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CAMPANHAS - Bornéu - 1963-66


"Setenta soldados do SAS, em funções vitais como conquistar a simpatia da população e persuadi-la, vigiar a fronteira, operar como alerta antecipado, como retaguarda, enfim, ser os 'olhos e ouvidos' da selva, são tão valiosos quanto setecentos homens de infantaria" 

General-de-brigada Walter Walker, comandante das forças britânicas em Bornéu, em janeiro de 1964.


Entre dezembro de 1963 e agosto de 1966, a montanhosa ilha de Boméu tornou-se palco de uma
guerra. A ilha de Bornéu, localizada na Ásia é compartilhada entre Malásia (Sabah e Sarawak), Indonésia (Kalimantan) e o pequeno sultanato de Brunei. A ilha de Bornéu foi descoberta pelos portugueses em 1518. Os nativas chamavam a principio toda a ilha de Brunei e os europeus a chamaram de Bornéu.

Em 1961, a Grã-Bretanha e a Malásia, sua ex-colônia, (a oeste de Boméu), na península Malaia iniciaram as discussões sobre a formação de uma nova grande entidade política na região, a Federação da Malaísia, que seria integrada, pela própria Malásia, por Singapura e pêlos Estados sob proteção britânica em Bornéu: Sabah, Sarawak e Brunei.  O plano não foi aceito por Ahmed Sukamo, presidente da vizinha Indonésia, que via tudo como uma jogada neocolonialista britânica destinada a impedir a expansão das fronteiras indonésias, visto que a  Indonésia queria toda Bornéu sob sua jurisdição, e nem pêlos grupos de esquerda dos Estados envolvidos, como o Partido do Povo Unido de Sarawak e o Partido do Povo de Brunei. Sukamo era um nacionalista extremado, governava a Indonésia, independente dos holandeses desde 1945 e soberano desde 1949, com apoio do Exército e do Partido Comunista Indonésio.

Em dezembro de 1962, um exército local antimalásio, o TNKU (Exército Nacional do Kalimantan do Norte), rebelou-se e tentou tomar Brunei. Os britânicos sufocaram a revolta em maio de 1963 antes que Sukamo pudesse tirar proveito, mas, quatro meses mais tarde, a Indonésia começou a infiltrar elementos insurgentes (indonésios e dissidentes dos territórios de Bornéu), a partir de Kalimantan (a parte sul de Boméu, pertencente à Indonésia). 

Em setembro de 1963 a Federação da Malaísia foi oficializada, quando Sabah e Sarawak se incorporaram oficialmente à Malásia (Brunei ficou de fora) Diante disto houve violentas manifestações em Jacarta, a capital Indonésia. O prédio da embaixada britânica foi incendiado e, em seguida, as infiltrações e ataques de fronteira realizados pelas forças apoiadas por Sukarno se intensificaram e segurança da Federação foi ameaçada. Sukarno tinha por objetivo estabelecer uma  política de confrontação com a nova nação. Em resposta, a Grã-Bretanha, aliada da Malásia, organizou uma guarda de fronteira, formada por soldados malaios, britânicos e de países da Comunidade Britânica, com o objetivo de conter os rebeldes. Um dos elementos essenciais dessa força foi o SAS. O 22 SAS em Bornéu estava sob o comando do tenente-coronel  John Woodhouse. Woodhouse procurou aperfeiçoar cada vez mais as patrulhas de 4 homens, acreditava que a melhor o tipo de defesa era ataque, assim os indonésios deviam ser abatidos antes que eles cruzassem a fronteira. 

Desde janeiro de 1963, o Esquadrão A do SAS (com cerca de 70 homens) tinha sido deslocado para a fronteira, a fim de operar como uma rede de serviço secreto de defesa, sua missão era fazer a vigilância ao longo de uma fronteira de selva com quase 1.600 km de extensão entre Kalimantan e Sarawak e Sabah, tão selvagem e inóspita que alguns locais nem sequer haviam sido mapeados.

Na ocasião, o general Walter Walker enfrentava dois graves problemas: os rebeldes comunistas que formavam um movimento subversivo constituído principalmente por colonos chineses, no Sarawak, e uma invasão por grupos baseados em Kalimantan. Excluído o pequeno contingente militar local, Walker contava com apenas quatro batalhões para enfrentar essas ameaças - uma força insuficiente para manter a segurança interna dos 207.000 km2 de território de seu lado da fronteira - e ao mesmo tempo repelir os possíveis ataques externos. 

