças Dagger possíveis, para impedir uma possível caçada aérea aos C-130. Os aviões Neptune de reconhecimento naval que estivessem no local também seriam destruídos. A parte da pista conservada seria usada pelos Hércules para uma decolagem STOL. Feito isso todos embarcariam novamente nos Hercules que esperariam por eles com os motores ligados na pista de pouso. Então os Hercules voariam para a base aérea chilena de Punta Arenas, diante do estreito de Magalhães. 

Os aviões deveriam depois do ataque se dirigirem para o Chile (aliado extra-oficial da Grã-bretanha no conflito) com a desculpa de defeitos técnicos. Se os C-130 fossem destruídos ou não pudesse levar todos os homens, mesmo assim a força de ataque em solo e as tripulações dos C-130 tentariam por seus próprios meios chegar até o Chile. As prováveis rotas de fuga seriam através do curso do Rio Silva que cruza a Estância de Sara Braun e também através da Estância de El Salvador. Estas rotas seriam fáceis de seguir e levariam para locais secretos.

Lockheed C1 - C1P - C3 Hercules britânico.

HERCULES C-130 Argentino  

Em cima um C-130 da Real Força Aérea britânica e abaixo dele um C-130 Hércules da Força Aérea Argentina.

Liberados das ameaças dos caças Super Etendard e dos Dagger e aproveitando a confusão reinante nas bases argentinas, os navios britânicos talvez pudesse se aproximar da costa e ajudar na evacuação dos homens do SAS. Porém o mais provável é que todos os que não conseguissem sair com os Hércules se dirigissem para o Chile, a pé, em helicópteros ou nos Land Rovers se isso fosse possível. Para que a opção de fuga para o Chile, distante cerca de 80km, fosse viável, houve muito contato diplomático entre Londres e Santiago para viabilizar a operação.

Porém a opção do assalto com os aviões C-130 se mostrou falha e foi abandonada pois o fator surpresa seria logo cancelado em virtude dos aviões serem captados cerca de 30 milhas antes de aterrissarem, pois os argentinos tinham um excelente monitoramento por radar daquela área e de que talvez o embuste de pilotos ingleses falando espanhol não desse certo..

A outra opção de ataque era usar o submarino Onyx para infiltrar durante a noite duas tropas do SAS de doze homens cada, no litoral da Terra do Fogo. Os operadores seriam lançados ao mar e remariam até a praia usando botes infláveis Gemini. Eles destruiriam os aviões e os mísseis com cargas explosivas e foguetes antitanques,  antes de matarem os pilotos em seus alojamentos.

O SAS executou vários ensaios para a operação nas águas de San Carlos, no litoral oeste das Falkland do Leste, com aconselhamento do SBS.  O plano exigia o uso de muitas armas e equipamentos e os riscos eram grandes, mas os homens estavam confiantes de que podiam faze-lo. Porém opção do submarino se mostrou menos eficaz que a primeira e foi logo abandonada.

Diante disto e da necessidade urgente de destruir os Exocet e seus vetores a opção de se usar os Hercules foi reativada o que gerou protestos entre muitos operadores veteranos do Esquadrão B que neste momento já se preparava para deixar a ilha de Ascensão, pois com a detecção prévia dos C-130 seria suicídio atacar a base. Um sargento pediu baixa em protesto e ao saber que o comandante do Esquadrão também achava a missão inviável o Brigadeiro Peter de la Billiere imediatamente o substituiu por seu segundo em comando no Regimento. Mas a missão suicida foi finalmente abandonada, o que foi bom pois os argentinos tinham aumentado a segurança da base com três batalhões.
 

A queda do Sea King HC.4 ZA290

Como apoio a Operação Mikado foi realizada uma missão de reconhecimento usando tropas do SAS e um Sea King. No dia 17 de maio um helicóptero Sea King HC.4 Commando ZA290 do Esquadrão 846 transportando uma equipe de reconhecimento do SAS (9 homens) decolou do Invencible  durante a noite com destino a região da base de Rio Grande, mas foi detectado pelo radar inimigo.