Assim, resolveu manter a maior parte de seus homens como uma força defensiva, pronta a combater os problemas internos ou as incursões vindas de fora. Ao mesmo tempo, decidiu espalhar os homens do SAS o longo da fronteira, para dar alerta em caso de incursões dos indonésios. A tarefa era extremamente difícil, todavia, os integrantes do SAS possuíam qualidades extraordinárias. Mais que os de qualquer outro regimento, esses homens tinham a habilidade de operar em terreno hostil por longos períodos, vivendo dos próprios recursos da terra, sem a necessidade de reabastecimento regular. Além disso, como tomaram parte em outras campanhas contra-revolucionárias na região, muitos dos soldados do SAS falavam ou entendiam a língua das tribos fronteiriças, visto que a maioria dos nativos (inclusive muitas das tropas que serviam no local) falavam malaio. Essas qualidades revelaram-se valiosíssimas, pois, na prática, o único meio eficaz de controlar a fronteira consistia em obter o apoio das tribos locais e isto seria feito através de uma programa de conquista de "corações e mentes".

 

Longhouses: habitação típica dos nativos de Bornéu

Com o objetivo de conquistar a simpatia dos nativos, o pessoal do SAS, operando em grupos de três ou quatro homens, chegava nas aldeias durante o dia e mantinha contato com os líderes locais. Os homens do SAS ficam fora das aldeias durantes dias ou semanas até que conquistassem o respeito e a confiança dos nativos. Depois disso eles iam viver com os nativos dentro das longhouses. Viviam por semanas e até mesmo meses, ajudando na plantação, colheita, prestando assistência médica e sempre respeitando os costumes e tradições das tribos e falando o idioma ou dialetos locais. Em troca, os habitantes locais forneciam aos grupos do SAS informações úteis, como, por exemplo, a descoberta de trilhas ou rastros deixados pêlos indonésios na selva. Essas informações eram repassadas para o quartel-general do esquadrão, por meio de radio-transmissores de alta-freqüência, e complementadas por outras informações - sobre pontos de cruzamento da fronteira, trilhas na selva, posições favoráveis para emboscada e pouso de helicópteros -, recolhidas pêlos grupos do SAS nas patrulhas que realizavam em suas áreas de atuação. Essas atividades obtiveram tal êxito que, quando os indonésios iniciaram suas incursões através da fronteira, atacando posições policiais em Tebedu, Sarawak, em abril de 1963, o SAS já havia conquistado a simpatia de muitas das tribos e garantido às forças de segurança um verdadeiro sistema de "olhos e ouvidos" na região, mas devido as suas muitas atividades nas aldeias não estava em condições de bloquear a ação inimiga . Em meados de maio o Esquadrão D foi enviado para a área de conflito para aliviar a carga de trabalho do Esquadrão A.

Nos meses seguintes, os soldados do SAS continuaram com as atividades na fronteira, conquistando simpatia e persuadindo as tribos a apoiá-los, recolhendo informações, detectando e seguindo as incursões inimigas, além de ajudar no treinamento, com auxilio dos gurkhas, de uma força irregular de soldados nativos, chamados "Batedores da Fronteira". essa força foi treinada no uso de armas de fogo e em táticas defensivas. O exército britânico forneceu rifles e munição. Após três semanas do treinamento os nativos retornavam para suas regiões e realizavam patrulhas, conduzidas por pequenas equipes de gurkhas. Entretanto, quando os indonésios aumentaram o número de ataques guerrilheiros, o regimento teve de modificar sua estratégia. Em Hereford o Esquadrão B foi reformado e tornou-se operacional em janeiro de 1964.

No início de 1964, o pessoal do SAS não apenas detectava as incursões inimigas, mas também ajudava os soldados regulares do Exército britânico a interceptar os invasores; a infantaria, a partir das bases avançadas ou transportada até a selva por meio de helicópteros, era conduzida, pêlos homens do SAS, até posições propícias às emboscadas. Depois do ataque indonésio em Kalabakan, a participação das forças armadas indonésias tornou-se mais aberta, e os Esquadrões B e D tiveram o seu poder de fogo aumentado e os soldados do SAS passaram a comandar grupos de emboscada, ou "grupos de matança", na fronteira e até mesmo no interior de Kalimantan, para eliminar o inimigo antes que este pudesse penetrar em território da Malásia. As primeiras patrulhas do SAS usavam uniformes normais do exército britânico e carregaram o rifle automático padrão, o L1A1 SLR de 7,62mm, de modo que se uma patrulha fosse descoberta, ela poderia alegar que tinha se perdido.Mais tarde este procedimento  foi abandonado e o SAS passou a usar armas mais especiais como escopetas e o rifle automático Armalite AR-15 de 5,56mm.

Esses ataques, que eram operações altamente secretas e levavam o nome-código de "Claret", exigiam habilidade e cuidados extremos. Qualquer sinal da presença dos britânicos em território indonésio poderia causar sérios embaraços ao governo de Londres. Afinal, a Grã-Bretanha não estava em guerra com a Indonésia e queria evitar a acusação de instigar o conflito. As missões Claret ficavam, desse modo, limitadas por restrições bem definidas. Somente soldados com grande experiência podiam realizá-las e deviam ser conduzidas pêlos homens do SAS e pêlos Batedores da Fronteira, que faziam o reconhecimento prévio do local a ser atacado. Estavam restritos também em termos de profundidade da penetração - inicialmente até 3 km.

No final de 1964, as indonésios efetuaram ataques dentro da Malaísia , convencendo o governo britânico a liberar as operações de fronteira. As forças de segurança podiam, então, penetrar até 4,5 km no território inimigo. As operações Claret haviam demonstrado ser politicamente admissíveis e militarmente viáveis. Dessa maneira, em dezembro do mesmo ano, quando Walker foi informado da estruturação de uma força divisionária inimiga na parte oeste de Sarawak, autorizou o avanço das missões Claret até um limite de 9 km. Tudo indicava que os indonésios planejavam uma grande ofensiva e Walker acreditava que, ameaçando suas bases avançadas e linhas de comunicação, poderia forçá-los a se concentrar em planos defensivos. De fato, Walker via as operações Claret como um meio de impedir qualquer ofensiva militar pêlos indonésios.

O SASR australiano e o SAS neozelandês também serviram na campanha. O 1 e 2 SBS também era ativo na região, operando especialmente nas zonas litorâneas e as vezes na selva na região da fronteira. Outro trabalho realizado pelo SBS era o de abastecer pelo mar, patrulhas maiores na selva, freqüentemente compostas pelos Gurkhas. O SAS trabalhou de perto com a Guards Independent Parachute Company e com a Gurkha Independent Parachute Company que foi treinada em operações na selva pelo SAS.

Durante dezembro de 1964 e nos primeiros meses de 1965, os grupos de operação Claret receberam ordens de se concentrar fundamentalmente na tarefa de reconhecimento do terreno, um pré-requisito para os ataques, já que o lado da fronteira pertencente a Kalimantan não fora previamente examinado. Assim, grupos do SAS seguiram para a fronteira a fim de identificar as bases indonésias, as rotas de infiltração (as existentes e as possíveis) e as linhas de comunicação fluviais e por terra.

Em abril 1965, os indonésios montaram um ataque a base de uma companhia de pára-quedistas britânicos em Plaman Mapu. O ataque foi repelido, mas dois pára-quedistas morreram por causa dos ferimentos sofridos e outros oito ficaram feridos. Este ataque reforçou a posição ofensiva britânica e foi autorizado que batalhões britânicos e gurkhas cruzassem a fronteira e penetrassem em Kalimantan. Pouco messes depois 100 soldados inimigos foram mortos, contra a perda de apenas 4 homens.

No início de maio de 1965, o general-de-brigada George Lea, que substituíra o general Walker dois meses antes, decidiu que as operações Claret deveriam tornar-se francamente ofensivas. A atuação aliada mostrou-se tão eficaz que as incursões indonésias raramente penetraram muito além da fronteira. Com o passar do tempo, o custo da campanha tomou-se alto demais para a população da Indonésia, em especial para os setores das forças armadas. Faltavam suprimentos e o moral era baixo. A ameaça de uma invasão britânica agravava a crise econômica e abria caminho para grupos que se opunham à diretriz ideológica de Sukarno que em 1965 retirou a Indonésia da ONU e alinhou-se com a China Comunista.

Em 30 de setembro de 1965, uma tentativa de golpe comunista foi suprimida pelo Exército que, na repressão, derrubou Sukarno e matou cerca de 20.000 comunistas. Emergia um novo "homem forte", o general Suharto, que embora discordando da Federação da Malaísia via como inutilidade o confronto armado. Em março de 1966 os indonésios fizeram o seu último ataque e perderam no mesmo 37 homens. Depois deste ataque a Indonésia começou negociações com o Malaísia e um tratado da paz foi assinado em 11 de agosto 1966. 

As tropas britânicas e da Comunidade perderam 114 homens e tiveram 181feridos. Sete homens do SAS morreram, entre estes três veteranos em um acidente de helicóptero. Os indonésios tiveram 590 mortos e 222 feridos (esses foram os dados que puderam ser comprovados). Outros 771 foram capturados.