Helicóptero Sea King da Royal Navy desembarca tropas britânicas nas Falklands

A equipe desempenharia uma parte importante na Operação Mikado, pois usaria equipamento de comunicação via satélite para guia os Hércules até o alvo. Porém o Sea King no dia 18 fez um pouso de emergência em Agua Fresca a 18 km ao sul do Punta Arenas, em território chileno.

A tripulação e a equipe do SAS colocaram fogo na aeronave antes de se renderem às autoridades chilenas que os resgatou em um helicóptero Huey UH-1D. Os três tripulantes e o pessoal do SAS foram levados para Santiago onde ficaram hospedados em casas de britânicos e depois voaram para Londres. Outras fontes dizem que o ZA290 não partiu do Invencible e sim que ele tinha vindo do Chile como foi detectado por radares da Argentina, segundo informações de ex-oficiais deste país.  

  

A tripulação do ZA290 é apresentada na capital chilena: o piloto, tenente dos Reais Fuzileiros Navais Richard Hutchings, o co-piloto, tenente da Marinha Real Alan Bennett, e o suboficial P. B. Imrie da Marinha Real.

Os restos do Seak King ZA290 britânica em Punta Arenas no Chile

Como não receberam as comunicações em código do Sea King ZA290 para coordenar a operação e como essa parte da missão era fundamental, a missão foi abortada e os Hércules como os operadores do SAS voltaram para a Ilha de Ascensão. 

Pouco dias depois a guarnição argentina nas Falklands se rendeu antes da operação pode acontecer.  E se o assalto tivesse sido realizado poderia se constituir num massacre do SAS pois os argentinos tinham reforçado com várias unidades dos fuzileiros navais as suas instalações em Rio Grande além de minar completamente a área.   

Toda esses acontecimentos ainda são bem obscuros, pois de acordo com alguns dados os Super Etendard jaziam destruídos, alguns dias depois, na base de Rio Grande, segundo uma foto apresentada por um certo Mario Burgos, oficial da inteligência chilena ao repórter Jon Snow da Independent Television New.  Essa foto era verdadeira? Se verídica, quem teria destruído os Super Etendard? Uma equipe do SAS deixada no local pelo ZA290?

O certo é que qualquer que tenha sido o resultado da missão, o piloto, tenente dos Fuzileiros Navais Richard Hutchings, e o co-piloto, tenente da Marinha Real Alan Bennett, receberam a Cruz de Serviços Relevantes; o outro tripulante, suboficial P. B. Imrie da Marinha Real, recebeu a Medalha de Serviços Relevantes.   

Na época todo o episódio da queda do Sea King ZA290 foi minimizado pois não interessava a Inglaterra e a Chile expor a sua aliança, os argentinos não queriam expor a sua fragilidade ao admitir que comandos e helicópteros britânicos operavam livremente em seu território e os americanos não queriam que o conflito se alastrasse para outros países que poderiam vir em socorro da Argentina como o Peru e a Venezuela.

O Acordo Grã-Bretanha x Chile

Antes do conflito nas Falklands já existia um clima de tensão no cone sul da América do Sul. Argentina e Chile quase foram à guerra por causa da disputa pelo Canal de Beagle. 

No início de 1982, os serviços de inteligência chilenos descobriram que uma operação militar para ocupar as ilhas Falklands poderia ser empreendida pêlos argentinos em 1° de maio. Isso serviria de ensaio para um possível ataque, meses mais tarde, a território chileno, e criaria um sentimento de nacionalismo exacerbado entre a população argentina, para dar respaldo ao governo. Em apoio a essa versão, os analistas militares apontam que, logo que a invasão das Falldands se concretizou, os fuzileiros navais e as tropas de choque que a realizaram foram transferidos para a fronteira chilena; a defesa do território recém-conquistado ficou por conta de recrutas. É provável que o governo chileno tenha passado aos dirigentes britânicos as informações de que dispunha.

Acredita-se que, na primeira semana de ocupação argentina das ilhas, o embaixador britânico em Santiago, John Heath, passou a servir de intermediário para uma série de entendimentos secretos, porém formais, entre seu governo e o do general Pinochet. Ao que parece, esses entendimentos garantiram à Grã-Bretanha o acesso a material recolhido pêlos serviços de inteligência chilenos e o uso do aeroporto de Punta Arenas, diante do estreito de Magalhães. Ali operariam aviões de reconhecimento Canberra britânicos do Esquadrão 39 e aviões de transporte Lockheed Hércules C-130 com com insígnias chilenas, inclusive com erros de ortografia do tipo “Fuerza Área de Chile”. Na época, chamou a atenção o fato de que muitos pilotos com uniforme da Aeronáutica do Chile somente falassem inglês, seus nomes geralmente eram apenas  "Gonzalez" ou "García".
 