PATRULHAS NA SELVA

O primeiro objetivo militar britânico, durante a campanha em Bornéu, consistiu na introdução de patrulhas do SAS na selva, durante meses, para colher informações sobre a capacidade, localização e intenções das forças adversárias. A unidade tática básica para essas operações constituía-se de quatro homens. Competiam a cada patrulha três funções básicas: acompanhar a infiltração de guerrilheiros em território aliado, coletar informações da população local e realizar um programa de conquista de . "corações e mentes", destinado a cativar os nativos. 

A eficiência das patrulhas do SAS dependia da habilidade de uns poucos homens bem preparados, todos especialistas em determinada área. Em operações ofensivas, a patrulha padrão do SAS contava, geralmente, com quatro soldados: um médico, um operador de rádio, um soldado que falasse com fluência o idioma local e um especialista em explosivos.

A selva é dura e muito perigosa em tempo de guerra. Uma grande preocupação das patrulhas era não deixar nenhum rastro, as patrulhas deviam ser manter ocultas, pois a clandestinidade era essencial para as missões do SAS. Devia-se caminhar sem deixar marcas,  e a vegetação não podia ser cortada. Quando se moviam os homens do SAS deviam estar calados. Se comunicavam por sinais ou no máximo por sussurros. Alguns homens ainda sussurravam mesmo estando de volta a Inglaterra. A maioria do tempo era dedicado a uma dura rotina; nenhuma luz, conforto ou comida quente. As sardinhas enlatadas ficaram muito populares. 

A nutrição era um grande problema. Por causa da duração das patrulhas um peso máximo para ser transportado foi fixado para manter os soldados em condições de luta. Isso resultou em aproximadamente 22 kg de materiais, sardinhas e comida desidratada etc. nas mochilas. A energia necessária era alto para a quantidade de comida disponível. Os homens perdiam muito peso nas patrulhas e se pareciam com fantasma quando voltavam da selva. 

Mover-se é sempre uma desvantagem na selva. Muitos tempo era gasta procurando escutar sinais do inimigo, às vezes se levava de 20 a 30 minutos nisso. A pressão mental era intensa. A visibilidade muitas vezes não ia além de um par de metros, e qualquer canto de pássaro podia ser uma emboscada inimiga. 

A movimentação pela selva obedecia a um esquema preestabelecido: a patrulha era conduzida por um batedor, com o comandante, o médico e o encarregado das transmissões seguindo a intervalos espaçados. O último homem geralmente portava uma metralhadora GPMG de 7,62 mm ou uma Bren, e os demais, fuzis SLR e M16. As patrulhas de SAS sempre evitaram contato direto com o inimigo, porém, se o contato fosse estabelecido as ordens era quebrar contato o mais cedo possível para viver e lutar outro dia.   

Se era difícil detectar uma patrulha do SAS o mesmo não acontecia com o inimigo. Os indonésios tinham patrulhas de 10 a 50 homens, e em alguns casos até 200 cruzavam a fronteira. Eles deixavam rastros de urina, grama esmagada, pegadas, galhos quebrados e até pontas de cigarros.


"CORAÇÕES E MENTES"

No inicio da campanha em Bornéu, os guerrilheiros da Indonésia tinham todos os trunfos a seu favor: eram conhecedores da selva e seus perigos, sabiam sobreviver com os recursos naturais e obtinham informações e alimentos por intermédio das tribos locais. Incapazes de superar essas vantagens apenas pela atuação militar, as pequenas patrulhas do SAS tiveram de adotar uma solução alternativa. A intenção era desfazer a rede de abastecimento dos guerrilheiros e impedir que usassem os povoados nativos. O caminho para o êxito consistia em ganhar a confiança e a credibilidade dos habitantes locais: a figura-chave para isso era o médico da patrulha, que precisava estar preparado para tudo, desde cuidar de ferimentos a bala até fazer partos. A patrulha chegava a um povoado sem se anunciar e, então, procurava pelo líder. Enquanto conversavam com ele, o médico realizava suas cirurgias. Depois trocavam pequenos presentes; se houvesse algo urgente, os patrulheiros entravam, em contato com a base pelo rádio. Seguia-se uma refeição, durante a qual conversavam mais um pouco, e depois se retiravam. Após uma semana, a patrulha voltava para dar os passos seguintes na conquista da amizade. Tais povoados eram uma fonte valiosa de alimentos, segurança e informações. Com esses recursos, o SAS poderia concentrar-se na destruição das forças guerrilheiras que operavam na selva.


Soldado gurkha

Fuzileiro naval indonésio

Royal Gurkha Rifles

Que o Exército britânico possa contar com a assistência dos batalhões de fuzileiros gurkhas — constituídos basicamente de nativos das montanhas do Nepal — é traço significativo da herança colonial. Estes pequenos guerreiros são conhecidos como uma das mais terríveis tropas de assalto do Exército Britânico muito mais por sua tenacidade nata em combate, usando inclusive as suas temidas facas "kukri", do que por eventuais equipamentos que empreguem. O primeiro contato dos britânicos com os gurkhas, na condição de inimigos, ocorreu na Guerra do Nepal (1814-16). No conflito, certo respeito mútuo cresceu entre os oponentes. Cessadas as hostilidades, os gurkhas ofereceram apoio aos britânicos. A oferta demorou a ser aceita, mas no final do século XIX os batalhões de gurkhas já eram unidades respeitadas nas Forças Armadas britânicas. Na Primeira Guerra Mundial cerca de 100.000 gurkhas serviram no exército britânico e lutaram na França, Mesopotâmia, Pérsia, Egito, Gallipoli, Palestina e Salonika. Eles ganharam duas Cruzes de Vitória (VC - Victoria Cross). Na Segunda Guerra Mundial, os gurkhas formaram cerca de 40 batalhões com 112.000. Eles lutaram lado-a-lado com tropas britânicas e da Comunidade na Síria, Deserto Ocidental, Itália, Grécia, Malásia, Singapura e Birmânia. Receberam um total de dez VC.

Apesar de todas as glórias conquistadas no conflito de 1939-45, o futuro dos gurkhas parecia incerto quando eles retomaram dos campos de batalha. O relacionamento especial dos gurkhas com a Inglaterra e com a Índia era único e parecia ameaçado ante a iminência da separação dos dois países, em 1947. Antes, porém, de dispensar suas unidades, preferiu-se enviar seis delas para a índia. As outras quatro — 2° Regimento de Fuzileiros Gurkhas do Rei Eduardo VII (Simoor Rifles, dois batalhões), 6º Regimento de Fuzileiros Gurkhas da Rainha Elizabeth, 7.° Regimento de Fuzileiros Gurkhas do Duque de Edimburgo e 10.° Regimento de Fuzileiros Gurkhas da Princesa Mary — permaneceram a serviço da Grã-Bretanha. Esses quatro regimentos da Brigada Gurkha foram enviados para a Malásia, onde, em 1948, estabeleceram seus quartéis-generais. Logo começaram a atuar na repressão ao levante comunista. Suas técnicas de combate na selva, aprimoradas nos doze anos de guerra aos comunistas chineses na Malásia, foram postas em prática novamente no conflito em Boméu. Nessa ilha os gurkhas defenderam o território contra a expansão da Indonésia, ganhando a Cruz da Vitória por sua atuação na campanha. 

Entre 1967 e 1972 a Brigada Gurkha foi reduzida de 14.000 para 8.000 homens, devido as mudanças dos compromissos de defesa da Grã-Bretanha que tinha sido reduzidos. A base da Brigada Gurkha foi transferida da Malásia para Hong Kong com alguns batalhões também estacionados no Reino Unido e Brunei. Em 1974 os gurkhas foram enviados para Chipre para reforça a presença britânica, quando a Turquia invadiu a ilha. Um batalhão gurkha, o 7th Gurkha Rifles, tomou parte na campanha das Falklands. Seguiu-se mais reestruturações e a retirada da guarnição de Hong Kong, e o número de soldados gurkhas foi reduziu para 3.400. O Quartel-General da Brigada Gurkha, a Asa de Treinamento de Recrutas e Banda Marcial foram transferidos para o Reino Unido. Os quatro Regimentos de Fuzileiros Gurkhas foram reformulados para formar uma unidade maior, com dois batalhões regimentais, o Royal Gurkha Rifles. Um batalhão está baseado no Reino Unido em Sir John Moore Barracks em Folkestone, Kent e o outro está baseado em Brunei. Os gurkhas também tem três companhias reforçadas que servem no 1 Royal Scots, 1st Battalion the Princess of Wales Regiment e no 2nd Battalion the Parachute Regiment. Eles também possuem duas companhias de demonstração, uma na Royal Military Academy Sandhurst e outra no Infantry Training Centre Wales. Além disso a Brigada posse três Corpos reforçados (Engenheiros, Sinaleiros e Logístico) que estão baseados no Reino Unido. Apesar do fim do império e do fim da Guerra Fria, os gurkhas continuam ligados ao cenário militar britânico, como combatentes e como soldados cerimoniais — eventualmente ocupam um lugar de honra junto à guarda do Palácio de Buckingham. Os gurkhas lutam também  na Guerra do Golfo, Bósnia, Kosovo, Timor Leste, Serra Leoa e Afeganistão.