As aeronaves britânicas c-130 eram usadas para destinados a infiltrar na Argentina equipes de sabotagem e reconhecimento do SAS. Também operaram em território chileno helicópteros Westiand Sea King com missão semelhante as C-130.  Acreditasse que aviões Nimrod do Esquadrão 51 especializados em espionagem eletrônica também tenham operado no local.  

Aviões chilenos Hawker Hunter e Northrop realizavam vôos junto à fronteira argentina, obrigaram o governo de Buenos Aires a deixar lá aviões de combate que poderiam ter sido usados em apoio às operações nas Falklands. Segundo informações militares em abril de 1982 o Chile enviou sua frota desde a base naval de Valparaíso em direção ao sul, mas com destino desconhecido. O silêncio da frota chilena apavorou os argentinos, que desviaram parte de sua Marinha para ficar atenta a movimentações agressivas dos chilenos no Canal de Beagle. Além disso, o Chile, na época governado pelo general Augusto Pinochet, pôs 20 mil homens das tropas de elite na altura das províncias argentina de Neuquén e Río Negro, onde estão os pontos mais frágeis da defesa argentina na Cordilheira dos Andes. Por esses pontos poderia realizar-se o maior pesadelo dos militares argentinos: os chilenos poderiam facilmente penetrar em território argentino e separar a Patagônia do resto do país, dividindo a Argentina em duas partes. Esse movimento de tropas chilenas fez com que a Argentina deslocasse para lá ainda a VIII Brigada de Infantaria de Montanha de Mendoza e a VI Brigada de Infantaria de Montanha de Neuquén, que eram as mais bem preparadas para combate em terreno árido e frio: justamente o tipo de unidade que era necessário nas Falklands.   

Segundo informações colhidas com o general britânico Jeremy Moore após o conflito desde o sul do Chile, nas altas montanhas, espionava-se o movimento das bases argentinas, e com radares e forças especiais, informava-se a saída dos aviões. Dessa forma, os ataques argentinos à frota britânica ao redor das Falklands eram anunciados com antecedência a Força Tarefa britânica. Fontes militares afirmam que os chilenos também provocavam interferência nos sinais de rádio dos aviões argentinos.  

 Em troca, o Chile recebeu apoio da Grã-Bretanha na Organização das Nações Unidas, em torno da questão dos direitos humanos, bem como peças, armamentos e até aviões Canberra e Hawker Hunter para equipar suas Forças Armadas.
 


 

Postos de Observação nas Falklands

 

Existiram muitas missões de reconhecimento e observação realizadas pelo SAS nas Falklands, mas a narrativa de uma  bastará para ilustrar como o trabalho foi realizado e como funcionava um Posto de Observação (PO).

Uma patrulha de 4 homens comandada pelo Capitão Aldwin Wight do Esquadrão G foi enviada para a Falkland Oriental pelo final de abril. Esses homens tinham a missão de observar movimentos inimigos em e ao redor de Stanley. Eles estabeleceram o seu PO em Beaver Ridge e observaram que os argentinos tinham uma área de dispersão entre o Monte Kent e Monte Estancia para os seus helicópteros. Esta informação foi retransmitida a Força Tarefa que despachou dois Sea Harrier para achar e destruir o alvo. O ataque resultou em três helicópteros inimigos destruídos. Wight e os seus homens suportaram as mais duras condições de vida durante 26 dias, até serem liberados em  25 maio.

 

Um PO nas Falklands.  

Forças de elite britânicas em um Posto de Observação nas Ilhas Falklands.