Devido ao fato de a Indonésia compreender uma miríade de ilhas espalhadas por vasta porção de oceano, é inevitável que suas Forças Armadas tenham significativa capacidade anfíbia. Na década de 80 existiam dois regimentos (seis batalhões) de fuzileiros navais e o Corpo de Fuzileiros Navais da Indonésia (Korps Komando Operasi, KKO), equipado com tanques leves e transportes blindados de tropas e suplementado por várias unidades de apoio (num total de 12.000 homens), tudo isso envolvido em uma aura de elitismo. Sob o comando nominal da Marinha, que fornecia os navios de desembarque necessários e o fogo de apoio, os fuzileiros constituíam-se em parte integrante, juntamente com outros elementos da Tentara Nasional Indonésia (Forças Armadas Indonésias), de um Comando Estratégico Nacional, designado para a defesa das ilhas-pátria. Conhecidos pelo duro treinamento e agressivo espírito de combate, os fuzileiros da Indonésia deveriam ser uma força efetiva, capaz de desempenhar ações rápidas e decisivas.
Entretanto, as missões anfíbias das unidades acabaram por ser suplantadas por outras responsabilidades em terra firme, particularmente operações ofensivas em difíceis condições. Na maioria das nações, essa condição é conseqüência natural da falta de oportunidades para levar a efeito desembarques anfíbios, mas, no caso da Indonésia, pode refletir algo mais. Devido à posição dominante do Exército na política Indonésia, particularmente depois do golpe de 1965 que depôs o presidente Su-karno, a Marinha jamais teve consideradas as prioridades que merecia, inclusive ficando em segundo plano na escolha de novos equipamentos. Isso afetou os fuzileiros, que, apesar da capacidade de combate, nunca mais foram empregados em missões anfíbias, até mesmo quando a campanha exigia esse tipo de operação. Nas guerras aos holandeses, na Nova Guiné Ocidental (1962), e à Frente Timorense de Libertação Nacional (Fretilin), no Timor Oriental (1975), os assaltos iniciais às ilhas couberam aos pára-quedistas do Exército, e os fuzileiros ficaram à espera de ser lançados em escaramuças posteriores.
Essa condição refletiu-se claramente na confrontação com a Grã-Bretanha e a Malaísia em Bornéu (1963-66), toda ela desenvolvida no interior de densa floresta, a muitos quilômetros do mar. Esta seria talvez uma área onde a utilização de fuzileiros navais não constituiria escolha correta, mas muitos deles foram empregados desde o início para transmitir seus conhecimentos militares a grupos de "voluntários" cuja missão era sustentar reides através da fronteira contra as colônias britânicas de Sarawak e Sabah (Bornéu do Norte).
Apesar da vantagem da surpresa, o primeiro desses reides, que pegou os britânicos desprevenidos em 12 de abril de 1963, na cidade de Tebedu (em Sarawak), foi logo contido, forçando os indonésios a empregarem no conflito tropas de seu Exército designadas para reorganizar grupos de voluntários em novas incursões e reides, particularmente depois da decisão de Sukarno de aumentar a escalada dos combates em setembro de 1963, em resposta à formação da Federação da Malaísia.
A tarefa dos fuzileiros não era fácil. Os voluntários provinham de vários grupos étnicos e nem todos estavam ali por vontade própria. O tempo alocado para treinamento era incrivelmente curto e a maioria dos homens não se adaptava às duras condições da luta na selva. Apesar de os fuzileiros serem duros oponentes, suas perdas para as forças britânicas e malaísias, superiores em tática e mobilidade, foram desproporcionais. Em reides contra Sabah, no fim de dezembro de 1963, por exemplo, uma força de voluntários liderados por 35 fuzileiros viu-se isolada e desbaratada por tropas gurkhas: apenas catorze fuzileiros sobreviveram.
Essas incursões declinaram em importância e impacto após abril de 1964, depois que os indonésios ampliaram sua campanha para além de Bornéu, iniciando uma série de desembarques nas costas de Cingapura e da Malaísia. O fato de os fuzileiros não terem sido mais uma vez totalmente utilizados nessa nova fase do conflito (os desembarques foram levados a efeito por grupos de voluntários em conjunto com soldados do Exército) apenas confirma que nunca se explorou completamente seu potencial anfíbio. Não restam dúvidas de que os fuzileiros navais da Indonésia sempre demonstraram ser uma força eficiente, mas, por longo tempo, pareceram ter adotado as funções de uma tropa terrestre de elite, com a especialização que sua designação exprime, ocupando posição subordinada. O Exército da Indonésia, tendo para si todas as prioridades, organizou sua própria força anfíbia, denominada Paracomandos, e a opera de forma completamente independente de sua similar da Marinha. 