A rotina em um PO era muito monótona e era um grande se manter alerta e pronto para qualquer reação. Nas Falklands uma equipe de 4 homens normalmente estabelecia um PO avançado e um PA (Posto de Apoio) na retaguarda. Geralmente o PA ficava em um local mais alto que o PO para que pudesse prover fogo de apoio para o este. Sempre havia dois homens no PA e dois no PO. O para cada equipe era o mesmo: um homem descansava e o outro vigiava. Durante o dia não havia nenhum movimento ou conversa. A noite eram feitas as movimentações ou a troca de pessoal entre os postos. Um buraco servia como latrina. Era impossível cozinhar durante o dia por que o cheio podia chamar a atenção dos argentinos. Normalmente se bebia ou comia algo quente só nos primeiros quando se trazia da base o resto dos dias o alimento era ingerido frio mesmo. O tempo sempre era ruim. Sempre fazia fria. Ou estava chovendo, ou chuviscando ou ventando forte, ou o que era pior: uma combinação dos três. Era um grande problema se manter aquecido e seco. Muitas vezes a visibilidade era zero 

Os homens deviam levar tudo que precisavam para as suas missões nos PO em suas costas. As armas que levavam dependia muito do tipo de missão que seria realizada. Todos usavam pistolas de 9 mm Browning High Power, e as demais armas podiam ser fuzis SLR ou M16, Colt Commando e GPMG. Minas Claymore e LAWs também eram levadas. Cada homem carregava cerca de 60 kg. Além de armas munições e rações as patrulhas tinham que levar rádios e baterias sobressalentes. O mais irônico é que normalmente as armas e as munições representavam o maior peso a ser carregado, mas também era o que menos se usava.

Os homens nos PO deviam observar e relatar e não entrar em combate. Porém se isso acontecesse deviam estar preparados. Apesar de nas Falklands estarem baseados cerca de 12.000 argentinos com 42 aeronaves, os operadores do SAS e SBS operaram com relativa impunidade.

De fato havia tantos times do SAS e do SBS que operavam ao mesmo tempo que muitos deles colidiram um com o outro, com conseqüências desagradáveis. Na verdade eram determinadas área específicas de atuação.

O conceito, como em outros teatros de guerra onde forças amigáveis trabalham em uma área limitada, era eliminar o perigo de patrulhas colidem umas com as outras. Este enredo, conhecido como " azul com azul ", aconteceu várias vezes no Falklands, e muitas patrulhas abririam fogo contra outras até se perceber o engano. Infelizmente em um desses casos só se percebeu o engano tarde demais. Uma equipe do SAS colidiu com uma patrulha do SBS. Exatamente como elas se encontraram é um mistério, mas segundo informações durante um ataque repentino contra um PO do inimigo, a equipe do SBS foi desviada inadvertidamente para uma área patrulhada pelo SAS. Como conseqüência foi seguiu-se um tiroteio curto porém intenso no qual um dos homens do SBS, o Sargento "Kiwi" Hunt, foi mortalmente ferido. Ele foi  único membro do SBS a morrer durante o conflito.   

Depois dos desembarques britânicos em San Carlos o SAS e SBS auxiliaram muito no avanço das tropas britânicas servindo como exploradores e realizando missões de localização de tropas inimigas ou realizando ataques diversivos. Mas foram as suas missões de inteligência normalmente em PO (onde passavam semanas, observando e reportando) as mais valiosas.

Segundos informações, o trabalho de inteligência do SAS e do SBS foi tão importante para a reconquista das Falklands que já no dia 10 de abril de 1982 uma semana depois que o general Leopoldo Galtieri ordenou a invasão do arquipélago reivindicado como território argentino esses operadores já estavam nas Falklands. Neste dia um time do SAS saiu de helicóptero da base chilena de Punta Arenas e saltou na área sul das ilhas. Quando a frota expedicionária chegou ao Atlântico Sul as principais instalações das forças argentinas estavam mapeadas e pelo menos cinco delas já haviam sido sabotadas.