Armas usadas pelos britânicos na Campanha de Bornéu

 

Armalite AR15  5,56mm

O  fuzil de assalto semi-automático AR-15 de 5,56 mm (chamado de M16 nas Forças Armadas dos EUA), foi comprado pelo Exército britânico no início dos anos 60 da Armalite Corporation. O versátil e leve AR-15 ficou popular entre o SAS e os gurkhas durante a confrontação com os indonésios - em geral mais usado que o SLR de 7,62 mm - e teve seu número aumentado no arsenal de armas do Exército britânico desde então (a maioria deles, do tipo M16, em contraste com o M16A1, que era a arma padrão do Exército americano). O SAS adotou esta arma e suas demais versões, entre ela a "Colt Commandos", em conflitos posteriores como Aden, Oman, Falklands e Guerra do Golfo. O calibre 5.56mm é mais leve e menos potente que o 7,62mm, mas tornou a estrutura do fuzil AR-15 mais leve. Ainda que o cartucho 5.56 mm seja menos fatal, cumpre seu objetivo: inabilitar o inimigo. Um soldado ferido tem que ser carregado por pelo menos dois outros soldados, criando um problema logístico para o adversário.

 

L1A1 SLR
7.62mm 

L1A1 osazená dalekohledem

O fuzil L1A1 SLR (Self Loading Rifle) de 7,62 mm é a versão britânica do rifle belga FN FAL (Fuzil Automático Leve). O SLR entrou em operação nos últimos anos da década de 50 e tornou-se a arma standard da infantaria. O SLR era muito apreciado pelos soldados pois era robusto e digno de confiança, com um alcance efetivo superior a 600 metros.

L7A2 GPMG
7.62mm 

univerzální kulomet L7A2

Conhecida pelos soldados britânicos como
" jimpy " é a versão britânica da metralhadora belga FN MAG. O raio efetivo da GPMG é de 800m. É operado normalmente por dois soldados. A GPMG é usada para prover fogo de suporte.

L4A4 Bren Light Machine Gun


L4A4 - Bren

A Bren é originária da Segunda Guerra e depois da guerra foi convertida para o calibre 7,62 da OTAN e recebeu a designação L4A4.

9mm L2A3 Sterling SMG 9mm 

samopal L2A3

A submetralhadora Sterling foi adotada em 1954 pelo Exército britânico, no lugar da antiga
submetralhadora Sten. A Sterling era normalmente usada por tropas que necessitavam de armas portáteis leves, como os membros dos destacamentos de carros de combate, engenheiros, artilheiros e pelas forças especiais, no caso britânico, principalmente o pessoal do SAS e do SBS que normalmente a usavam com um grande silenciador.

Claymore Mine

Desenvolvida depois da Guerra da Coréia, a mina Claymore tem sido muito usada pelas forças especiais. A Claymore é uma arma de fragmentação direcionada, que leva uma pequena carga cercada por centenas de bolas de aço. Na detonação da mina, as bolas são disparadas em um arco de 60 graus e, certamente, vão matar qualquer pessoa que esteja a uma distância de 50 metros. A arma também pode atingir pessoas a uma distância de 250 metros. Colocada contra um objeto sólido como uma árvore ou um prédio, a Claymore é usada em emboscadas e pode ser detonada a mais de 33 metros de distância.


INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES  

Indonésia

 

   
 
      


Nome Oficial: Indonésia
Capital:
 Jacarta
Idioma:
 indonésio (oficial), línguas regionais (principal: javanês)
Data Nacional:
 17 de agosto (Independência)
Nacionalidade:
 indonésia
Moeda:
 RÚPIA
Tipo de Governo:
 República presidencialista
Religião:
 islamismo 87,2%, cristianismo 9,6%, hinduísmo 1,8%, budismo 1%, outras 0,4% (1990)

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A Indonésia é o mais extenso arquipélago do planeta, com 17,5 mil ilhas dispersas ao longo de 5 mil km no oceano Índico, no sudeste da Ásia. Há no país dois importantes ecossistemas. No oeste, a flora e a fauna têm características semelhantes às do Sudeste Asiático, com florestas tropicais onde ainda existem elefantes, orangotangos e tigres. No leste, o meio ambiente lembra o da Oceania. Em Irian Jaya, por exemplo, existem cangurus e outros marsupiais. Com 212 milhões de habitantes, o país é o quarto mais populoso do mundo. Boa parte trabalha na agricultura e cerca de 60% vivem na ilha de Java. A população é heterogênea: são 300 grupos étnicos que falam mais de 500 línguas e dialetos. A imensa maioria é muçulmana. Bali, um dos principais centros turísticos da nação, tem o hinduísmo como religião principal. Nas ilhas Moluccas, os cristãos compõem 9% da população. Antes da predominância islâmica, o arquipélago teve importantes comunidades budistas. Um vestígio desse período é o Templo de Borobudur. A diversidade de povos e culturas tem estimulado conflitos e reivindicações separatistas que ameaçam a integridade territorial do arquipélago. Na esteira da independência da antiga colônia portuguesa de Timor Leste, reconhecida pela Indonésia em 1999, uma onda de violência separatista e religiosa atinge a província de Aceh e as ilhas Moluccas. O presidente, Wahid, tenta negociar maior autonomia regional, evitando a independência. Mas defronta com a resistência do comando militar, favorável ao estado centralizado. A economia da Indonésia - baseada na exploração de petróleo, estanho e gás natural liquefeito, além da produção de componentes eletrônicos - se recupera após a crise financeira asiática de 1997, graças à retomada das exportações.