Uma patrulha do SAS em um posto de observação nas Malvinas. Já no inicio de maio eram oito equipes de quatro tropas inseridas na ilha a até 35km de distância da praia. O SAS fez 10 postos de observações (PO) no lado oeste da ilha e quatro em pequenas ilhas, além de 12 POs no lado leste. A noite podiam se aproximar das posições inimigas para reconhecimento aproximado. Quatro destes POs tiveram contato com o inimigo. O monte Kent foi usado para reconhecimento de onde puderam ver Port Stanley e direcionar a artilharia. Em um PO em Beaver Ridge uma patrulha relatou uma posição de dispersão noturna de helicópteros. Dois caças Harrier atacaram a posição com a destruição de três helicópteros. Outro PO em Darwin foi feita em uma carcaça de barco. O PO em Port Howard foi descoberto em 10 de julho e depois cercado. Os dois operadores não se renderam e um foi morto e outro capturado na fuga. Os PO do SAS tem um ponto de descanso (LUP) próximo que fica em um lugar mais alto para dar apoio de fogo para o PO se comprometido. As tropas ficam divididas com dois no LUP e dois no PO. No PO um observa e outro anota e a noite mudam de posição. A noite fazem buraco para defecar próximo a LUP. Não cozinham pois o cheiro pode alertar patrulhas inimigas próximas. Nas Malvinas era difícil ficar quente e seco. A comida nunca era levada em quantidade suficiente e fumavam para diminuir a fome e os cigarros eram mais leves que a ração. As armas usadas dependia da função. Podia ser um M-16, LSR, Colt Commando ou MAG, além de pistolas 9mm, LAW e minas Claymore. O peso era de cerca de 90kg no total e deveria ser suficiente para 25 dias de patrulha. A munição era de 9mm, do fuzil e 1000 tiros para a MAG. Foram tantas patrulhas do SAS e SBS que se encontraram mesmo tendo áreas especificas para cobrir. Em um encontro violento uma patrulha do SBS foi desviada inadvertidamente para um PO do SAS onde ocorreu a morte de um membro do SBS. Há rumores que patrulhas do SAS operaram no continente vigiando as bases argentinas e dando alerta de decolagem de aeronaves argentinas. Um Sea King que caiu no Chile junto a fronteira é a única prova a respeito. Os Royal Marines também fizeram reconhecimento como a tropa do ártico e montanha que são treinados para operar a até 50km a frente do desembarque e cobrem flancos que não serão cobertos por tropas ou locais pouco prováveis de serem usado pelo inimigo. As patrulhas do SAS e SBS gerou uma grande quantidade de informações do dispositivo, posição e franquezas dos argentinos sendo vital para o planejamento e reconquista ilhas.

Operadores do SAS se preparam para marchar pelas Falklands. Eles carregam todo que precisam em pesadas mochilas Bergen.

 


O AM.39 Exocet

Descrição: Míssil Anti-Navio para ataque à grandes embarcações Exocet AM39

História: Os mísseis Exocet começaram a ser desenvolvidos em 1967, originalmente um míssil lançado por navio, MM.40, que entrou em serviço no ano de 1975. A versão lançada por ar AM.39, foi desenvolvido depois no ano de 1974

Aspectos: O Exocet possui quatro pequenas asas no meio do corpo e mais quatro na parte de trás. Até metade do curso, o míssil é guiado inercialmente, seguido pelo radar ativo na fase terminal. Possui também um altímetro para controlar sua trajetória baixíssima sobre o mar, voando à 3 metros de altitude quando o mar está calmo. Seu alcance é de 50km, mas lançado do ar, pode chegar até 70km.

Características Gerais:

Função Primária: Míssil anti-navio lançado por ar ou por navio

Construtor: Aerospatiale

Motor: 1 foguete de combustível sólido para o lançamento (2s ligado) e um motor com combustível sólido com base em Hélio

Peso: 652 kg

Comprimento: 4.7m

Diâmetro: 35 cm

Velocidade: Mach 0.93

Alcance: por volta de 65 km

Orientação: Radar ativo

 


 

Super Etendard - Ficha Técnica

 

Nome

Super Etendard

Tipo

Caça-bombardeiro polivalente

Fabricante

Dassault

Autonomia

850 km (com 1 Exocet e 2 drop tanks)

Velocidade Máx.

1.180 km/h

Altitude Operac.

13.700m

Motor(es)

1 Atar 8K-50 com 5.110Kg de empuxo

Envergadura

9,60m

Altura

3,85m

Comprimento

14,30m

Peso Máx.

11.500 kg

Armamento

2 DEFA 553 de 30mm

Mísseis Exocet AM.39, Martin Pescador e Magic ou combinação de até 2.100kg de carga bélica

Operadores

França e Argentina

  
 



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