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 HISTÓRIA - Dominada pela Índia no início da era cristã, a Indonésia é islamizada a partir do século XV por mercadores gujarati, hindus convertidos pelos persas ao islã. No século XVI, os portugueses estabelecem entrepostos comerciais em algumas regiões do arquipélago. No século seguinte se torna colônia da Companhia Holandesa das Índias Orientais. O nacionalismo indonésio ganha impulso no início do século XX. Uma rebelião liderada pelo partido comunista indonésio (PCI) explode em 1926 e é sufocada no ano seguinte. Independência - O Japão ocupa as ilhas em 1942, durante a II Guerra Mundial. Em 17 de outubro de 1945, o líder nacionalista Sukarno proclama a independência. Depois de quatro anos de guerrilha, os holandeses reconhecem a separação. O país é concebido como uma federação em que cada estado tem alto grau de autonomia. Em agosto de 1950, entretanto, Sukarno dissolve a federação e centraliza o poder. Ao mesmo tempo, desenvolve uma política externa independente em relação aos EUA e à União Soviética (URSS) e torna a Indonésia, em 1955, um dos fundadores do Movimento dos Países Não-Alinhados. Em 1965, o tenente-coronel Untung, ligado ao PCI, lidera uma tentativa de golpe. Oficiais matam seis generais. É o estopim para que o alto comando das Forças Armadas, com o apoio de muçulmanos e anticomunistas, sufoque a revolta. Estima-se que 300 mil pessoas tenham morrido na repressão. Em 1966, Sukarno é forçado a transferir o poder para os militares, liderados pelo general Suharto, declarado presidente em março de 1968. Ditadura - Suharto dirige ditatorialmente o país e cria o Secretariado Conjunto de Grupos Funcionais (Golkar), na prática um partido governista. O Golkar conquista a maioria na Câmara dos Representantes em 1971, nas primeiras eleições gerais desde 1955. Suharto vence todas as disputas eleitorais a partir de então, graças a um rígido controle das instituições sociais e políticas. O governo beneficia a expansão de empresas e negócios ligados a familiares e amigos do ditador. Crise econômica - A expansão da economia da Indonésia é abalada em 1997 pela crise financeira na região. A rúpia se desvaloriza quase 100% em um ano e o PIB cai 14% em 1998. O país negocia com o FMI um empréstimo de 43 bilhões de dólares. Em troca, o FMI exige o desmantelamento dos monopólios estatais, o controle de gastos públicos, o fim do favorecimento a aliados de Suharto, entre outras medidas. O ditador resiste ao pacote. Um novo acordo com o FMI, em abril, que prevê aumentos nos preços das passagens de ônibus e da gasolina, é o estopim de violentos protestos. A repressão policial deixa cerca de 500 mortos. Os EUA pressionam para a renúncia do ditador. Em maio de 1998, Suharto transmite o poder ao vice-presidente, B.J. Habibie, que realiza eleições diretas para o Legislativo em junho. Vence o Partido Democrático Indonésio (PDI), de Megawati Sukarnoputri, filha do ex-presidente Sukarno, que conquista 154 cadeiras.

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Continente: ÁSIA
Localização: 
sudeste da Ásia
Área: 
1,948,732.00 Km2
Principais Cidades: 
Jacarta (aglomerado: 11.500.000 em 1995; Cidade: 9.160.500 em 1995); Surabaya (2.743.400), Bandung (2.429.000), Medan (1.942.000), Palembang (1.394.300), Semarang (1.366.500) (1996)

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Total da População (Est. Jul/2001)228,437,870  
Composição Étnica: 
javaneses 45%, sundaneses 14%, madureses 8%, malaios litorâneos 8%, outros 25% (1996)
Mortalidade Infantil: 
203.7
Expectativa de Vida: 
63/67
H/M
Analfabetismo: 
13
IDH: 
0.67

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